A localização da arena na região central de São Paulo é o principal motivo para se acreditar no seu sucesso; as obras em andamento atestam a convicção da construtora
Augusto Diniz
O local onde está sendo erguida a Nova Arena, nome oficial dado ao novo estádio do Palmeiras em caráter multiuso, fica em bairro central de São Paulo (entre Barra Funda e Perdizes), com acesso relativamente fácil de quem vem de outros bairros da cidade e meios de transporte próximos disponíveis acima da média (metrô, trem e diversas linhas de ônibus). Além disso, o espaço encontra-se em uma zona mista nobre de residências e comércios e serviços na medida certa – dois grandes shoppings centers estão a poucos metros de distância. Isso tudo agrega à edificação virtudes únicas.
Não à toa a WTorre, empresa que fechou acordo com o Palmeiras para construir a arena e depois operá-la, em um total de 30 anos de exploração do local, tem usado essas características singulares do bairro em que está o empreendimento para promovê-lo — nesse aspecto, destaca-se que os seus dois outros concorrentes diretos, tanto o Morumbi (pertencente ao São Paulo) como o Itaquerão (Corinthians), são arenas multiuso e localizadas fora do eixo central da cidade e de acesso mais difícil, principalmente em dias de semana.
A Nova Arena, portanto, explorará todo esse potencial para não somente atrair público em dia de jogos, mas também para outras atividades, como espetáculos diversos e convenções e encontros empresariais, e, assim, garantir alta rentabilidade. O estádio está sendo erguido para atender a esta condição, inclusive também contando com restaurantes, bares, lojas e um museu.
POLÊMICA NA DEMOLIÇÃO
O trabalho de demolição do antigo estádio existente (popularmente conhecido como Parque Antárctica), onde hoje está sendo erguida a Nova Arena, já foi encerrado. Preservou-se 20% da arquibancada localizada na altura da avenida Francisco Matarazzo. Explica-se: o alvará da prefeitura de São Paulo para as obras do novo estádio do Palmeiras esta relacionado à reforma e não a novo empreendimento. A WTorre, porém, tenta ainda a autorização para fazer a demolição total, o que representaria encurtamento do cronograma de obras e também de seu custo.
Mas caso não seja aprovada a demolição total, a construtora anunciou que criará uma estrutura por cima da antiga, que receberá reforço estrutural, para posicionamento da nova arquibancada, seguindo as dimensões de inclinação, altura e largura do restante da arquibancada do estádio.
O material fruto da demolição foi britado e usado em vias de serviço dentro do estádio. Parte também está sendo usado como pré-base de piso definitivo da arena. Já o aço proveniente da demolição tem sido separado e levado para reciclagem.
Com relação às fundações do novo estádio, 50% já foram realizadas. O trabalho está sendo executado em estaca hélice, com 18 a 20 m de profundidade. As armações da fundação possuem 6 m de diâmetro. A previsão de término do trabalho de fundação é em maio, informa o engenheiro Eduardo Losi de Moraes, gerente de projeto da WTorre Engenharia, que nos acompanhou na visita às obras ao lado do Cláudio Pellicciari, gerente de obra da WTorre Engenharia.
Atualmente, cinco caixas de escadas, moldadas in loco, de acesso ao interior do estádio, com altura de 40 m cada (os elementos mais altos da arena), estão sendo erguidas em pontos extremos do perímetro do estádio.
Para a estrutura das arquibancadas, serão utilizadas peças pré-fabricadas, incluindo pilar, laje e viga. A estrutura da arquibancada será apoiada em 66 eixos transversais circundando o estádio, sendo que cada eixo possuirá sete pilares de até 38 m (alguns já foram estaqueadas ao solo), perfazendo um total de 462 pilares em toda estrutura.
Em fevereiro, será aumentado o ritmo de montagem de pré-fabricados das estruturas da arquibancada. Cinco gruas auxiliarão nos trabalhos.
A cobertura da Nova Arena será de estrutura metálica, com telhas zipadas. A montagem começará em agosto. A previsão é terminar a colocação dos pré-moldados da arquibancada junto com a cobertura.
PADRÃO FIFA
O estádio seguirá o padrão Fifa e terá 45 mil lugares, divididos em arquibancadas superior e inferior. Os 166 camarotes da Nova Arena, com capacidade para 2 mil pessoas, ficarão localizados entre as arquibancadas superior e inferior e ainda no topo da arquibancada superior.
A fachada em torno do estádio deve ser coberta de alumínio ou aluzinco.
Para construção do novo estádio, o campo do antigo Parque Antártica precisou mudar de lugar, principalmente para caber um módulo de arquibancada atrás do gol onde ficam as piscinas do clube – antes, esta era única parte do antigo estádio Parque Antártica que não existia arquibancada justamente devido à falta de espaço.
