Mais desenvolvimento com portos modernos

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A construção do Nordeste do futuro também vai ser firmada com pesadas intervenções nos equipamentos portuários. A modernização dos portos deve ser fundamentalmentetorná-los mais profundos (obras de dragagem), o que garantirá a chegada de navios de maior porte, com maior calado. Além disso, serão necessários investimentos naimplantação de terminais de armazenagem. Assim, os portos poderão trabalhar de forma integrada ao sistema de ferrovia que está sendo construído na Região.

As obras de dragagem de portos no Nordeste seguem avançadas. No Porto do Mucuripe (Porto de Fortaleza), o investimento está sendo de R$ 59,2 milhões, com previsão para ficar pronto em julho deste ano, conforme informações da assessoria de imprensa da Secretaria Especial dos Portos (SEP).

Em Natal (RN), estão sendo aplicados R$ 35,9 milhões, para deixar o porto mais profundo em maio. Em Cabedelo, na Paraíba, o porto deve estar com maior calado em junho, após investimento de R$ 45,9milhões.

Na capital pernambucana, o investimento do Governo Federal é de R$ 30,8 milhões para aprofundar o porto público em maio de 2011. Por fim, os portos em Salvador e Aratu receberam investimento de R$ 99,7 milhões para dragagem concluída em fevereiro, informo a assessoria de imprensa da SEP. (ver Tabela abeixo)

Investimentos desproporcionais ampliarão desigualdades regionais

Embora viva atualmente um momento de crescimento, o Nordeste deverá continuar, em 2061, uma região desigual, pobre e em desvantagem econômica em relação ao Sudeste. “Sinceramente, não acredito que em 50 anos consigamos acabar com as desigualdades. Estamos crescendo, é verdade, mas o Sudeste também. É preciso acelerar o ritmo. Nossa participação no PIB é ainda muito pequena”, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE), Roberto Sérgio Ferreira. Na opinião dele, a prosperidade do Nordeste está diretamente relacionada à redução das diferenças de investimentos federais e ao fim do jogo de “perde-perde” da guerra fiscal existente entre os Estados.

Para Ferreira, a realidade nordestina se caracteriza, cada vez mais, por uma grande heterogeneidade decorrente, em grande parte, do caráter seletivo do desenvolvimento e dos investimentos na região. Eles privilegiam áreas nas quais estão presentes vantagens comparativas resultantes, entre outros aspectos, da maior disponibilidade de infraestrutura econômica, de mão de obra especializada e de recursos naturais.

“Pernambuco tem um grande poderio econômico, assim como a Bahia, mas esses dois Estados não conseguem levar a região nas costas. Pernambuco tem três estaleiros, o Ceará nenhum. Pernambuco tem uma refinaria de petróleo em execução, o Ceará tem uma em projeção. Pernambuco tem um super porto, o Ceará tem um porto de médio porte. A Bahia deu sorte de ter petróleo. Então, as diferenças entre os estados do Nordeste existem e isso desfavorece o dinamismo econômico do Nordeste”, comenta.

Pensando no Ceará, particularmente, o presidente do Sinduscon-CE prevê um retrato não muito diferente do atual. “É possível que em, digamos, 10 anos Fortaleza tenha o seu metrô e que o saneamento básico tenha sido consideravelmente expandido. Mas nem em 10, ou 50 anos, deixaremos de ser a terceira potência econômica da região. E isso é uma conclusão matemática, não é empírica. Há mais de cem anos é assim e não é uma situação que possa mudar tão rapidamente. Digo isso porque se não mudam as pessoas, se não mudam os políticos, nada muda. Essa visão, não é uma visão pessimista e sim realista.”, opina Ferreira.

As perspectivas para a construção civil são boas no Nordeste, assim como para o restante do País, avalia o presidente do Sinduscon-CE. O Brasil ainda possui um déficit habitacional elevado e há um forte crescimento do número de famílias, aliado ao aumento da renda da população em geral. Para atender às necessidades das novas famílias, eliminar a precariedade e reduzir a coabitação será necessário construir 23,5 milhões de moradias até 2022 no Brasil e outras tantas até 2061.

