O avanço da aviação, em especial nos espaços construídos para operacionalizá-la, precisa dispor de toda a tecnologia de ponta para conforto dos passageiros Nildo Carlos Oliveira Estamos falando de aeroportos que devem ser decorrência da expansão das metrópoles. E que precisam estar preparados para a evolução da aviação, em todos os seus aspectos. Eles precisam ser projetados considerando as demandas futuras, as possibilidades de agregação de novas tecnologias e materiais e a escala humana, para conforto dos que recorrem às modernas máquinas de voar. A aviação dispõe de avançadas tecnologias de navegação e de opções seguras para não contar apenas com o aeroporto para o qual a aeronave se destine. As rotas devem oferecer aeroportos alternativos, também dotados de tecnologias seguras, para o caso da necessidade de desvios de voos. E, em relação ao número de pistas, estas devem ser em número suficiente para permitir pousos e decolagens rápidas, de modo a minimizar os transtornos dos congestionamentos em terra e no espaço aéreo. No Brasil, embora as tecnologias e a arquitetura aeroportuária possam estar avançadas, a realidade limita as possibilidades da transformação de bons projetos em realidade. Houve avanços significativos nas últimas décadas, mas, com o aumento da demanda, a defasagem se agravou e as carências se tornaram visíveis nas operações de rotina. As toaletes são acanhadas; não há esteiras rolantes horizontais para cobrir sequer médias distâncias; os check-ins ficam apinhados; as esteiras de bagagem são insuficientes, lerdas e inseguras; as escadas são estreitas; elevadores não funcionam; e, por falta fingers suficientes, como invariavelmente acontece no Aeroporto Internacional de Guarulhos e Congonhas, os aviões são estacionados em pistas distantes. Em terra, os passageiros não contam com meios ágeis para se deslocarem dos terminais para suas residenciais. Não há metrô ou trem. O jeito é eles continuarem reféns de frota de ônibus, que depois das 11 horas da noite escasseiam, ou de táxis que acabam cobrando preços exorbitantes. A aviação civil brasileira, portanto, dispõe, atualmente, de aeroportos defasados. E, embora avançadas tecnologias lhes estejam à mão, não é sempre que pode colocá-la à disposição dos passageiros. O arquiteto Sérgio Parada, que dentre outros projetos, desenvolveu projetos de ampliação e modernização de aeroportos, diz que o edifício de um terminal de passageiros deve ser mais do que o espaço construído: precisa agregar a tecnologia de ponta da construção civil, em todas as áreas e em todos os seus aspectos, desde as estruturas, instalações hidráulicas e elétricas, de paisagismo e de proteção física do edifício. E deve contar com dispositivos para minimizar impactos negativos e considerar as questões de racionalização do consumo de energia e aproveitamento do que a natureza pode oferecer, do ponto de vista de iluminação, ventilação etc. Contudo, associados à tecnologia da construção civil, há as tecnologias próprias, que os projetos precisam especificar, considerando os avanços e a modernização da aviação: os sistemas de docagem de aeronaves; sistemas de transporte de bagagens levando-se em conta os meios sofisticados disponíveis; sistemas de pontes de acesso de passageiros às aeronaves e de segurança em geral. A isso tudo de somam os sistemas de circulação vertical e horizontal; a atendimentos nos postos de check-in; incorporação da tecnologia dos modernos espaços sanitários; conforto termoacústico; captação de resíduos nos terminais e tratamento do lixo ou de resíduos das aeronaves nas pistas e no estacionamento. O conjunto desses sistemas, na engrenagem da engenharia dos aeroportos, resulta em benefício para os passageiros e para o meio urbano em que as operações das aeronaves ocorrem. Apesar das facilidades disponíveis para que os aeroportos agreguem todas essas melhorias, as carências continuam. Então vem a indagação: Por quê? A rigor, não deveria haver dificuldade de acesso a esses avanços, pois o Brasil tem condições industriais e pessoal técnico capacitado para obtê-los e utilizá-los. E, caso eventualmente não possa obtê-los no mercado interno, pode obtê-los, nas praças internacionais. Caso consideremos os aeroportos brasileiros em operação, as carências são enormes. E, isso ocorre por um problema de origem: as condições físicas dos atuais terminais são e continuam péssimas. Há falta de área para absorver o crescente volume de passageiros e, se não foremadotadas providências urgentes para a ampliação de pistas e pátios, aquelas carências vão aumentar. Então, as obras para redução da defasagem serão empurradas, mais uma vez, com a barriga. A continuar a situação atual, o Brasil pode precisar de outras Copas, e de outras Olimpíadas, para sair do sufoco. Fonte: Padrão