Estrutura metálica, material local e 10 homens erguem duas casas em 60 dias

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Projeto desenvolvido por empresa de software de construção predial– para socorrer a população atingida pelo terremoto em Szechuan, na China, pode ser aproveitado nas regiões afetadas por enchentes no País.
O terremoto de 12 de maio de 2008 na província chinesa de Szechuan foi um dos mais graves já ocorridos no país, atingindo o grau 8 na escala Richter. Milhares ficaram sem teto onde dormir, além de feridos e mortos. 24 horas após o terremoto, a liderança da Autodesk decidiu empregar os seus conhecimentos para montar um programa de reconstrução habitacional, em parceria com o conhecido arquiteto Hsieh Ying Chun, de Taiwan, agências públicas locais e o Instituto de Design da Universidade de Tsinghua, da China.
Nos nove meses subsequentes, essa equipe utilizou uma variedade de softwares, como AutoCAD, Inventor, Revit Arquitecture, 3ds Max para detalhar os projetos de cinco modelos de casas estandardizadas, empregando estrutura leve de aço e materiais disponíveis na região para executar os fechamentos. Incorpora ainda a cultura tradicional local de construção, com métodos que podem ser empregados por uma mão de obra não treinada, constituída até pelos futuros moradores, gerando impacto mínimo ao ambiente.
Segundo Pat Williams, vice-presidente sênior da Autodesk para Ásia e Pacífico, o projeto que foi batizado de Ma’erkang Works aplicou o conceito BIM na concepção, modelagem 3D, simulação de resistência a sismos, seleção de material, e gerenciamento da construção. Foi escolhido um aço de alta resistência e baixo peso para a estrutura, de modo que o manuseio das peças na obra dispense o uso de equipamento. A estrutura de aço da casa também precisa resistir a terremotos, ação d’água, poeira, além de ser isolante acústico e térmico.
As peças de aço da estrutura são unidas por parafusos normais-isso reduz o tempo de montagem e simplica o processo. São fatores importantes na reconstrução de regiões afetadas por desastres naturais. A parte principal da estrutura, de aço leve, incorpora um sistema de vigas, escoramento contra forças horizontais ou parede estrutural. As paredes são de terra misturada com palha, utilizando amarrações de bambu.
A parede estrutural é revestida por malha de aço preenchida com argamassa de cimento-que é usado somente nesta parte, para aumentar sua resistência estrutural, contra fogo e ferrugem.
O custo da casa é reduzido sensivelmente pelo uso de materiais disponíveis na próprio sitio. No projeto Ma’erkang, foram empregados grama, bambu, e solo misturados com materiais reciclados das casas atingidas pelo terremoto-na construção das paredes ou como enchimento. O processo além de econômico é amigável ao meio ambiente. Sendo permeável ao ar e resistente ao calor, a parede de solo e palha previne a desagradável condensação do vapor d’água no interior da casa no típico clima chuvoso de Szechuan.

Mutirão inclui até senhoras idosas
Como o terremoto afetou uma vasta área, afirma Williams, havia escassez de profissionais como carpinteiros e pedreiros. Ao mobilizar a própria população, este processo de auto-construção criou um esforço conjunto que acelerou os trabalhos e reduziu o sentimento de depressão das pessoas. Mulheres, idosos e até pessoas com pequenas limitações físicas participaram do mutirão.
A equipe técnica do projeto Ma’erkang simplificou os procedimentos e a necessidade de ferramentas, facilitando a participação de pessoas sem treinamento específico. Dez pessoas comuns podem construir duas casas de 91 m2 em 60 dias, ao custo de 500 yuan/m2, na moeda local, equivalente a 132 reais/m2.
Na fase pioneira do projeto, 56 casas foram construídas com este processo, inclusive 12 conjuntos destinados a 4 famílias cada e 4 conjuntos para 2 famílias. O método passou por estudos de redimensionamento de escala, de modo a possibilitar seu uso em extensas áreas atingidas pelo terremoto, contando com sólido apoio das agências governamentais da China. É um resultado inusitado que aplicou os mais avançados softwares de construção predial, visando a reduzir prazo de exeucução e principalmente custos, sem prejuízo da qualidade, empregando materiais locais abundantes e pessoal não treinado.

Fonte: Estadão


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