“Hora de crise é hora de renovação”, dizem empresários que não se deixam abater pela corrente do pessimismo provocado pela contração da economia global. Eles raciocinam com os pés no chão, embora saibam que o Brasil não está imune aos efeitos da debâcle iniciada com a quebra das instituições norte-americanas Freddie Mac e Fannie Mãe e, em seguida, do banco Lehman Brothers. (Sobre a crise, ler na seção Economia, desta edição de O Empreiteiro, análise da revista britânica The Economist).
O que se impõe, no entendimento dos empresários, conforme deixou claro o 3º Encontro Nacional da Indústria, que reuniu em Brasília, dia 28 deste mês, cerca de 1000 lideranças de diversos segmentos industriais, incluindo os da Engenharia e da Construção, é uma revisão de cenários e a montagem de uma agenda, a partir da qual o País aumente a sua capacidade de enfrentar as atuais turbulências para continuar em sua rota de crescimento.
Algumas medidas estão sendo adotadas como resultado de estratégias já estabelecidas pelo governo. Uma delas se refere à manutenção, no Orçamento da União para o exercício de 2009, de recursos da ordem de R$ 21,2 bilhões para o prosseguimento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento na área de infra-estrutura, em especial logística de transportes, energia e saneamento. Os cortes, conforme tem afirmado o relator do projeto da lei orçamentária, senador Delcídio Amaral, deverão se concentrar no custeio de máquina pública e em outros investimentos, seguindo uma escala de prioridades.
Outra providência foi a abertura de linhas de crédito de cerca de R$ 3 bilhões para as empresas da indústria da construção imobiliária que precisem de capital de giro. Tal importância poderá chegar a R$ 10 bilhões, se os bancos privados também decidirem optar pelo lançamento de linhas de crédito com a mesma finalidade.
Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), resolveu assumir um papel-chave, no atual momento econômico: pretende desembolsar R$ 85 bilhões este ano e projeta a possibilidade de injetar mais R$ 10 bilhões ou R$ R$ 20 bilhões para suprir a escassez de capital que, em situação de normalidade, seria disponibilizado no mercado pelas instituições privadas.
Com base nessas providências, os empresários se revelam convencidos de que, apesar de tudo, “o País tem muitas oportunidades de investimentos, um mercado doméstico amplo e uma economia que vem de um período de expansão”.
Nesse sentido, identificam a prioridade das seguintes ações estruturantes: 1. Enfrentar a questão tributária (reforma, carga e burocracia, com foco na desoneração dos investimentos e das exportações); 2. Privilegiar os investimentos públicos, notadamente em infra-estrutura; 3. Reduzir encargos para contratação de mão-de-obra; 4. Melhorar a logística e avançar no aperfeiçoamento de marcos regulatórios, com ênfase para a Lei do Gás e para a situação dos portos e 5.
Aperfeiçoar o marco regulatório do meio ambiente de modo a favorecer as condições adequadas aos investimentos.
A boa disposição dos empresários, para continuar apostando no crescimento do País, tem exemplos, nesta edição da revista, nos cases e nas obras das três eleitas como Empresas de Engenharia do Ano: a Carioca Christiani-Nielsen, eleita a Construtora do Ano e cujo histórico de empreendimentos – Estádio do Maracanã, Ponte Rio-Niterói, Barragem do Funil e, mais recentemente, o terminal portuário da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e o Terminal de Gás Natural Liquefeito da Petrobras, na Baia de Guanabara – se confunde com a evolução da Engenharia brasileira da década de 1940 até aqui; a Concremat Engenharia, eleita a Empresa de Projeto e Consultoria do Ano, com origem nos idos da construção de Brasília e que se projetou nacionalmente com obras memoráveis, incluindo, atualmente, contratos tais como os da transposição do rio São Francisco, Transnordestina, Comperj e obras no exterior; e a Construteckma, escolhida como Empresa de Montagem do Ano. Esta, fundada em 1991 e redirecionada em 1996 para o segmento industrial, está presente em notáveis plantas industriais: a unidade de Telêmaco Borba (PR), da Klabin e montagens para a Petrobras, CSN, Gerdau, ThyssenKrupp e outras. As três Empresas de Engenharia do Ano há muito tempo aboliram a palavra crise do vocabulário que utilizam no dia-a-dia.
Fonte: Estadão