Inundações na rodovia Raposo Tavares, na saída para a Capital paulista, provocaram transtorno para empresários, entre eles o diretor editorial da revista O Empreiteiro, Joseph Young, que só conseguiu chegar a Munique, para a feira de equipamentos de construção mais importante da Europa, 40 horas depois da data do vôo em que deveria embarcar. – Tudo, seguindo ele, decorrência “dos problemas que tornam o Brasil um dos países mais paradoxais do mundo”. A viagem estava agendada para o dia 21 de abril último. Enquanto o Ministério dos Transportes informava que após um ano de demora, os novos editais da 2ª etapa de concessão das rodovias federais, adiada diversas vezes, passaram a incorporar as exigências feitas pelo Tribunal de Contas e poderão ser publicados em breve no Diário Oficial da União, naquele dia, um sábado, chuvas torrenciais provocavam inundações na Região Metropolitana de SãoPaulo, interrompendo o tráfego nas rodovias Raposo Tavares, na altura do km 16, e na Regis Bittencourt, no trecho de saída da capital. As duas rodovias ficaram interrompidas por cerca de duas horas, até que as águas baixassem. Os telefones da Policia Rodoviária e do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT, antigo DNER) estavam ocupados, como sempre ocorre nessas situações. Por sorte, os motoristas que caíram na armadilha das chuvas tiveram uma alternativa – a rádio Sul América, uma seguradora, que transmite as reclamações via celular dos motoristas insulados pelas águas e monitora os congestionamentos e as conseqüências deles em tempo real. Na segunda-feira seguinte, dia 23 de abril, seriam abertos oficialmente os portões da Bauma 2007, em Munique, Alemanha, a maior exposição mundial de equipamentos e sistemas de construção. Joseph Young, a exemplo de outras pessoas, incluindo empresários que seguiam para o Aeroporto Internacional de Cumbica, tinha vôo marcado para o evento e ficou preso no congestionamento que se formou ao longo da Raposo Tavares, pista interior-capital. Ele não só perdeu aquele vôo como não teve possibilidade de remarcar a passagem para o vôo do dia seguinte. De modo que optou por seguir para Miami, EUA, a fim de lá voar para Frankfurt e, depois, para Munique. A peripécia para chegar àquela feira de construção, contando a espera nos aeroportos, durou 40 horas. O paradoxo está no fato de que essas inundações são recorrentes nos mesmos trechos rodoviários, sempre que há chuvas torrenciais. E o pessoal do DNIT e de outros órgãos técnicos está cansado de saber disso. Como são ocorrências mapeadas e registradas e até de domínio público, uma pergunta se impõe: Por que os órgãos rodoviários responsáveis não contratam as obras de drenagem necessárias naqueles locais para solucionar essas inundações de forma definitiva? Tais obras podem ser realizadas inclusive pelo MND -Método não-Destrutivo, utilizando perfuratrizes direcionais que dispensam a interdição das pistas, fazendo furos controlados que podem ser revestidos a seguir. Mas aí vem a clássica desculpa das autoridades alegando escassez de verbas, etc. etc. Joseph Young afirma que, se concessionárias privadas operassem aquele trecho da Raposo Tavares até Cotia e o trecho da Régis Bittencourt, esses problemas já estariam resolvidos. É claro que nesse caso talvez houvesse a necessidade da cobrança de pedágio e, pedágio, é um palavrão para algumas correntes da política brasileira, que preferem manter as rodovias congestionadas, inundadas na época das chuvas e esburacadas, do que resolver um problema que afeta milhares de pessoas, incluindo aquelas que precisam viajar para o exterior.
Fonte: Estadão