O aparecimento daquela mancha de óleo no campo de Frade, litoral fluminense, no dia 7 deste mês, não poderia, de imediato, acender todos os sinais de alerta. Mas, foi adquirindo proporções e se constatou, ao final, não se tratar de um pequeno vazamento. Nada comparável àquela ocorrência ambiental do golfo do México, mas alguma coisa que não poderia ser considerada como fato corriqueiro nas operações de perfuração de um poço em águas profundas.
No começo, a americana Chevron tentou jogar areia – ou água do mar – nos olhos da imprensa e dos ambientalistas, colocando o caso como decorrência natural dos trabalhos que ali se processavam. Mas a mancha não era tão pequena assim. Ela própria estimaria que o volume de óleo vazado poderia ser da ordem de 2,4 mil barris, o equivalente a 381,6 mil litros. Já a Agência Nacional de Petróleo (ANP) calculava isso um pouco mais alto: 3 mil barris.
Seja qual for o volume de óleo que escapou do poço e chegou à tona, os estragos foram grandes para o meio ambiente e provocaram graves preocupações internacionais. Desastre desse tipo não pode ficar na conta de acidente natural, por mais que o sítio onde ele ocorreu tenha características geológicas adversas. Sobretudo por isso, os trabalhos de sondagens deveriam ter sido mais rigorosos e os cuidados, no poço e em torno dele, deveriam ter sido cercados de mais rigor.
Essa história, de que uma ocorrência em mal alto, em especial em águas profundas, se dilui à distância, não pode ser desculpa para que operações do gênero não obedeçam a uma escala de procedimentos técnicos preventivos em cada etapa dos trabalhos. A própria adversidade local seria motivo, mais do que suficiente, para um procedimento de engenharia mais criterioso e pormenorizado.
Logo, vem aí o pré-sal. E, se empresas que se disponham a trabalhar àquela profundidade, não estiverem prontas para enfrentar adversidades, é melhor que entreguem os pontos agora mesmo. Quem não tem competência não se estabelece.
FGTS na Copa
No começo, houve aquela papagaiada: dinheiro público não entraria nas obras da Copa de 2014. Pois sim. Somente insensatos e pessoas que não conhecem a política e os políticos brasileiros poderiam acreditar nessa história para boi dormir. O dinheiro público está entrando, sim, e em volumes maiores do que aquela mancha de óleo no mar, nas obras da Copa. E tem mais: até dinheiro do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que é dinheiro dos trabalhadores e, portanto, deveria destinar-se a obras de saneamento e habitação, começa a ser drenado para aquele fim. Ainda voltaremos, em outra oportunidade, a esse tema.
Texto:Nildo Carlos Oliveira
Fonte: Padrão