No lado oposto, no outro gol, a arena terá flexibilidade para montagem de palco para shows, com estrutura tubular específica sobre ele para atender sistemas de som e luz, tanto para grandes como pequenos públicos.
A montagem de palco para espetáculos não será feita sobre as quatro linhas do gramado para não afetá-lo, e terá face dupla – um lado voltado para reduzida parte da arquibancada para atender pequenos públicos (até 15 mil pessoas), e outra para boa parte das arquibancadas e, portanto, grandes públicos (até 60 mil pessoas; nesse caso, com uso da área do campo) – esse formato é o grande trunfo da WTorre para manter atividades permanentes na arena, além de partidas de futebol.
O prédio de mídia, a ser erguido fora da projeção do estádio, mas faceado com o mesmo, possuirá seis pavimentos e 15 mil m². Os novos vestiários do estádio – total de 500 m² – ficarão embaixo do prédio de mídia.
EDIFÍCIO-GARAGEM
Um edifício-garagem será construído utilizando pré-fabricados. O estacionamento terá 10 pavimentos, para 1mil vagas. No topo do prédio do estacionamento, haverá um restaurante voltado para o interior do estádio. Mais 500 vagas estão previstas de serem criadas debaixo da estrutura das arquibancadas.
Para o edifício-garagem, executa-se atualmente a contenção em parede cortina e armação dos blocos de fundação.
Com o objetivo de atender o aumento de tráfego de veículos na avenida Francisco Matarazzo, principal artéria que passa ao largo do novo estádio do Palmeiras, e que dá acesso à rua Padre Antônio Tomás, entrad
a ao edifício-garagem da arena, a construtora executará nova faixa de rolamento na avenida. Ela será somente construída no sentido avenida Pompéia–avenida Antártica. Assim, a via passará a ter três faixas para carros e uma de ônibus. O canteiro central da Matarazzo será reduzido para se fazer o alargamento da via.
LOGÍSTICA
De dia, por conta da restrição de tráfego na região central de São Paulo, o canteiro de obras somente recebe caminhões betoneira e basculante, mesmo assim com restrição, de 5h às 16h. Cerca de 30 caminhões desse tipo entram no canteiro de obras todos os dias.
Os caminhões de grande e médio porte tem circulação livre na cidade de 21h às 5h, de segunda a sexta-feira. No final de semana, eles não podem circular somente de 10h às 14h.
Assim, aço e pré-fabricados chegam na arena à noite, por carretas. O veículo deixa o semirreboque para descarregamento pela manhã e sai antes do amanhecer com semirreboque vazio que no dia anterior sofreu descarregamento.
Cinco carretas chegam por dia ao canteiro de obras da nova arena do Palmeiras. Quando iniciar a construção da cobertura, mais cinco carretas deverão chegar por dia ao canteiro de obras.
O antigo campo de futebol tem sido usado como área de descarregamento e estocagem de material devido ao espaço reduzido do terreno do entorno do estádio.
CONTRAPARTIDA
A construtora responsável pela Novo Arena teve que construir edificações no entorno da arena e dentro da área do clube do Palmeiras, que antes integravam a estrutura do estádio, para cumprir o acordo de exploração do local.
Vestiários de sócios, que antes ficavam no perímetro do estádio, com total de 1.500 m², foram erguidos e entregues no ano passado em uma área do clube.
Um prédio administrativo, composto também com áreas multiuso para ginástica, judô e balé, medindo 12 mil m², estava previsto de ser entregue em fevereiro.
Ainda um prédio de quadras – com três pavimentos – de 12 mil m² também estava previsto de ser entregue neste mês. O térreo deste espaço terá um ginásio com 500 lugares; o primeiro e segundo andares terão quadras poliesportivas cobertas; e no terceiro piso, a céu aberto, será montado campo de futebol society. A fachada é coberta de aluzinco. Quando esta edificação for entregue, um anexo com áreas de esporte, que ainda está de pé e fica exatamente atrás da arquibancada preservada da demolição, será colocado abaixo.
Ambos os prédios (administrativo e de quadras) são de estrutura metálica, com pilar misto (aço e concreto). O uso de estrutura metálica no prédio de quadras foi para atender aos altos vãos de cada piso (15 m no primeiro e 12 m nos outros dois). Já o prédio da administração foi feito de estrutura metálica para atender prazo.
FICHA TÉCNICA – NOVA ARENA
• Custo: R$ 330 milhões
• Entrega: setembro/2013
• Capacidade: 45 mil pessoas
• Operários: 600 (fevereiro/2012) +
300 (a partir de agosto/2012) = 900
• Projeto: Edo Rocha
• Construtora: WTorre
• Concessão: WTorre, em parceria com a operadora AEG
(30 anos, incluído o período de obras)
• Fornecimento da estrutura de aço: Usiminas
• Projeto e montagem da cobertura: Usimec
Fonte: Padrão