Volume de investimentos já se iguala aos números de 2008,
mas pesquisas geológicas registram queda de recursos
Oano de 2010 está sendo muito bom para a mineração no Brasil. Pode-se dizer, que se encontra até muito acima das expectativas. O motivo é simples: um ano antes do que era previsto, o setor recuperou a capacidade de investimento, chegando, em abril, ao volume de US$ 54 bilhões para o período de 2010 a 2014. Este número está bem próximo daquele do cenário de julho de 2008, antes da eclosão da crise financeira mundial, quando os recursos para investimento foram de US$ 57 bilhões. Para o diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Camillo Penna, este fato foi uma surpresa. "Acreditávamos que só retomaríamos o patamar pré-crise em 2012. Agora isso vai ocorrer já em 2011", avalia.
A evolução positiva vem-se manifestando desde abril de 2009, quando o valor estimado de investimentos chegou a US$ 47 bilhões para o período de 2009 a 2013, subindo para US$ 49 bilhões em janeiro de 2010.
Outro aspecto a ser levado em conta é que a produção mineral brasileira também está se recuperando, mantendo-se num patamar que é considerado promissor pelos analistas. Em 2008, ela foi de US$ 28 bilhões, despencando para US$ 24 bilhões em 2009 – redução de 14% – pondo um ponto final no ciclo de expansão que vinha ocorrendo desde 2000 e que chegou a uma variação positiva acumulada de 250%. Mesmo com essa queda, o setor mineral representou 50% do saldo da balança comercial brasileira em 2009, um pouco menor do que o resultado de 2008, que foi de 53%. Para 2010, a previsão é de uma produção equivalente a US$ 30 bilhões.
Segundo Paulo Camilo Penna, os investimentos em curso são significativos e visam a atender ao crescente processo de verticalização da indústria, bem como às exportações. Exemplo dessa expansão é o segmento de alumínio e os projetos de bauxita e alumina, entre 2010 e 2014, e que incluem a instalação de uma refinaria em Barcarena (PA) e a segunda fase do projeto Juruti, da Alcoa, no mesmo Estado.
O que preocupa analistas é a perda de terreno no campo das pesquisas geológicas do Brasil para países como Chile e Peru. Apenas três depósitos minerais de vulto foram descobertos de 1988 para cá no País. A reposição das reservas, como as de cobre e ouro, também não acompanham o crescimento da demanda. Com exceção das de ferro, que podem durar mais de 400 anos, "há poucas novas opções, a médio e longo prazos, e a perspectiva é estagnar-se a produção e depois vê-la cair", afirma o consultor Luciano de Freitas Borges, ex-secretário de Mineração do Ministério de Minas e Energia.
Barro Alto
O Projeto Barro Alto, de produção de ferroníquel em Barro Alto (GO), da Anglo American, tem custo de US$ 1,8 bilhão. Entrará em fase operacional em dezembro próximo, com 88,6% de suas atividades concluídas em abril último. "A fase dos projetos de engenharia está terminada e 79,3% da construção, com destaque para a montagem dos fornos elétricos, calcinadores, infraestrutura e área de preparação de minério, está realizada", informa Walter De Simoni, presidente da Anglo American Negócio Níquel Brasil.
As operações estão recebendo neste ano US$ 540 milhões. O comissionamento da planta foi iniciado e, a partir de janeiro de 2011, está prevista a produção comercial, cuja capacidade será de 36 mil t/ano de níquel, por 26 anos.
Outro empreendimento da empresa na área de níquel é o Projeto Jacaré, para aproveitamento dos recursos da reserva encontrada 60 km ao norte de São Félix do Xingu, na região de Carajás (PA). De acordo com Walter De Simoni, os investimentos serão superiores aos de Barro Alto.
MMX
"Estamos preparando a MMX para o novo ciclo de investimentos e para a nova realidade de oferta, demanda e preços de minério de ferro", informa Roger Downey, presidente e diretor de Relações com Investidores da MMX. A empresa quer expandir sua capacidade produtiva para 45 milhões t de minério de ferro nos próximos seis anos, incluindo a futura produção no Chile por meio da subsidiária local.
O porto Sudeste, da LLX Logística (do mesmo grupo), em Itaguaí (RJ), em fase de construção, será a principal via de exportação da produção do Sistema Sudeste, a partir de 2011, com duas minas de minério de ferro em Serra Azul (MG). Em Bom Sucesso (MG), a MMX possui direitos minerários em uma área de 756 ha, na qual será instalado novo sistema integrado de minério de ferro, agora em fase de licenciamento e pesquisas geológicas. Seu objetivo é aumentar a capacidade de produção para aproximadamente 33 milhões t de minério em Minas Gerais.
