Infraestrutura
No que se refere à implantação de infraestrutura de competência do setor público, o diretor-presidente da Codesp destaca que o ano de 2010 foi marcado por grandes conquistas. Entre elas, a dragagem de aprofundamento do canal de navegação para 15 m e seu alargamento para 220 m, iniciativas que se encontram em fase de conclusão e que abrirão a possibilidade da vinda de grandes navios ao Porto de Santos. O empreendimento inclui a derrocagem das pedras de Teffé e Itapema e a retirada dos destroços do navio Ais Giorgis, que comprometem a navegação no canal do porto.
As obras da Avenida Perimetral da margem direita também apresentaram significativos avanços, segundo José Roberto, com a conclusão de trechos estratégicos para o acesso viário. Quanto à margem esquerda da avenida, a expectativa é que seja iniciada ainda no primeiro trimestre de 2011.
De acordo com a Codesp, o próximo passo será concluir esses dois acessos, para garantir duas vias expressas fundamentais para atender à integração e o desenvolvimento dos terminais. No futuro, elas deverão ser ligadas e possibilitar que o fluxo de veículos ocorra dentro de uma lógica na área do Porto Organizado. Esses investimentos somam recursos da ordem de R$ 493 milhões (incluindo a segunda fase da Avenida Perimetral da margem direita), provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC1).
O presidente da Codesp destaca, também, importantes projetos privados, como o da NST, para exportação de suco de laranja, do novo terminal da Itamaraty, para granéis sólidos, a ampliação do terminal Tecondi, para contêineres, e o avanço da construção do terminal da BTP, para contêineres e granéis líquidos, que somam investimentos superiores a US$ 1 bilhão, bem como a incorporação, pela Santos Brasil, do novo berço T-4, para movimentação de carga conteinerizada.
Ainda falta a integração de modais
Segundo o presidente da Autoridade Portuária, o único aspecto que não apresentou grandes avanços foi a integração dos modais de transportes e o compartilhamento das ações necessárias para que cada um deles atenda ao desenvolvimento preconizado para o Porto de Santos.
"Falta um projeto que contemple o planejamento integrado de todos os agentes públicos e privados responsáveis pela implantação de infraestrutura de acesso ao complexo santista, com programas de desenvolvimento que estabeleçam uma lógica nesse processo", afirma.
E explica: "Ao contratarmos o estudo de acessibilidade ao Porto de Santos, junto à Universidade de São Paulo, mostramos que existe uma grande demanda de cargas e, consequentemente, de obras de infraestrutura que permitam ao porto crescer. A viabilização desse objetivo exigirá uma nova forma de atuação, onde o conjunto de empresas e instituições públicas, liderados pela Autoridade Portuária, esteja com seus interesses alinhados e assumam metas comuns para responder às expectativas de crescimento da economia brasileira".
Para 2011, José Roberto informa que a expectativa é encaminhar as etapas da Avenida Perimetral da margem direita, que se estende do Saboó à Reta da Alemoa e da Bacia do Macuco à Ponta da Praia, além da consolidação da passagem inferior na região do Valongo (o "Mergulhão").
Devem ter andamento, ainda, os procedimentos para a construção de dois píeres de atracação e ponte de acesso no Terminal da Alemoa, além do reforço de cais para aprofundamento dos berços de atracação entre os armazéns 12 ao 23, bem como a construção do alinhamento do cais do Terminal para Passageiros. Esses projetos somam investimentos superiores a R$ 800 milhões, previstos no PAC 2.
Em conjunto com essas ações, fundamentada na importância de investir em novas tecnologias, a Codesp está licitando a implantação de uma importante ferramenta para a gestão eficiente do tráfego de navios e para a segurança do porto, o Vessel Traffic Management Information System (VTMIS). Para o controle do tráfego em terra, está sendo elaborado projeto para desenvolvimento de um software para gestão integrada do tráfego de veículos de cargas no porto. O diretor-presidente da Codesp esclarece que não adianta somente disponibilizar infraestrutura, é preciso dotar a chegada dos modais ao porto (rodoviários, ferroviários ou marítimos) de uma lógica que elimine a concentração em determinados locais ou em certos períodos do ano. "Nossa expectativa é colocar essas ferramentas em operação a partir de 2011", diz ele. E complementa, "o Porto de Santos está atuando fortemente para que o País tenha a infraestrutura portuária necessária para crescer".
Outro destaque, afirma o dirigente, se refere à certificação de Santos como um porto seguro, em novembro último, de acordo com o Código de Segurança da Organização Marítima Internacional (ISPS Code), com normas sobre a entrada e saída de pessoas e veículos das áreas portuárias. Essa conquista assegura que o monitoramento, a fiscalização e o controle dos meios de acesso ao cais público do Porto de Santos estão adequados às exigências internacionais de segurança portuária.
BTP vai descontaminar a região da Alemoa
A Brasil Terminal Portuário (BTP), controlada pela Europe Terminal, irá investir R$ 1,6 bilhão na construção de um terminal para movimentação de contêineres e granéis líquidos no Porto de Santos, na região da Alemoa. O empreendimento terá como parceiro o armador italiano MSC. De acordo com o diretor-geral da empresa, Henry Robinson, o cronograma prevê o início de operação do terminal no primeiro trimestre de 2012.
A instalação terá capacidade para movimentar 1,1 milhão de TEUs (unidade de medida equivalente a um contêiner de 20 pés) e 1,2 milhão t de granéis líquidos, basicamente etanol.
A Europe Terminal, com sede na Antuérpia (Bélgica), conta com 42 terminais espalhados pelo mundo, sendo que cada um movimenta até 5 milhões de TEUs por ano.
Em Santos, o terminal da BTP terá quatro berços de atracação para receber navios com capacidade para 5 mil TEUs, prometendo a maior profundidade do porto, que poderá ser de 17 m.
"Quando o porto tiver dragado a 15 m, nossos berços provavelmente serão os primeiros a poder fazer uso efetivo da nova profundidade. Outros terão de ser reforçados para isso", estima Robinson.
A instalação será erguida numa área onde funcionava o depósito de lixo do porto (denominada "lixão da Alemoa"). Segundo a empresa, o solo terá de ser recuperado, num procedimento inédito no Brasil – mas que já é empregado na Europa há 15 anos -, o de lavagem do material contaminado. O licenciamento ser
á realizado em conjunto pelo Ibama e Cetesb.
Fonte: Estadão