São Paulo mergulha novamente no caos após chuvas fortes, com pane nas
linhas telefônicas de bombeiros e policiais, enquanto Santa Catarina revive clima
de medo por conta de enchentes e ventos de 100 km
De novo a culpa é da natureza. No dia 9 de setembro, a capital paulista registrou 62,6mm de precipitação até as 15 horas. Nunca no histórico pluviométrico da cidade chovera tanto num dia de setembro, ainda inverno, piorado com a pane nas centrais telefônicas da Telefônica que emudeceram a cidade, apanhando de surpresa o Corpo de Bombeiros e a Polícia, quando mais se precisava. O fenômeno climático ocorreu em paralelo com nova tragédia em Santa Catarina, em que ventos de mais 100km por hora devastaram a cidade inteira de Guaraciaba, além vendavais e temporais na região nos estados de Paraná e rio Grande do Sul atingindo 270 mil pessoas. O que há de comum entre eles, além do fenômeno climático atípico?
Em São Paulo, grande metrópole, enquanto as águas sobem, as vias inundam e os carros param, gerando um caos em efeito dominó. Mas problemas que estavam passando desapercebidos também emergiram com a água, como o lixo parado em diversos pontos da cidade.
O rio Tietê transbordou novamente, após quatro anos da execução do aprofundamento do leito do rio e com metade da último grande índice pluviométrico registrado na cidade, de 140,4 milímetros, de acordo com o Instituto Nacional de Meterologia (Inmet), apesar da negativa dos órgãos públicos.
Ambientalistas aproveitaram o momento para questionar as obras de ampliação da Marginal Tietê, que eliminaram 18,9 hectares de área que ajudavam a drenar a água. A questão é inclusive motivo de ação pública movida pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IA B), que teve a assinatura de 450 arquitetos.
"O projeto desconsidera o investimento feito para a recuperação dos taludes do Tietê por meio de um projeto paisagístico que incluiu o plantio de árvores. Esses locais agora vão virar pista de rolamento. Dentro de cinco anos, o rio vai começar a transbordar como ocorria antes do rebaixamento da calha", disse o urbanista Vasco de Mello, do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio de São Paulo (Conpresp).
Pelo projeto da obra, haverá uma perda de 28,8 hectares de áreas permeáveis, e um ganho de 9,9 hectares por conta de ajustes prometidos pelo governo. Os canteiros centrais que separam as pistas expressas e locais irão desaparecer, inclusive com a retirada de árvores. O governo se compromete a preservar as regiões de várzea do rio, para ajudar a reduzir a vazão.
Já em Santa Catarina, não há certeza se o motivo dos ventos de mais de 100 km por hora seriam resultado de um tornado que ocorreu na Argentina. A cidade de Guaraciaba foi a mais atingida, com 10,6 mil habitantes. O Rio Grande do Sul o mau tempo afetou 32 municípios. No Paraná, a chuva prejudicou 58 cidades e há risco de transbordamento em vários rios nessas regiões. O medo atinge regiões catarinenses que ainda que tenta se reerguer da catástrofe das chuvas ocorrida no ano passado, como o Vale do Itajaí. É um duro golpe para o estado, e um alerta de que a Defesa Civil precisa ser equipada para enfrentar fenômenos climáticos e naturais, cada vez mais intensos e trágicos.agosto, em Vitória (ES)
Fonte: Estadão