O prédio antigo é o Palacete Dom João VI, tombado pelo patrimônio histórico e construído segundo o conceito de arquitetura eclética. Ele fica próximo ao prédio que um dia abrigou o hospital da Polícia Civil e que é considerado modernista. O primeiro, a ser inaugurado agora em março, abrigará as instalações do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). O segundo abrigará a Escola do Olhar, ambiente preparado para produção e provocação de experiências coletivas, com enfoque principal na formação de educadores da rede pública de ensino.
As obras de adequação de dois edifícios vizinhos, mas de estilos arquitetônicos diferentes, são da responsabilidade da Fundação Roberto Marinho e foram estimadas, originalmente, em R$ 76,6 milhões. Coube ao escritório Bernardes + Jacobsen, do Rio de Janeiro, a elaboração do projeto de arquitetura que especificou e qualificou os serviços de adequação ali executados.
Os arquitetos Thiago Bernardes, Paulo Jacobsen e Bernardo Jacobsen informam que a intenção, quando se debruçaram sobre o projeto, não era fazer retrofits nas duas edificações, as quais documentam a qualidade da arquitetura, em épocas diversas, naquela região da Praça Mauá. Com o andamento dos serviços da elaboração do projeto lhes surgiu a ideia da revitalização e da unificação, mediante a execução de uma cobertura à semelhança de um lençol ondulado sobre os dois prédios.
A cobertura, que se destaca naquele horizonte e chama a atenção de quem observa, de longe ou perto, aquela área, consiste, resumidamente, numa capa de concreto ondulado com 1.500 m² sustentada por 39 pilares, por onde escorrem as águas pluviais. A solução tem um sutil toque carioca: a equipe de carnavalescos do Salgueiro cortou o isopor que serviu de molde para a concretagem da cobertura.
Quem visitar o MAR entra ali pelo pilotis da Escola do Olhar, toma um elevador até o último andar do prédio modernista, cruza uma passarela externa e entra no Palacete Dom João VI, onde poderá ver exposições de vários dos mais significativos artistas plásticos do Brasil e do mundo, além de documentação histórica da cidade.
A empresa que participou da execução de todas as obras civis do MAR, desde a recuperação e reforço das estruturas para recebimento da cobertura fluida e passarela de ligação, até os acabamentos finais e adequações, foi a Concrejato.
Com 1.650 m² de área plana, mais de 70 t de aço, 320 m³ de volume de concreto e 1.800 m³ de forma de isopor especialmente esculpida para o projeto, a execução da cobertura mobilizou cerca de 90 profissionais. A concretagem foi executada de uma única vez, em 13 horas ininterruptas de trabalho.
“Nossa dificuldade inicial era desenvolver as ondas da cobertura. Tivemos algumas ideias que se tornaram inviáveis e então chegamos à ideia de utilizar a forma de isopor, que foi desenvolvida por um artesão de uma empresa especializada em produtos carnavalescos”, explica Felipe Menezes, gerente da obra.
Fonte: Padrão