O Tecon Santa Catarina, projetado segundo a tendência dos mais modernos do mundo do ponto de vista operacional e de atendimento à legislação ambiental, é construído em Itapoá, na Baía de Babitonga – um ponto privilegiado com calado natural de 16 m, o que lhe permitirá receber navios de grande porte (até 9 mil Teus) – de modo a introduzir melhorias no fluxo dessas embarcações no Sul e Sudeste do País.
Esse terminal, considerado um dos principais empreendimentos privados brasileiros nessa área, tem como acionistas a Portinvest Participações (Grupo Battistella e Logística Brasil – Fundo de Investimentos e Participações gerido pela BRZ Investimentos) e a Aliança Navegação e Logística (Hamburg Süd). As obras, a cargo da Construtora Andrade Gutierrez, já venceram as dificuldades naturais da fase inicial e prosseguem segundo o cronograma. A expectativa é de que, no pico dos trabalhos, em junho, elas estejam ocupando a mão-de-obra de um contingente da ordem de 800 pessoas.
A idéia inicial era construir um terminal próprio, para o Grupo Battistella, destinado à exportação de madeira. Mas o projeto, com a parceria da Hamburg Süd, evoluiu para a concepção de um terminal privativo de contêineres e obteve também o apoio do governo estadual, que se dispôs a prover a infraestrutura necessária à instalação e ao acesso ao porto, que será feito pela SC-415, que está recebendo as melhorias adequadas para esse fim.
A direção do Tecon, responsável pelo investimento de R$ 320 milhões, informa que ele contará com as avançadas tecnologias para operar e vai dispor de equipamentos de ponta, dentre os quais quatro guindastes de carga Post Panamax (Portêineres), 11 guindastes de pátio tipo RTG (Transtêineres) e 26 caminhões para a movimentação de contêineres no pátio.
Para manter intacta a praia da Figueira do Pontal, com sua fauna, flora e balneabilidade, o projeto previu que duas pontes sairão do pátio de contêineres avançando 230 m no mar, até o píer, onde são construídos os três berços de atracação. Assim, a praia fica aberta à população. Ela e seu entorno serão completamente urbanizados. O local deverá tornar-se um ponto agradável, de onde poderá ser observada a movimentação das operações marítimas.
As obras em Itapoá se desenvolviam assim, no ritmo do cronograma, quando ocorreram as enchentes do final do final de 2008 no Estado. A tragédia foi ampla: 128 mortos e danos para toda a infraestrutura, incluindo a destruição parcial do Porto de Itajaí, com o comprometimento também do Porto de Navegantes.
O Estado deixou de receber 60 mil contêineres/mês. Parte dessa movimentação teve de ser transferida para o Porto de Paranaguá, no Paraná.
As obras, em frentes distintas
O engenheiro José Roberto Viana, da Construtora Andrade Gutierrez, que está gerenciando a obra, informa que os trabalhos da construção do porto progridem em duas frentes de serviço distintas. Na etapa atual cuida-se da implantação da infra-estrutura e da execução da superestrutura da ponte de acesso e da construção do píer de atracação. Até meados de janeiro último haviam sido cravadas mais de 100 estacas com comprimento variando entre 37 m e 39 m. As peças pré-moldadas de concreto são fabricadas no canteiro ali instalado.
A primeira frente de trabalho opera no mar de modo a atender aos serviços em curso na ponte de acesso e no píer de atracação. A segunda frente está baseada em terra e executa o pátio de estoque de contêineres – a retroárea, ocupando espaço da ordem de 135 mil m² – e as edificações administrativas que incluem armazém de cargas, "gates" e prédios de apoio.
O píer terá 630 m de comprimento. Foi dimensionado para a atracação de até dois navios simultaneamente. Como se situa a 250 m da costa, seu acesso será feito pela ponte de acesso, que fará a ligação entre a retro-área e o píer. No conjunto, essas estruturas vão exigir a cravação de 800 estacas. O canteiro industrial deve produzir, considerando o cronograma da obra, cerca de 4.400 peças pré-moldadas de concreto. E, considerando o conjunto da retro-área, a extensão de terreno a ser pavimentado corresponde ao tamanho de 16 campos de futebol.
Ganham destaque, nos serviços em andamento no mar, os equipamentos utilizados para a cravação das estacas. Uma estaca de 39 m de comprimento é equivalente à altura de um edifício de 13 andares. Para ela ser cravada no fundo do mar, a Andrade Gutierrez recorre a flutuantes. A peça pré-moldada é rebocada até o sítio da obra, levantada e cravada. Essas operações são previamente planejadas, uma vez que o êxito da execução fica na dependência das condições marítimas e atmosféricas.
Novos equipamentos para estaqueamento
Para apressar as operações de estaqueamento, a Andrade Gutierrez concebeu e está fabricando outros equipamentos. Eles serão mais ágeis e terão maior capacidade do que aqueles usados atualmente.
Os novos equipamentos também serão operados a partir de flutuantes e podem montar peças pré-moldadas de até 60 t. O primeiro entrou em funcionamento no final de fevereiro. Vão cravar estacas de até 50 m de comprimento e 80 cm de diâmetro.
Hoje são usados nos trabalhos dois guindastes de 250 t de capacidade embarcados em duas balsas para executar a cravação de estacas e a montagem de peças pré-mo ldadas de até 37 t; dois guindastes de 45 t para apoio no pátio de pré-moldados; quatro pórticos de 30 t cada; a ponte de embarque, com um rebocador; três barcos de apoio; dois flutuantes para transporte e concretagem de pré-moldados; quatro flutuantes para o transporte de estacas; oito caminhões-betoneiras e uma central de concreto de uso exclusivo para a obra.
"Além disso", diz José Roberto Viana, "estamos trazendo para o Brasil uma nova tecnologia para posicionamento de estacas via GPS".
O canteiro industrial
O canteiro industrial foi planejado tendo em vista o prazo e a logística dos trabalhos. Ele está localizado na área do terminal e conecta-se com o mar por meio de uma ponte auxiliar de 90 m de comprimento. Essa posiç&at
ilde;o e dispositivo facilitam o embarque das peças pré-moldadas.
Em sua estrutural, o canteiro industrial conta com seis pórticos de 30 t de capacidade para realizar todas as movimentações das peças, da fabricação e estocagem, ao embarque. Nesse canteiro foram construídos dois berços de fabricação de estacas de 175 m de comprimento, com capacidade para fabricar até oito estacas simultaneamente. A produção média prevista é de quatro estacas/dia. O pátio tem capacidade para uma produção de cerca de 4.400 peças pré-moldadas, levando-se em conta uma produção diária de 22 peças.
Com esse canteiro, equipamentos, planejamento estratégico de trabalho e a previsão de um contingente de 800 pessoas no pico dos trabalhos, a direção do Tecon Santa Catarina considera que o porto estará concluído já no primeiro semestre de 2010.
A Baía de Babitonga
A Baía de Babitonga situa-se na foz do Canal do Palmital, nas proximidades de Joinville e a ilha de São Francisco do Sul. Ao longo de suas margens ainda há resquícios importante da mata atlântica. Em razão da exuberante natureza local, é muito apreciada e procurada pelos turistas. Ela se alonga por cerca de 160 km ² e constitui fonte de renda para inúmeras famílias de pescadores. Além disso, é fonte de vida marinha na região, com seus manguezais e alagadiços.
Por isso, qualquer obra de engenharia na área de sua influência tem de ser cercada dos cuidados ambientais exigida pela necessidade da preservação ambiental.
Fonte: Estadão