Máquina e homem: sintonia perfeita

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As grandes estrelas da Equipo Multi Construção 2007 foram as máquinas. Modernas, poderosas e de grande precisão, elas foram apresentadas aos setores de construção industrial e infra-estrutura urbana – um público seleto, ávido por novidades. Era grande a variedade. De robôs de controle remoto que executam trabalhos em ambientes inacessíveis ou hostis ao homem, até plataformas aéreas e telehandlers de grande capacidade. No entanto, no comando dessas máquinas havia homens com muita habilidade técnica, controle emocional, coordenação motora e experiência. Com diferentes idades, trajetórias e formações, os operadores, que emprestavam às máquinas movimentos quase humanos, tinham em comum a paixão pelo que fazem e a vontade de superar limites. É assim que se define Vicente José dos Santos, 52 anos, 29 dos quais trabalhando como operador de máquinas, que deu um show no pit F de demonstração, no comando do guindaste CMG Cacatua, com capacidade de 25 toneladas, dotado de uma lança telescópica capaz de atingir 39 m. O equipamento, de fabricação chinesa, pertence à Locaguind Ltda. Na sua exibição, Vicente encaixou, com precisão e rapidez, dois segmentos de tubos de concreto, atados a correias, sem o auxílio de sinalização no solo, usando apenas os comandos da lança do guindaste. Também depositou, no alto de plataformas suspensas a cerca de 6 m de altura, um caixotão de madeira ultrapassando obstáculos com mais de 12 m de altura. Sua carreira começou em 1978, como motorista de caminhão da empresa Spitalette, transportando pré-moldados. Após cinco anos e meio de trabalho, transferiu-se para a SPIG – Sociedade Paulista de Instalações Gerais, onde teve sua primeira oportunidade de operar um munck. Foi quando tomou gosto pela tarefa. A partir daí não parou mais, sempre buscando trabalhar com máquinas mais potentes e sofisticadas. Depois dos guindastes vieram as retroescavadeiras, carregadeiras etc. Seu aprendizado foi todo construído na prática, a partir da observação de outros operadores e da convivência com os equipamentos. Nunca tinha feito um curso de formação, até que entrou para a Locaguind, em 1995. O segredo para tanta interação e intimidade com as máquinas, segundo afirma, é muita calma, que deixa transparecer na voz pausada e firme e no sorriso aberto. Seu maior orgulho: jamais ter se envolvido em um único acidente. “São máquinas muito caras. Qualquer acidente resultaria em enormes prejuízos. Sem falar na responsabilidade com a vida e segurança dos trabalhadores à minha volta. E olha que eu já operei guindastes em situações muito difíceis, como coberturas de shoppings centers, em horário comercial, onde nada pode dar errado. Orgulho-me da confiança que a empresa deposita em mim”, gaba-se Vicente. Além do reconhecimento profissional, ele se diz recompensado materialmente pela sua dedicação. “Com meu salário comprei terreno, construí minha casa, que depois ampliei, eduquei e paguei faculdade para minhas duas filhas. E ainda comprei um táxi, com o qual pretendo trabalhar depois que me aposentar”, planeja Vicente.

POR ACASO

Com experiência menor que a de Vicente, mas com a mesma vibração, Jorge Miguel Soares, 42 anos, conta que começou a trabalhar como operador de máquinas há cerca de um ano, mais ou menos por acaso. “Eu era pintor profissional de automóveis e fui contratado pela Comingersoll Veículos Automotores para pintar umas máquinas. Mas durante a execução do meu trabalho eu tinha que, a todo o momento, chamar alguém para mudar as máquinas de lugar, para facilitar a pintura. Para não atrapalhar ninguém, resolvi eu mesmo fazer isso e pedi aos operadores que me ensinassem a usar os comandos. Foi quando o pessoal percebeu que eu levava jeito pra coisa. E, de fato, achei tudo fácil. As máquinas respondiam bem aos meus comandos”, observa Jorge Miguel. Não deu outra: pouco tempo depois ele havia trocado as latas de tinta e compressores de ar pelos joystiks de comando das escavadeiras e guindastes e, com um pouco mais de treinamento, já estava carregando caminhões. Para um bom desempenho no novo trabalho, o operador acha que é fundamental autocontrole e “entender” a máquina como uma continuidade do seu corpo. A Equipo MultiConstrução marcou a estréia de Jorge Miguel em exibições públicas. Em uma das pistas ele deu um show no comando de uma mini carregadeira S130, Skid Steer Série K, da Doosan/Bobcat, apresentada pela Comingersoll Veículos Automotores.

VICIADO EM ADRENALINA

“Conhecer e respeitar o limite de cada máquina e sempre sentir um pouco de medo. Porque o medo é o que nos impede de cometer imprudências, arriscando nossa vida e a dos outros.” Para Flávio Alberto Simões, 40 anos, há um ano e meio trabalhando como operador de máquinas da Bilden, estas são as principais regras para uma operação segura. No caso dele, todo cuidado é pouco. No controle de uma plataforma de lança telescópica, por exemplo, ele costuma trabalhar a alturas que variam de 6 m a 45 m. Flávio admite que o gosto pelas emoções fortes foi o que o levou a este tipo de trabalho. “Sempre me senti atraído pelos esportes radicais, principalmente aqueles relacionados à altura. Gosto de pára-quedismo, montanhismo, vôo livre, etc. E quando descobri esse trabalho, soube que era exatamente o que queria fazer. Candidatei-me a uma vaga de operador, fui selecionado, passei por diversos cursos. A dedicação foi tanta que hoje dou treinamento para novos operadores”, orgulha-se. Em seu trabalho, Flávio garante que conhece só de olhar quando um candidato será um bom operador de máquinas ou quando não “leva jeito pro negócio”. Apaixonado pelas grandes máquinas, ele busca aliar o gosto pelas emoções fortes com o profundo conhecimento técnico de cada uma delas, e assim operá-las com total segurança. “Quero conhecer o funcionamento de cada máquina. Estou sempre estudando sua mecânica. Meu sonho é conhecer sua fábrica, nos Estados Unidos, fazer vários cursos, saber mais”, empolga-se. Durante a Equipo MultiConstrução, Flávio apresentou ao público uma plataforma articulada Z-60/34 da Genie do grupo Terex, capaz de atingir uma altura de trabalho 20,10m.

Fonte: Estadão


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