O setor continua prometendo para os próximos anos, mas em ritmo menos acelerado. Os principais responsáveis pelo crescimento serão os programas de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa Minha Vida, além de investimentos nacionais e estrangeiros no setor privado e a necessidade de execução de obras de infraestrutura para os eventos esportivo

s previstos para o País: Copa do Mundo, em 2014, e Jogos Olímpicos, em 2016.

“Sustentar o crescimento por mais 50 anos implica na superação de alguns desafios, como o desenvolvimento de novas fontes de financiamento para habitação, inovações tecnológicas e escassez de mão de obra”, conclui.

Transposição do São Francisco

A falta de recursos de engenharia é apontada como a responsável por impedir a realização de um projeto idealizado ainda por Dom Pedro II, por volta de 1847. No decorrer do século XX, no entanto, a proposta continuou a ser defendida. O debate foi retomado por Getúlio Vargas, em 1943. A primeira proposta mais consistente apareceu no governo de João Batista Figueiredo, após a considerada maior estiagem da história, de 1979 a 1983.

Caro, demorado, complexo, polêmico, mas sustentado como necessário para o povo nordestino. O Projeto de Integração do Rio São Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional,ou , simplesmente, Transposição do Rio São Francisco, segue com a promessa de resolver grande parte do problema de distribuição de água do Semiárido do País. O projeto é um empreendimento do Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional. É destinado a assegurar oferta de água, em 2025, a cerca de 12 milhões de habitantes de 390 municípios do Agreste e do Sertão dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

A integração do rio São Francisco às bacias dos rios temporários do Semiárido é avaliada como possível após retirada contínua de 26,4 metros cúbicos por segudno (m³/s) de água, o equivalente a apenas 1,42% da vazão garantida pela barragem de Sobradinho (1850 m³/s), sendo que 16,4 m³/s (0,88%) seguirão para o Eixo Norte e 10 m³/s (0,54%) para o Eixo Leste.Conforme o projeto, nos anos em que o reservatório de Sobradinho estiver com excesso de água, o volume captado poderá ser ampliado para até 127 m³/s, aumentando a oferta de água para múltiplos usos.

O orçamento federal destinou R$ 1,1 bilhão para ser aplicado na transposição em 2011. No total, o projeto prevê um orçamento da ordem de R$ 7 bilhões, informou a assessoria de comunicação do Ministério da Integração Nacional. Atualmente, nas obras da transposição, estão sendo construídos canais, estações de bombeamento, reservatórios, túneis e aquedutos. Conforme o ministério, seguem dentro do cronograma estabelecido. De acordo com os últimos dados do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), referentes a dezembro de 2010, o Eixo Leste, que vai levar água aos estados de Pernambuco e Paraíba, tem 80% das obras realizadas. Já o Eixo Norte, que beneficiará áreas dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, tem 52% de avanço. O Eixo Leste tem conclusão prevista para 2012. Já o Eixo Norte tem conclusão prevista para 2013, informou.

O Velho Chico

O Rio São Francisco foi descoberto em 1502. É considerado o Rio da Integração por ser caminho de interligação do Sudeste e do Centro-Oeste com o Nordeste. Nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais e sua foz é na divisa de Sergipe e Alagoas. No total, percorre 2,7 mil quilômetros. O São Francisco recebe água de 168 afluentes, dos quais 99 são perenes, 90 estão na sua margem direita e 78 na esquerda.

A represa de Sobradinho é que garante a regularidade de vazão do São Francisco, mesmo durante a estação seca, de maio a outubro. A barragem Sobradinho foi planejada para garantir o fluxo de água regular e contínuo à geração de energia elétrica da cascata de usinas operadas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) – Paulo Afonso, Itaparica, Moxotó, Xingó e Sobradinho.

