O sistema de embarque e desembarque do Aeroporto Internacional de Salvador está passando por mudanças estruturais com o objetivo de melhorar a fluidez no meio-fio e a experiência de chegada e partida para passageiros, acompanhantes e motoristas. A principal novidade é a implantação do modelo “Kiss and Fly”, que visa evitar paradas prolongadas e garantir maior organização no tráfego da área externa do terminal. As intervenções integram o projeto de modernização do sistema de acesso ao local, conforme explica Julio Ribas, CEO da Vinci Airports Brazil.
“O meio-fio que é o leito que passa em frente aos edifícios dos aeroportos, na área de embarque e desembarque, é quase comparado a veia e artérias, onde você basicamente alimenta o aeroporto com aquilo que é o mais precioso, a chegada de passageiros ou pessoas que levam os passageiros ou buscam os profissionais que se organizam para transportar os usuários do aeroporto, sejam táxis, carros de aplicativos, veículos de turismo, os receptivos, tudo isso para atender a necessidade das pessoas e promover a mobilidade positiva. Por natureza, o meio-fio não é uma área necessariamente grande, porque ele segue a geometria do prédio. A maior parte dos aeroportos, principalmente os de médio e grande porte, são também muito marcados pelos horários de pico, é aí que mora o grande desafio. A obra do Kiss and Fly surge justamente dessa necessidade, de organizar bem essa artéria de acesso às saídas dos aeroportos, de uma forma inteligente, porque você tem diferentes tipo de usuários, ainda que 98% possam ser pessoas com alto grau de civilidade e entendimento do que pode e não pode, basta 2% mal intencionadas, que elas transformam a vida desses 98% eu algo muito complicado. O Kiss and Fly é um exercício de civilidade, que é você entender que o benefício de algumas poucas pessoas não pode ser em detrimento do bem comum, ou seja, a pessoa não pode parar o carro dela e ficar uma hora escutando sua música no meio-fio, esperando alguém desembarcar, porque o acesso é limitado. É um local que tem que acomodar as zonas de receptivo, vagas para táxi, as chegadas dos carros de aplicativo, um fluxo bastante intenso. No nosso caso ainda, tem que acomodar o ônibus da operadora de metrô, por isso, o espaço precisa ser seguro, para as pessoas que atravessam sem correr nenhum risco. Nosso edifício garagem é um dos bem mais localizados do país, você sai do terminal, atravessa a rua e está dentro dele, por isso, a questão de segurança dos pedestres, transeuntes, atravessando e indo até o edifício garagem ou indo pegar seu carro de aplicativo é crucial, tudo isso para entender o cenário de onde surge esse projeto. A mecânica é muito simples, é um controle de acesso ao aeroporto, com cancelas na entrada e saída, que serve como mecanismo para disciplinar que veículos, a não ser os que já tem vaga pré-definida, permaneçam no máximo dez minutos entre esses dois trechos, ou seja, é o tempo de chegar, abrir o carro, tirar a mala, “kiss”, que significa dar um beijo e se despedir da pessoa, para que ela possa fazer o “fly”, viajar e voar. A gente não colocou um tempo apertado, é mais do que o dobro que precisa para isso. No caso de necessidades especiais, como por exemplo os cadeirantes, teremos uma sistemática que o tempo seja maior, porque realmente demanda mais tempo”, conta o CEO.
Com investimento na casa dos R$6 milhões, a iniciativa contempla a reestruturação física da área frontal do terminal e a futura implantação do sistema Kiss & Fly, prática já consolidada em aeroportos ao redor do mundo. O projeto responde à necessidade de ordenar o fluxo intenso de veículos na área, que atinge até 1.100 veículos por hora nos horários de maior movimento, promovendo uma experiência ainda mais eficiente e confortável para quem transita pelo terminal. “É um investimento grande para fazer bem feito e não causar constrangimento ou dor de cabeça ao usuário. Em casos extremos, onde a pessoa passe dos dez minutos, será feita uma cobrança, uma medida coercitiva, mas a ideia não é ganhar dinheiro com isso, pelo contrário, esse é um dos casos que a gente faz investimento não esperando ganhar dinheiro com a arrecadação do pagamento na saída. No mundo ideal a gente quer que seja 0% o número de pessoas que vai pagar na saída, agora, se tiver que pagar, não causa transtorno para ela nem para os outros usuários, com engarrafamentos e etc”, conta.