Pedra de Ferro
A partir de 2013, quando entrar em operação plena, a mina de Caetité, da Bahia Mineração (Bamin), estará produzindo 22 milhões t/ano de concentrado de ferro. No Projeto Pedra de Ferro está sendo investido cerca de US$ 1,6 bilhão. Situado em Caetité, a 757 km de Salvador, este é o maior projeto da Bahia atualmente e tem por objetivo fornecer para a indústria siderúrgica. De acordo com o diretor Maurício Rocha Drumond, a mina demandará de quatro a seis meses a partir do start up para atingir a capacidade plena de exploração.
Planalto do Piauí
Em fase de avaliação qualitativa e quantitativa do Sistema Ferrífero Massapé-Manga Velha e corpos associados, localizados nos municípios de Paulistana, Curral Novo e Simões, no Sul do Piauí, o depósito do Projeto Planalto – Minério de Ferro, há pouco divulgado pela empresa GME4, tem potencial estimado, inicialmente, em 882 milhões t, com vida útil de 17 anos, a partir de 2013. O investimento total a ser aplicado é de US$ 1 bilhão, com uma produção inicial de 20 milhões t de concentrado tipo pellet feed.
Juruti
Os depósitos de bauxita da mina de Juruti,em Juruti (PA), com potencial de reserva de 700 milhões t, atenderão à crescente demanda das operações da Alcoa, permitindo, inclusive, a expansão da refinaria Alumar – Consórcio de Alumínio do Maranhão, em São Luís (MA). Na fase atual, a companhia extrai 2,6 milhões t/ano, volume que já permite cobrir as necessidades de ampliação da Alumar.
Até o primeiro semestre de 2011, a Alcoa, que já aplicou R$ 3 bilhões na mina, irá investir mais R$ 500 milhões em obr
as complementares. "Não estão ainda sendo considerados os recursos de capital com expansão", informa José Carlos Vieira, gerente geral de Operação da mina de Juruti. O investimento no local integra o pacote de R$ 5 bilhões que a Alcoa reservou para o Brasil desde 2008, que inclui também refino de alumina e geração de energia elétrica, destacando-se como o maior aporte já feito em um único país em toda a história da Alcoa.
Carajás Serra Sul
Considerado o maior projeto da Vale e o maior da indústria de minério de ferro em todo o mundo, Carajás Serra Sul (mina S11D), em Canaã dos Carajás (PA), receberá este ano US$ 1,126 bilhão. De acordo com a companhia, na fase inicial, Carajás Serra Sul acrescentará 90 milhões t/ano à capacidade de produção da Vale. A maior parte dos recursos, cerca de US$ 7,8 bilhões, será destinada à expansão da infraestrutura logística – ferrovia e terminal marítimo – de modo a aumentar a capacidade de embarque do Sistema Norte para 230 milhões t até 2015.O projeto está sendo detalhado, simultaneamente à cotação de equipamentos e serviços, e sua conclusão está prevista para 2013.
A Vale investirá este ano US$ 12,9 bilhões, a maior parte em pesquisa e desenvolvimento, projetos greenfield e brownfield.
Usiminas anuncia investimento de R$ 4,1 bilhões
para avançar nos segmentos
de mineração e logística
Para expandir suas atividades incluindo atuação em mineração e logística, a Usiminas criou a Mineração Usiminas, que terá como sócio estratégico a Sumitomo Corporation. A empresa japonesa terá participação de 30% no capital, mediante subscrição de novas ações no valor de até US$ 1,929 bilhão.
Além do aporte, a Sumitomo, que é uma das maiores comercializadoras do Japão de commodities, agrega ao negócio expertise mercadológica e amplo conhecimento do mercado global de minério de ferro. No total, a nova empresa terá um valor estimado em US$ 6,4 bilhões.
A Mineração Usiminas atuará de forma integrada, gerenciando as operações de mineração, transporte ferroviário e portuário. A nova empresa representa um avanço no processo de geração de valor por meio da verticalização do fluxo produtivo, permitindo também ao mercado precificar melhor esses ativos.
Além de passar a deter as quatro minas que a siderúrgica possui na região de Serra Azul (MG) e as participações societárias em terminais de embarque de minério na mesma região, a Mineração Usiminas ficará com 83,3% da participação que a Usiminas possui no capital da MRS Logística e com o terreno na Baía de Sepetiba (RJ), adquirido em 2008 para a construção de um terminal portuário.
O plano da nova empresa prevê investimentos de R$ 4,1 bilhões até 2015, que serão aplicados em projetos de instalações industriais, equipamentos, barragens e terminais de embarque, dentre outros.
As minas produziram 5,5 milhões t de minério em 2009 e deverão fechar 2010 com 7 milhões t. O planejamento prevê a ampliação do volume extraído para 29 milhões t em 2015.
Pelotização
A Usiminas Mineração também poderá ter uma unidade de pelotização de minério, com investimentos de US$ 800 milhões a US$ 900 milhões e capacidade de produção de 7 milhões t. Os recursos para essa unidade não estão incluídos nos R$ 4,1 bilhões de investimentos anunciados para a nova empresa até 2015.
Vale programa R$ 24, 5 bilhões
para projetos no Brasil