Atualmente, 95% do volume médio liberado pela barragem de Sobradinho, 1.850 metros cúbicos por segundo, são despejados na foz. Apenas 5% são consumidos no Vale. Nos anos chuvosos, a vazão de Sobradinho chega a ultrapassar 15 mil metros cúbicos por segundo.

A irrigação no Vale do São Francisco, especialmente no semi-árido, é uma atividade social e econômica dinâmica, geradora de emprego e renda na região e de divisas para o País – suas frutas são exportadas para os EUA e Europa.

Adaptações ao longo do tempo

– Muitas mudanças ocorreram no projeto desde a sua concepção. O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) apresenta, em 1985, o projeto de transposição que previa a captação, em um único canal, de 300 m³/s destinados à irrigação. O projeto atual não previa a revitalização do Rio São Francisco, apenas a sua integração com os açudes Castanhão, no Ceará, e Armando Ribeiro Gonçalves, no Rio Grande do Norte.

– Em 1994, o Ministério da Integração Regional apresenta uma proposta de captação de apenas 150 m³/s, também para a irrigação e em um único canal, sem revitalização, integrando os açudes Castanhão, Armando Ribeiro Gonçalves e Santa Cruz.

– No ano de 2000, o Ministério da Integração Nacional sugere a captação de 48 m³/s em dois canais, para uso múltiplo, também sem prever a revitalização do Rio São Francisco e integrando os açudes Castanhão, Armando Ribeiro Gonçalves, Santa Cruz, Epitácio Pessoa, Engenheiro Ávidos, Poço da Cruz e Entremontes. O beneficio era para uma população 50% maior do que a dos projetos anteriores. Outros 15 m³/s seriam destinados à irrigação no próprio vale do São Francisco.

– O atual projeto quer captar 26 m³/s, de forma contínua, e excedentes quando houver “sangramento” da barragem de Sobradinho.

Cenário futuro depende de
mudanças políticas

A partir da tese de que fatores naturais, históricos e institucionais são responsáveis pelo atual estágio de desenvolvimento do Nordeste, o economista do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Pedro Jorge Vianna, afirma que as perspectivas para os próximos 50 anos, para a região, não são nada animadoras.

“Fatores institucionais são os principais responsáveis pela baixa prosperidade da região. A ação dos diversos níveis de governo, principalmente do Governo Federal, determinaram a permanência do Nordeste na mesma posição que se encontrava há 50 anos (13% da economia brasileira). Desta forma, como estará o Nordeste daqui a 50 anos, vai depender da ação institucional do setor público brasileiro”, afirma.

Apesar de considerar o Nordeste um canteiro de obras, Vianna constata que os investimentos públicos federais destinados à região giram em torno de apenas 15% do total aprovado para o País. “A continuar esse estado de coisas, não há muita perspectiva de que a região venha a ganhar espaço na divisão do PIB brasileiro”. Para o economista, o mais importante não é que os nordestinos tenham a mesma renda per capta dos habitantes do Sudeste ou do Sul do País, e sim “que tenham condições de uma vida digna, com acesso, em quantidade e em qualidade, aos mesmos bens públicos ofertados em outras regiões”.

Vianna acredita que as obras estruturantes que hoje estão sendo planejadas e executadas na região modificarão o sistema econômico regional, provocando uma elevação nas taxas de crescimento. “A transposição das águas do Rio São Francisco possibilitará a inclusão econômica de uma grande parcela da população nordestina. Também vale citar a melhoria dos portos e a ferrovia Transnordestina, instrumentos fundamentais para o escoamento (e barateamento) do produto regional”, avalia. “Dada a posição estratégica do Nordeste para o comércio internacional, é preciso que as Zonas de Processamento de Exportação, as ZPEs, sejam realmente implantadas. É fundamental, ainda, uma revolução educacional na região, principalmente na educação tecnológica”, complementa.

