Parte de uma das maiores iniciativas do Rio de Janeiro para receber os Jogos Olímpicos de 2016, o Porto Maravilha, teve apresentado o projeto vencedor. O trabalho é do arquiteto carioca João Pedro Backheuser. |
O projeto envolve a construção de prédios residenciais de três, dez ou 20 andares em uma das áreas mais degradas do Rio: o entorno da avenida Francisco Bicalho, onde em um extremo se encontra a Rodoviária Novo Rio, já na zona portuária, e no outro a estação de trem da Leopoldina – o trecho entre ambos terminais é de cerca de 1 km; ao longo da avenida, na parte central, percorre o canal do Mangue, um dos percursos de água mais poluidores da baia de Guanabara.
Backheuser afirma que a sua proposta, com variação de andares, se baseou na experiência catalã, em Barcelona. O projeto envolve áreas habitacionais integradas a zonas de comércio, serviços e o espaço público, além de um hotel de luxo de 45 andares. O arquiteto carioca concorreu com 83 projetos. Backheuser pertence ao escritório Blac Arquitetura e Cidade, que se associou ao escritório Alonso Balaguer, de Barcelona, para desenvolver o trabalho.
A parte que será envolvida por esta iniciativa representa cerca de 170 mil m2 de área do projeto Porto Maravilha.
A proposta apresentada pelo arquiteto João Pedro Backheuser tem as seguintes características:
. Criação de uma nova escala de vizinhança que integre os usos específicos dos terrenos leste (residências, espaços comerciais e de serviços) e oeste (hotel 5 estrelas, centro de convenções e centro empresarial), buscando a articulação com um entorno diverso e fragmentado.
. A proposta converte a avenida Francisco Bicalho em eixo monumental e porta de entrada da cidade, ao mesmo tempo em que recebe um desenho urbano que humaniza o seu aspecto e funcionalidade.
. No terreno leste, criou-se um tipo de ordenação não convencional para conferir certa originalidade a um espaço aparentemente residual da área portuária, através do uso misto com unidades residenciais, espaços comerciais, de serviços e áreas públicas. A morfologia urbana configura uma ocupação híbrida onde ruas, praças e edifícios sejam indissociáveis. A distribuição de usos é totalmente flexível (uma largura única, 15 metros, com alturas variáveis de 1 a 30 andares), onde aqueles de caráter público foram colocados nas ruas principais, e os privativos (residencial) nas ruas secundárias e nos pátios interiores das quadras, buscando assim uma maior tranquilidade. Foram criadas pequenas praças e ruas ladeadas de árvores e calçadas cômodas para os pedestres.
. No terreno Oeste a proposta oferece uma ordenação de caráter mais monumental para adequar o programa e a escala dos equipamentos através de uma grande praça elevada de uso público (um embasamento de 3 andares e 15 m de altura), que envolve o centro de convenções, o hotel e o centro empresarial. Esta proposta rompe com a estrutura de divisão dos terrenos fragmentada e concilia uma escala do pedestre em relação à avenida Francisco Bicalho.
. A implantação da rua intermediária que conecta a Avenida Brasil com a avenida Francisco Bicalho permitiu duas estratégias distintas: os equipamentos de caráter público possuem os seus acessos ao longo da avenida Francisco Bicalho (centro de convenções e hotel), enquanto o principal acesso ao centro empresarial está localizado na rua Melo e Souza.
. O lado oeste tem um papel importante da logística necessária para o centro de convenções. O hotel adota a função de marco e farol para a cidade com 45 andares. A base do edifício tem a geometria retangular, e à medida que ganha altura se realinha em relação à avenida Francisco Bicalho, no seu coroamento. Trata-se de um edifício singular e de aspecto mutante, com uso misto que apresenta geometrias, aparências e cores diferentes ao longo do dia.
.Todas as arquiteturas foram pensadas para um bairro sustentável onde se incluem conceitos de economia energética e respeito ao meio ambiente.
Rio 2016: obras em fase inicial
As principais obras no Rio de Janeiro para receber os Jogos Olímpicos ainda se encontram em fase inicial, faltando pouco menos de 5 anos para o acontecimento – o país foi indicado para sediar a Olimpíada em outubro de 2009. Os trabalhos se dividem basicamente em mobilidade urbana, complexos olímpicos e revitalização de áreas degradadas, como a zona portuária.
A linha 4 do metrô, em obras desde o ano passado e que deverá estar finalizada em dezembro de 2015, terá 14 km de extensão, ligará a estação da Praça General Osório, em Ipanema, até a Barra, passando pelos bairros Leblon, Gávea e São Conrado – serão seis estações no total. Serão investidos R$ 5 bilhões neste trecho do metrô carioca. Uma dificuldade na obra apontada por especialistas diz respeito ao projeto de engenharia, que está sendo desenvolvido simultaneamente à construção.
