Então sua empresa de engenharia e projetos decidiu se modernizar e adquirir um pacote completo de ferramentas de modelagem BIM. Parabéns, provavelmente a decisão foi acertada, já que as novas ferramentas melhoram, de modo geral, os índices de produtividade. Porém, certamente não serão suficientes para colocar sua empresa num novo patamar no mercado. Para isso, é preciso um esforço dedicado pela união das múltiplas disciplinas que compõem todo o projeto de engenharia. O autor de tal reflexão se chama Daniel Knijnik e preside a Knijnik Engenharia Integrada, também presente no seminário.
Daniel Knijnik
Tratando especificamente do mercado de real state (imobiliário), o engenheiro lembrou do período de estagnação do segmento no País, entre mais ou menos os anos de 1980 e 2005, dada a ausência de financiamento ao comprador final. Para ele, a existência de poucos investimentos encobria a obsolescência do processo de elaboração e execução de projetos, feito de forma fundamentalmente compartimentada, sem uma visão de conjunto do empreendimento imobiliário. Nesse modelo, cada especialista estava mais preocupado com sua especialidade do que com o papel que ela desempenhava no todo.
Essa falha se explicitou a partir de meados dos anos 2000, com o aumento do financiamento imobiliário e a pressão para morar logo, que exigia produtividade e rapidez na entrega de moradias. O modelo tradicional, no novo contexto econômico, não funcionava, produzia desperdício, atrasava o andamento da edificação residencial.
Na engenharia integrada defendida por Knijnik, projetos estrutural, de instalação elétrica, de instalação hidráulica e de ar-condicionado precisam conversar desde o início e evoluir coordenadamente. Ele define sua filosofia numa frase de efeito: “Simplicidade é a complexidade resolvida”.
Como engenheiro não vive só de ideias abstratas, Knijnik também apresentou números que justifiquem a nova bossa da engenharia integrada: diminuição de até 70% no número de reuniões de projetos; e redução do ciclo de desenvolvimento de projetos de 40% (residencial, corporativo e hotéis) a 60% (construções industriais e galpões logísticos).
O engenheiro chamou a atenção para o fato de que a má gestão de muitos projetos, hoje, só vai aparecer quando a demora já se alongou por um ano ou mais. Ele se refere aos problemas que se acumulam já na fase de elaboração dos projetos básico e executivo, mas que ainda não se tornaram visíveis. “Não se percebe o problema porque naquela hora ainda não dói tanto”, descreveu. No caso do segmento imobiliário, Knijnik identifica o processo, de longe, como o maior problema. E, para ele, aquele que, modificado, melhorado, traria o maior ganho. “Precisamos resolver isso. Muito além do BIM, precisamos pensar que é o processo o problema.” Alguém discorda?
Fonte: Revista O Empreiteiro