Lição para escolher ministério

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No momento em que a presidente Dilma Rousseff troca o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, pelo secretário executivo do Ministério, Paulo Sérgio Passos, inaugurando uma fase em que substituição do gênero poderá tornar-se uma rotina, leio, acaso, edição antiga da revista O Empreiteiro onde encontro uma receita de governo, sob medida, para operação desse tipo.

No caso da atual administração já caiu o ministro Antônio Palocci e, para seu lugar, foi escolhida a senadora Gleisi Hoffmann, mulher do ministro Paulo Bernardo. Já o ministro Luiz Sérgio, que era da Pasta das Relações Institucionais, foi mandado para o Ministério da Pesca, enquanto a ex-senadora Ideli Salvati, que estava na Pesca, acabou nas Relações Institucionais.

O troca-troca não deverá parar por aí. E, por acreditar nessa dinâmica, achei a receita de tal modo apropriada, que resolvi torná-la objeto desse comentário.

Foi no começo de 1985 que Tancredo Neves, eleito presidente por intermédio de eleição indireta, dedicou parte de seu tempo na escolha do ministério. A expectativa era de que ele encontrasse e montasse um ministério vocacionado a dar fluxo coerente e rápido aos serviços idealizados pelo presidente, de modo a que os órgãos da administração direta e indireta do segundo escalão pudessem programar obras em consonância com a filosofia da transição política.

O processo de escolha era difícil. Auxiliares diretos de Tancredo diziam que ele agia como se não tivesse pressa, pesando os prós e os contras de cada escolha. Pressionado pela cobrança da imprensa, ele mandou dizer que o processo era mesmo problemático.

Então lhe perguntaram se o ministério selecionado poderia fazer o que quisesse dentro dos limites de seu governo. Resposta do mestre Tancredo Neves: "Meu Ministério pode fazer o que quiser; menos o que eu não quero". A lição está aí. Basta segui-la.

Fonte: Estadão


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