Além disso, haverá um corredor expresso de ônibus articulado (Bus Rapid Transit – BRT) da Zona Oeste (Santa Cruz e Campo Grande) até a Barra da Tijuca. Em construção desde julho de 2010, terá 56 km e as obras estão na primeira fase. Chamado de Transoeste, serão investidos R$ 1,2 bilhões na iniciativa.
Haverá ainda a chamada BRT Transcarioca, também já em construção, que ligará a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, passando por bairros como Jacarepaguá, Campinho, Madureira e Penha, com 39 km de extensão. O custo da obra é de R$ 1,3 bilhão. As obras começaram em março.
Por fim, uma via BRT fará a ligação direta entre a Barra da Tijuca e Deodoro – chamada TransOlímpica -, com 26 km. O investimento estimado é de R$ 1,4 bilhão. O início das obras só começa no ano que vem.
O Parque Olímpico da Barra da Tijuca, onde se concentrará o maior número de equipamentos dos Jogos Olímpicos do Rio (e que depois se transformará em área urbana de uso diversificado), ainda não teve definição de como será o projeto.
A Vila Olímpica ou Vila dos Atletas será construída na Barra da Tijuca em parceria com a construtora Carvalho Hosken. O local terá 48 edifícios de 12 andares, totalizando 2.248 apartamentos. A conclusão do projeto executivo se deu somente em maio de 2011.
A revitalização da zona portuári
a do Rio de Janeiro, o chamado Projeto Porto Maravilha, a maior intervenção urbana fora da Barra da Tijuca, revitalizará 5 milhões de m² da região ao custo de R$ 4,1 bilhões. Desde o início do ano passado em obras, os trabalhos no local entraram na segunda fase. A iniciativa prevê a construção de hotéis, centros de convenção, áreas comerciais, residenciais e de lazer. Vários equipamentos voltados exclusivamente para atender atividades da Olimpíada ficarão no local. As intervenções de infraestrutura serão todas alinhadas com projetos ambientais.
O complexo esportivo para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, está praticamente pronto há pouco menos de um ano para a realização do megaevento esportivo. Com uma preocupação centrada no desenvolvimento da região onde está estabelecido, o bairro Stratford, que por muitas décadas foi uma região marcada por dificuldades de transporte e lazer, além de certo abandono das autoridades, a construção do complexo teve um componente importante no âmbito da engenharia para que tudo desse certo para a sua execução.
Assim que a capital inglesa foi anunciada sede da Olimpíada, há sete anos, um mês depois, as obras para receber o megaevento já contavam com um consórcio de empresas gerenciadoras com larga experiência — CH2M Hill, Laing O’Rourke PLC e Mace — que passou a administrar os inúmeros contratos futuros com empresas de projetos a construtoras. A medida da organização local visava atender às exigências que viriam com todos os trabalhos a serem realizados em Londres. Fundamental para a coordenação das iniciativas, principalmente no cumprimento de prazos e custos previstos nas obras, a tarefa de gestão de engenharia assegurou e deu mais credibilidade na realização das atividades demandas por conta dos Jogos, principalmente aos olhos do público.
“A gestão é estratégica”, destaca Roberto Marques, professor de capacitação em Gestão de Empreendimentos e Operações na Construção Civil da Fundação Vanzolini. Segundo ele, a área se divide em gestão do projeto e da execução. “Na função, é preciso acompanhar prazo, qualidade e custo”, explica.
Porém, ele descarta a qualidade dos profissionais que exercem hoje a atividade para a Copa do Mundo no Brasil como responsáveis pelos atrasos nas obras. “O problema não tem sido competência dos profissionais, mas sim os atores políticos que normalmente existem nessas circunstâncias”, explica Marquês.
De acordo com o professor, o gestor de empreendimento deve ter perfil técnico e político para atuar na área. Para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, embora diversas empresas internacionais estejam interessadas em compor um consórcio para gerir os contratos para desenvolvimento e execução de obras, como a americana CH2M Hill (a mesma que compôs o consórcio de Londres na área), a questão ainda não foi definida pelo Comitê Organizador Local. Isso significa que não há gerenciadores ainda contratados para essa função crucial.
Jogos Militares: a primeira prova de fogo
O 5º Jogos Mundiais Militares, realizado em julho, com a presença de aproximadamente 6 mil atletas de cerca de 90 países, além de comissões técnicas e jornalistas, foi a primeira prova de fogo do Rio de Janeiro do que será daqui para a frente com a realização de eventos esportivos importantes na cidade até os Jogos Olímpicos.