Ventos: alternativa limpa para
geração de energia

O primeiro aerogerador de energia eólica instalado no Brasil foi na região Nordeste, no arquipélago de Fernando de Noronha (PE), em 1992. Durante os dez anos seguintes, foram instalados outros oito parques eólicos no Brasil, cinco deles no Nordes

te. A Região é o presente e o futuro espaço pra geração da energia alternativa advinda dos ventos.

A capacidade instalada de energia eólica em operação no Nordeste é de 726 megawatts (MW), divididos em 41 parques. O Ceará lidera a geração, com 519 MW, seguido do Rio Grande do Norte (102,1 MW), Paraíba (61,8 MW), Pernambuco (25,2 MW) e Piauí (18 MW).

Diversas empresas investem em energia eólica no NE, entre elas a Bons Ventos, Martifer, Pacific Hydro, Galvão Energia, Energimp (IMPSA), CPFL, Renova, Iberdrola, Bioenergy, DESA-Dobreve, CHESF, Wobben Windpower, Energisa, Contour Global e Gestamp.

O diretor Executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), Pedro Perrelli, falou à Revista O Empreiteiro sobre o cenário da energia eólica no Nordeste.

O Empreiteiro – Qual o presente e o futuro da energia eólica no Nordeste?

Pedro Perreli – A capacidade instalada na Região corresponde a menos de 1% de todo o potencial eólico estimado para o Nordeste pelo Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, publicado em 2001. Na ocasião, foram estimados 143 mil MW de potencial eólico para o País, e cerca de 50% de todo esse potencial, aproximadamente 75 mil MW, estão situados na região Nordeste. Este Atlas, porém, necessita atualizações devido ao fato de que, na época em que foi realizado, as medições ficavam entre 40 metros e 50 metros de altura, medida das torres eólicas comercializadas em 2001. Hoje, essas torres podem superar os 100 metros. Isso significa que o potencial eólico revisado para o Brasil se situa entre 350 mil MW e 400 mil MW.

O Empreiteiro – Quanto o NE já investiu em energia eólica?

Pedro Perreli – Até o momento, estima-se que já foram investidos cerca de R$7 bilhões nos parques no Nordeste já em operação, em construção e em desenvolvimento.

O Empreiteiro – Quais as vantagens de investimento em projetos de energia eólica?

Pedro Perreli – Trata-se de uma energia limpa, ou seja, não emite poluição durante a geração de energia; para seu funcionamento, a energia eólica não precisa de água, seja para limpeza ou para refrigeração do processo; os impactos ambientais para a construção de parques eólicos são pequenos, e o ambiente se restaura com grande rapidez; a indústria eólica gera grande quantidade de empregos: estima-se que já foram gerados cerca de 12 mil empregos diretos e indiretos na energia eólica até o momento, e podem ser gerados outros 50 mil postos de trabalho diretos e indiretos até o final de 2013; o regime de ventos na região NE é complementar com a sazonalidade de produção hidrelétrica no Brasil. Além disso, a energia eólica atrai grandes quantias em investimento.

O Empreiteiro – Que dificuldades são mais acentuadas para a geração de energia eólica ?

Pedro Perreli – As principais dificuldades para o desenvolvimento em grande escala da energia eólica no Brasil e, em particular, no Nordeste, são a baixa oferta de mão de obra capacitada para atuar no setor. Também devem haver mudanças na logística portuária, uma vez que aerogeradores demandam uma logística diferenciada de muitos produtos, devido ao seu grande porte. Devem ser melhoradas as rodovias, devido à necessidade de transportar grandes equipamentos por vias que, atualmente, possuem más condições e portanto limitações quanto à circulação de carretas de grande porte e peso. Também investimentos em linhas de transmissão para a conexão dos parques eólicos ao S.I.M. – Sistema Interligado Nacional.

Parques eólicos no Nordeste

41 parques eólicos em operação

totalizando 726 MW

5 parques eólicos em construção

totalizando 227 MW

119 parques eólicos contratados nos leilões de 2009 e 2010 ainda em estágios iniciais de sua construção

totalizando cerca de 3.300 MW.

Fonte: Asssociação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica)

Fonte: Estadão


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