Arena do Futuro, que receberá competições de handebol e golbol, será desmontada e transformada em quatro escolas após a Olimpíada
Guilherme Azevedo
Como filosofia diretiva de esforços olímpicos, a arquitetura nômade serve como instrumento de racionalização. Importa evitar custos desnecessários e excessivos com equipamentos projetados para uma situação de uso excepcional, como os Jogos Olímpicos, mas que no dia a dia se convertem em estruturas dispendiosas de manter e de uso restrito. Aquela velha história de construir elefantes brancos.
A obra da Arena do Futuro está a cargo da construtora Dimensional Engenharia, contratada para tanto pela Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Riourbe e da Empresa Olímpica Municipal (EOM). Além da construção, a Dimensional será responsável também pela operação e desmontagem da instalação olímpica e pela montagem do legado.
Depois da arena, na escola
E esta última fase confere relevância social extra ao projeto da Arena do Futuro. É que, após desmontada, a estrutura será transformada em quatro escolas municipais, em 2017, cada uma com capacidade para 500 alunos. A localização dos equipamentos públicos foi definida em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio e três das escolas serão erguidas na região da Barra; a outra unidade será montada em um terreno no bairro do Maracanã.
Os projetos básico e executivo da arena e das escolas foram elaborados pelo consórcio Rio Projetos 2016, composto das empresas Lopes Santos & Ferreira Gomes Arquitetos, MBM Serviços de Engenharia e DW Engenharia. Segundo a Empresa Olímpica Municipal, as obras de construção estão orçadas em R$ 121,1 milhões. Outros R$ 6 milhões serão investidos na operação, R$ 19,7 milhões na desmontagem e R$ 31,2 milhões na montagem das novas escolas. O total estimado do projeto é de R$ 178 milhões. Os recursos são do governo federal, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Como equipamento olímpico, a Arena do Futuro terá capacidade para 12 mil espectadores e receberá a competição de handebol dos Jogos Olímpicos e de golbol dos Jogos Paralímpicos. Na Paralimpíada, o número de assentos cai para 7 mil, por questões de acessibilidade. A arena está sendo erguida numa área de cerca de 35 mil m2 do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
De acordo com relatório de status das execuções, as fundações da estrutura estão em fase final, com a cravação das estacas metálicas e execução dos blocos. A montagem da estrutura metálica, dos pilares metálicos e das vigas metálicas da arquibancada segue em ritmo acelerado. A previsão é de que as obras terminem no terceiro trimestre de 2015.
Estruturas reaproveitadas
Especificamente no projeto, a arquitetura nômade permitirá, por exemplo, o reaproveitamento de estruturas e materiais, como as rampas e escadas pré-moldadas da arena, para uso nos acessos e áreas de circulação das escolas; e da estrutura do telhado, composta de vigas metálicas e telhas com tamanho padronizado, na cobertura dos equipamentos públicos.
A Arena do Futuro sugere a força da união da engenharia e da arquitetura com o bom senso e processos racionalizados, que se convertem em benefício social de efetiva aplicação.
Do ponto de vista esportivo, não custa lembrar também que a arena poderá ser palco de um inédito ouro olímpico para o Brasil. A equipe feminina brasileira de handebol é a atual campeã mundial da modalidade. A Arena do Futuro é um projeto, portanto, que tem tudo para vingar, de qualquer ponto que se olhe.
2.700 t de estrutura metálica
A Brafer executa o detalhamento, fabricação, pintura e montagem da cobertura e da arquibancada da Arena do Futuro. O projeto é de aproximadamente 2.700 t de estrutura metálica, divididas em 1.400 t para a cobertura, 1.100 t para a arquibancada e outras 200 t para escadas e rampas de acesso ao estádio. O engenheiro e gerente de Contratos da Brafer, Maurício Giacomel, diz que o cronograma é do tipo fast-track, em que os processos de fabricação e montagem se sobrepõem, otimizando o prazo de cumprimento, com data final de montagem ainda para este ano.
“Os projetos executivos foram entregues pelo cliente em maio e em junho a Brafer já havia iniciado a produção das estruturas. O prazo da obra é um dos desafios principais. Fomos contratados para finalizar a obra em 2014. Isso significa seis meses para detalhamento, fabricação e montagem das estruturas”, afirma.
De acordo com o executivo, serão envolvidas as fábricas de Araucária (PR) e Rio de Janeiro que, em conjunto, fabricarão cerca de 800 t por mês de estrutura, para cumprir o prazo acordado.
Fonte: Revista O Empreiteiro