As praças esportivas utilizadas no Pan-Americano de 2007 foram basicamente as usadas para sediar as modalidades esportivas dos chamados Jogos da Paz. Ainda sim, houve atrasos na reforma e preparo de algumas instalações para a competição.
Do orçamento de R$ 1,4 bilhão do Ministério da Defesa do Brasil para realizar o megaevento, R$ 400 milhões foram destinados à construção de três vilas olímpicas – Campo Grande (Vila Branca), Deodoro (Vila Verde) e Campos dos Afonsos (Vila Azul) — para receber os atletas.
A Vila Verde é composta por 17 blocos de seis andares cada, com 408 apartamentos. Já a Vila Branca conta com 22 blocos de três andares cada, com 396 apartamentos. A Vila Azul disponibilizou 402 apartamentos distribuídos em 67 blocos de três andares cada. Os prédios serão usados após os Jogos como alojamento de militares. Parte do complexo da vila também será utilizada na Olimpíada de 2016. Os imóveis foram construídos pela Carioca Engenharia, Augusto Velloso e Lopez Marinho.
Para o Pan-Americano de 2007, ressalta-se que muitos projetos de infraestrutura sequer foram iniciados e as próprias instalações esportivas do evento são subutilizadas.
Fundação usa estacas raiz tipo parafuso
A Oriente Construção Civil está executando um novo hospital em Saquarema, na região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro,. com mais de 10 mil m2 de área construída. Foi adotado no preparo da fundação o método de estaca raiz tipo parafuso (ATLAS JET). Essa solução é uma inovação no país, e consiste em três etapas: (1) perfuração, (2) armação e (3) concretagem, sendo que a armação consiste na própria tubulação metálica utilizada para a perfuração e a realização da concretagem,o que permite a construção de uma base sólida para a execução dos demais serviços em um espaço de tempo muito inferior ao das outras formas de estaqueamento. No momento, a obra está na etapa de montagem das estruturas.
O hospital contará com modernas instalações, possuindo leitos para internação e para observação em emergência. Contemplará, também: centro cirúrgico, maternidade, salas de radiografia, tomografia e ultrassonografia, UTI, enfermaria e clínicas em geral. A Oriente acaba de completar 15 anos de atividades.
Inca integra suas unidades
Principal centro de desenvolvimento científico e de inovação para o controle do câncer no país, o Instituto Nacional de Câncer – (Inca), no Rio de Janeiro, consolidou sua liderança absorvendo três hospitais existentes e implementando um programa de qualidade total. Agora, sente a necessidade de integrar suas unidades.
Neste projeto específico, o Inca conta com o consórcio MHA Engenharia-RAF Arquitetura une sua ex
periência à consultoria da Cannon Design. A arquitetura, que une também conta com a consultoria da Bross Consultoria e Arquitetura.
Uma série de ações previstas no projeto de integração do Inca tem a sustentabilidade como premissa: canteiro de obras de baixo impacto, cobertura verde, uso de tintas a base de água nas áreas internas, elevadores inteligentes, torneiras com temporizador de vazão e arejadores, vasos sanitários com válvula de duplo fluxo, reuso de água, valorização da iluminação natural, lâmpadas de alta eficiência e baixo consumo, coleta seletiva de lixo e gestão de resíduos, coletor solar para pré-aquecimento da água, células fotovoltaicas para geração de energia elétrica, pavimentação drenante, proteção solar nas fachadas, bicicletário etc.
O Inca já é referência na pesquisa e controle do câncer, e após a reforma se tornará o maior campus público de diagnóstico da América Latina. Ele servirá de modelo para os Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia. Além de 14 salas de grande porte, o novo centro cirúrgico também conta com duas salas preparadas para robótica e procedimentos minimamente invasivos. Um programa para teste de novas drogas, banco de sangue de cordão umbilical e placentário ampliado e um Ciclotron na nova unidade de produção de radiofármacos também estão previstos no projeto MHA-RAF.
O foco do projeto de arquitetura é a integração. O ponto de partida da implantação é um grande e acolhedor pátio interno, com uma praça central. Ela proporcionará conforto e segurança aos frequentadores, com acolhimento necessário e com fácil acesso aos setores do estabelecimento. Os transeuntes também poderão cruzar o local – o que permite a integração do Inca à cidade. Em torno da praça central estarão os blocos – um edifício existente, que será reformado, e três blocos novos.
Fonte: Estadão