Para o projeto dar certo, a companhia teve o cuidado de fazer estudos bem longos de medição de fluxo de tráfego, para entender como que era o horário de pico e poder dimensionar o projeto das cancelas, vias, saídas, locação dos espaços da melhor maneira possível, por meio de um projeto onde se pôde checar a quantidade de veículos presentes no horário de pico. Outro aspecto fundamental também é o diálogo com a sociedade e o poder público. “Ao longo de dois anos de estudos, a gente fez um processo de consulta e apresentação com todas as instâncias municipais, para conseguir os devidos alvarás, mas esse processo acaba sendo bastante demorado, porque o poder público tem outras demandas e preocupações. Uma prova disso é que parte do projeto se passou durante o período de eleição municipal, mesmo assim, tivemos paciência e calmamente fomos consultando todas as autoridades, por meio de reuniões com os Secretários de Desenvolvimento Urbano e de Mobilidade, e mostramos que a iniciativa era essencial porque endereça algo muito crítico, ao começar pela segurança na área do meio-fio, fluxo, bem estar dos passageiros, eficiência e, porque não, a Bahia tem um grande elemento de turismo e, executando bem feito, as pessoas vão enxergar tudo organizado e terão uma imagem bonita ao chegar e a sair do aeroporto”, comenta o executivo.
Durante o período de obras, a ideia é manter as medidas operacionais para reduzir impactos na rotina dos usuários. As obras serão executadas em fases, com planejamento voltado a manter a operação do aeroporto ativa. “Essa obra poderia ser concluída rapidamente. Se eu tivesse o luxo de fechar a área, em sessenta dias a gente terminaria tudo. Como isso é impossível de ser feito, estamos realmente trabalhando por etapas, em micropassos mesmo, inclusive as áreas de acesso de saída serão ampliadas, temos uma cerca que divide o lado público até as pistas e pátios, vamos mover alguns metros e ampliar essa área de saída. O que é digno de nota nesse projeto é um fato da gente fazer a obra ao mesmo tempo que estamos utilizando a área e pelo impacto social porque o aeroporto é uma área que suscita opiniões, por isso, se não fizermos os trabalhos da melhor maneira possível, essas opiniões podem ser negativas e nós temos uma responsabilidade com o público, também temos que pensar em maneiras de não prejudicar a rotina dos nossos parceiros, dos taxistas, motoristas de aplicativos, de vans e tantos outros que dependem do aeroporto para sua renda. As empreiteiras estão brifadas no aspecto segurança, afinal, a todo o momento vai ter gente passando ali, veículos, pedestres, por isso, não podemos arriscar ter uma obra desse porte haver um acidente envolvido com ninguém, nem com os operários, usuários e funcionários do aeroporto. Nosso objetivo é entregar a obra por completo em novembro deste ano”, completa o CEO.
A concessionária Vinci Airports reforça que o diálogo com autoridades e parceiros tem sido constante, com foco na transparência e na busca de soluções que garantam uma transição eficiente durante suas etapas. “Uma das coisas bacanas desse projeto é esse diálogo entre o concreto, o asfalto, a brita e a pessoa de carne e osso. Para o executivo, o projeto “Kiss and Fly” também é um exemplo de diálogo entre a infraestrutura e a sociedade. “Eu gosto de trabalhar com infraestrutura porque o propósito maior é justamente esse diálogo. Eu acredito que em muitos casos, aquelas obras que foram mal sucedidas ou objetos de muito crítica são justamente projetos em que a pessoa se deixou encantar pela planta, pelo desenho, por erguer um bloco de concreto, esquecendo que as pessoas usam esse benefício, ou seja, aquilo tem que servir as pessoas e não as pessoas servirem a infraestrutura. Os melhores projetos são os que levam isso em conta. Essa obra vai promover muita resenha, como diz aqui na Bahia, sobre a questão da civilidade. Esse diálogo é um fator enriquecedor e uma contribuição para a construção de uma sociedade melhor”, finaliza Ribas.

Airports Brazil






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