O Viaduto Mofarrej, na Vila Leopoldina, na Zona Oeste de São Paulo, é importante ponto de saída e chegada de caminhões ao Ceagesp, maior centro atacadista de alimentos da América Latina. Ele foi construído na década de 1970 e transpõe a linha férrea de trens urbanos da CPTM.
Após o viaduto da Marginal Pinheiros ceder em novembro de 2018 (ele foi reaberto depois de quatro meses de obras), a prefeitura da São Paulo tratou de intensificar a avaliação das condições de viadutos e pontes da cidade.
Um dos viadutos inspecionados foi o Mofarrej, de 550 m, com leve curvatura e que possui duas faixas em cada sentido de pista. Após encontrar indícios de problemas na estrutura, a prefeitura contratou a Bureau Veritas para analisar mais profundamente a situação do viaduto.
O laudo estrutural da empresa apontou a necessidade de interdição e obras de reforço emergenciais em quase toda a sua extensão. No final de junho o viaduto foi totalmente interditado. No dia 1º de julho a Passarelli foi contratada em caráter emergencial para realizar as intervenções de reforço estrutural.
Após análise mais detida, duas semanas depois o viaduto passou a ter interdição parcial, com liberação de uma das faixas em cada sentido e para veículos com menos de 50 t – o que excluiu muitos caminhões que se dirigiam ao Ceagesp além de ônibus biarticulados.
De acordo com Paulo Kantovitz, gerente de Obra da empresa, o escopo do projeto envolvia o reforço estrutural da armação ativa das longarinas dos trechos afetados do viaduto. Porém, foi preciso estudar nos dois primeiros meses de trabalho a melhor solução para o caso.
Solução
Em parceria com a Outec, a solução encontrada foi fazer a protensão externa, sem passagem de cabos por dentro do concreto da estrutura. A protensão até então existente localizava-se no tabuleiro do viaduto e por dentro das longarinas.
Das 14 seções de viadutos, 12 sofreram intervenção. Somente as duas seções do vão central, onde embaixo passa a linha de trem, não sofreu reparos. As obras foram iniciadas dois meses depois da contratação e concentrou-se na execução de 192 blocos ao longo da estrutura a ser reforçada.
Foram instalados 46 t de cabo de protensão ou 51 km de cabos. Inicialmente, barras foram colocadas transversalmente nas longarinas antes da colocação dos cabos de protensão longitudinalmente. O objetivo era dar mais estabilidade aos blocos, assim como transferir carga, quando a protensão longitudinal fosse feita.
Assim, os blocos atendem tanto às barras transversais como às longitudinais. Os blocos foram feitos in loco, sendo 80% com concreto adensável e 20% pelo método de grauteamento devido a interferências existentes em alguns locais.
A equipe de operários precisou trabalhar em local confinado, dentro dos caixões localizados nas longarinas do viaduto, para fazer a passagem das cordoalhas. Os cabos de protensão instalados pela Passarelli passam por dentro dos caixões ou pelo lado de fora das longarinas.
Eles são protegidos por tubos de PEAD, já que ficam expostos tanto dentro dos caixões como do lado de fora.
O sistema de protensão é da Dywidag e os cabos foram fornecidos pela ArcelorMittal.
150 operários
O desafio maior da obra, de acordo com Paulo, foi impactar o menos possível no trânsito e atender os parâmetros de frequência na construção dos blocos, já que o excesso poderia acarretar custos desnecessários.
Cerca de 150 operários foram envolvidos nessa obra, trabalhando em altura e locais confinados. Em alguns momentos, os trabalhos se procederam 24 horas ao dia.
O contrato foi de R$ 11,6 milhões. O monitoramento de estabilidade do viaduto foi feito durante as obras para verificar antecipadamente qualquer problema com a estrutura durante as obras.
O Viaduto Mofarrej foi liberado para o tráfego no último dia 22 de dezembro, após teste de carga dinâmico. Uma nova concorrência deve ser aberta para realização de obras consideradas não críticas, como tratamento de armação exposta, recapeamento de pista, entre outros, na estrutura. (Augusto Diniz)