Para obter ganhos de produtividade, a Dimensional Engenharia lança mão da gestão da informação dos projetos por meio de sistema BIM, assinatura digital e validação de plantas arquivadas na nuvem por QR Code. Nos cálculos da empresa, os ganhos de produtividade com o digital atingiram 11%, em relação aos métodos tradicionais. O uso da tecnologia é imprescindível, segundo a empresa, um caminho sem volta. Todos os projetos da Dimensional são modelados em BIM desde 2018, contando com um time interno de projeto e construção virtual. De acordo com a empresa, esse é o ponto de partida.
A chegada é a informação de qualidade e confiável no campo, sempre atualizada. Na avaliação da Dimensional, a maior parte das construções modernas de alta complexidade impõem a necessidade de elaboração de projetos de diversas disciplinas técnicas de engenharia, as quais, pelo método tradicional de gestão da informação, podem ocasionar erros de compatibilidade e conflitos entre si. Não é incomum a existência de mais de 20 disciplinas de projeto em uma mesma obra. Muitos desses documentos ainda precisam ser aprovados pelos responsáveis por sua elaboração, pelo coordenador de projetos, por vezes pela contratante e, em muitos casos, por órgãos e concessionárias de serviços antes de sua distribuição à equipe de obra, o que requer impressão de plantas e coleta de assinatura.
Além disso, alguns projetos são elaborados por parceiros externos e em paralelo à execução da obra. Essa grande quantidade de informação técnica gerada pelos projetistas precisa ser distribuída entre eles e para a equipe da obra, o que pode tornar muitas plantas técnicas obsoletas rapidamente. De acordo com os técnicos da Dimensional, ficou claro que apenas uma plataforma não resolveria a problemática como um todo. Sendo assim, estabeleceu-se como premissa o uso mixado de algumas soluções digitais que, juntas, interagiriam para viabilizar o processo de gestão conforme concebido.
Para validar as plantas, buscou-se uma plataforma de assinatura digital que oferece facilidade, praticidade, segurança e flexibilidade. Já para controlar e distribuir documentos na obra, foi selecionada a plataforma de uma start-up, que arquiva os projetos na nuvem e disponibiliza os projetos em tempo real para o campo e ainda possui validação por dispositivo móvel de plantas impressas por QR Code.
O fluxo concebido das informações é a utilização pelo máximo de disciplinas do modelo colaborativo em BIM, do qual se extraem as pranchas que irão para campo. Essas pranchas são validadas pelo projetista responsável, pelo coordenador de projetos e pelo cliente, caso necessário, por meio de assinatura digital. Após assinadas, as plantas são “upadas” no aplicativo de armazenamento na nuvem, com controle de versão. Quando há uma nova versão do projeto, todas as partes interessadas são imediatamente informadas por e-mail e, no caso de haver plantas impressas no campo, são emitidos alertas de quantas plantas estão desatualizadas e com quem. Os projetos impressos no campo possuem QR Codes de verificação de versão.
Os projetos e o modelo virtual também são disponibilizados pela ferramenta em tablets no canteiro de obras, possibilitando as duas formas de consulta, física ou digital. Para medir a produtividade, a empresa usou como metodologia a análise de relatórios de não conformidades do projeto BIM e avaliação de tempo e custo entre o processo de assinatura digital e o tradicional, bem como o tempo para distribuir e validar documentos técnicos no canteiro de obra. Nos cálculos da empresa, na elaboração de projetos com BIM, distribuídos no canteiro de obra em plataforma web-based por aplicativo em dispositivo móvel, sem necessidade de imprimir plantas ou realizar a checagem do documento impresso quanto à sua atualização, a produtividade aumentou em 11% em comparação com processo tradicional. Isso proporcionou ganho de 986 h da equipe. Além disso, reduziu-se em 15% o tempo de montagem de pasta de documentos para licenciamento e legalização com as assinaturas digitais. Estudos indicam que o uso de metodologia BIM para elaboração e coordenação de projetos de arquitetura e engenharia pode economizar de 0,5 a 1% do custo total de obra, já que se reduz mão de obra parada ou ociosa, enquanto se realizam revisões nos documentos técnicos, e evita-se a compra de materiais incorretos ou em quantidades divergentes.
A distribuição de plantas técnicas por meio digital no canteiro de obra reduziu em 82% o número de plantas impressas. Já as diligências de licenciamento de projetos em órgãos públicos com uso de documentos assinados digitalmente proporcionaram economias relevantes, ao evitar impressões, autenticações cartoriais e coleta de assinaturas físicas dos responsáveis. O uso dessas tecnologias propicia benefícios também relacionados à sustentabilidade.
Com a distribuição digital das plantas técnicas no canteiro de obra há diminuição dos resíduos sólidos gerados ao não imprimir esses documentos. O fluxo também favorece reuniões virtuais de projeto, evitando deslocamentos da equipe de projetistas e de execução da obra com reflexo na redução de emissões de gases de efeito estufa. Na avaliação dos técnicos da Dimensional, o processo de gestão da informação com a interação de modelos BIM com assinatura digital e distribuição digital e validação de documentos impressos via QR Code pode ser replicado em todos os tipos de obras, como de edificações de qualquer porte, de infraestrutura, loteamento, urbanização, pavimentação, contenção e saneamento. E que essa proposta não se restringe a grandes empresas, sendo acessível também a pequenas e médias organizações.