Após atualizar sistemas, Itaipu prevê 1ª parada de unidade geradora para modernização em 2026

Após atualizar sistemas, Itaipu prevê 1ª parada de unidade geradora para modernização em 2026

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A cinquentona “Pedra que canta” – significado de Itaipu em Tupi-Guarani – nome dado à maior usina hidrelétrica em produção de energia acumulada do mundo, está passando por processo de modernização que deverá durar até 2036. Com 51 anos de existência (criada em 1974) e 41 anos em operação (desde 1984), a companhia binacional, fundada e administrada em conjunto entre Brasil e Paraguai, possui 20 unidades geradoras, o total de 14.000 MW de potência instalada e forneceu, em 2024, 6,7% da energia consumida no Brasil e 77,9% no Paraguai.

Atualmente, a hidrelétrica está passando por um processo de modernização chamado de Plano de Atualização Tecnológica, com cerca de US$ 670 milhões em investimentos já contratados. O plano começou a ser executado em maio de 2022 e prevê 14 anos de serviços.

A atualização tecnológica contempla a substituição de sistemas de controle e proteção da usina, dentre eles os das 20 unidades geradoras, da subestação isolada a gás, das comportas do vertedouro e da barragem, além da troca dos serviços auxiliares da usina e sistemas de emergência. Segundo a companhia, a parada da primeira unidade geradora está prevista para 2026, após uma série de trabalhos preliminares que vêm sendo executados.

O processo prevê também a modernização da Subestação da Margem Direita, subestação que recebe a energia produzida pelas unidades geradoras de 50 Hertz, que abastecem os sistemas elétricos do Brasil e do Paraguai – as unidades geradoras de 60 Hertz abastecem somente o sistema brasileiro.

A gerente Executiva do Plano de Atualização Tecnológica na Itaipu Binacional, Renata Tufaile, contou em entrevista à revista O Empreiteiro, em um podcast especial sobre a usina, como começou esse processo de modernização.

“O que nos motivou para este plano, é que começamos a nos preocupar com peças de reposição devido à evolução tecnológica, porque quando Itaipu foi construída na década de 70, a tecnologia era analógica, hoje é digital. As turbinas e os geradores não serão atualizados nesse projeto, mas seus sistemas periféricos sim. Com este objetivo começamos a prospectar o projeto e traçamos um plano de atualização”, contou Renata.

A gerente também detalha que, como o projeto tem uma previsão de 14 anos de duração, com expectativa de finalização em 2036, está sendo executado em fases.

“Nesses primeiros quatro anos do projeto, estamos vivenciando a fase que moderniza o controle centralizado, que é o sistema de controle que monitora as 20 unidades geradoras. E na sequência, o planejamento é atualizarmos os sistemas de controle e proteção de duas unidades por ano. Hoje, já estamos executando o controle centralizado, e construindo duas Salas Seguras, uma em cada frequência -– sendo uma sala de 60 hertz e outra de 50 hertz, onde estarão todos os servidores do sistema SCADA (Supervisory, Control And Data Acquisition), e da Rede de Tecnologia da Automação, que é uma rede industrial exclusiva para operação de todo o sistema digital”, explica Tufaile.

Ao lado da Sala Segura será construída uma sala de baterias, que visa dar mais confiabilidade a todo o sistema. “Para tentar exemplificar nosso Plano de Atualização Tecnológica, imaginem um carro, onde antigamente a velocidade e demais informações eram indicadas com os ponteiros analógicos, e agora, tudo é indicado em um painel digital em que você pode, inclusive, controlar pelo celular. Neste caso da usina, é a mesma situação, vamos manter os mesmos ‘motores’, porém vamos digitalizar esse controle e monitoramento.”

Todo o escopo do projeto de atualização dos sistemas de controle e proteção da usina está sendo executado pelo Consórcio Modernização de Itaipu (CMI), formado pela empresa brasileira GE Vernova, e pelas empresas paraguaias CIE e Tecnoedil, ganhadoras do processo de licitação binacional.

INOVAÇÃO CONTÍNUA

De acordo com a gerente de execução do plano, todos os projetos estão sendo feitos em BIM (Building Information Modeling – Modelagem da Informação da Construção). “Inicialmente foi feito o escaneamento em 3D de toda a usina, o que além de poder ser utilizado futuramente para outros fins, atualmente já facilita muito os trabalhos, pois com todas essas informações podemos resolver todas as interferências possíveis, visualizando se os equipamentos vão caber naquele espaço,”, ressaltou Renata, acrescentando que ainda não foi gerado um gêmeo digital da usina.

Segundo Renata, o trabalho de escaneamento tridimensional a laser para obtenção dos modelos tridimensionais da usina, utilizando BIM, já foi finalizado e durou nove meses. O serviço foi realizado pela empresa BIM Start, subcontratada do CMI. O escaneamento foi realizado em todas as cotas da casa de força, vertedouro e barragem.

Sobre o futuro após o Plano de Atualização, Renata acrescentou que a modernização terá que ser contínua. “A tecnologia hoje tem um ciclo mais curto que a analógica, a gente percebe isso porque o nosso sistema que era analógico está funcionando há 41 anos, mas, o digital não vai ter essa vida útil tão longa. Então, a atualização dos sistemas vai entrar na rotina da empresa. Itaipu ainda continuará na vanguarda”, concluiu.

Renata Tufaile – Gerente
do Projeto de Atualização
Tecnológica da usina


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