Sistema construtivo industrializado agiliza o tempo de construção de moradias para pessoas desabrigadas pelas chuvasA chuva que atingiu o Vale do Paraíba nos primeiros dias de 2010 causou danos em cidades da região e alagou a cidade histórica de São Luiz do Paraitinga, onde aproximadamente 9.000 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas. Dessas, quatro mil perderam suas moradias e nem o abrigo da Prefeitura foi poupado da força da enchente.Tão logo a água começou a baixar uma força tarefa de voluntários da cidade e de outros estados iniciou o trabalho de reconstrução. Técnicos e especialistas em restauração do patrimônio histórico chegaram à cidade e colocaram seus conhecimentos para reerguer a cidade. Muitos moradores se ajeitaram em casas de parentes, outros mudaram, mas ainda assim, havia um contingente de desabrigados que precisava de novas residências com a máxima urgência. O desafio estava posto.A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de São Paulo, órgão da Secretaria da Habitação,contratou a Associação Brasileira de Cimento Portland para assessria nas obras tornando-se responsável pela articulação com fornecedores, ajuda no controle de qualidade do concreto e na execução da infraestrutura ligada à pavimentação. O Sistema Construtivo Industrializado de Concreto PVC foi escolhido para agilizar a construção das novas moradias. Ele emprega perfis leves pré-dimensionados e modelares de PVC de simples encaixe, para a montagem das paredes. Os perfis são preenchidos com armadura de concreto fluido, que resulta numa estrutura de alta resistência térmica, acústica e mecânica, podendo ser aplicados em outros tipos de projetos. As paredes, tanto na face interna como na externa, não necessitam de revestimentos, pinturas ou tratamentos. Para efeito decorativo, aceitam pinturas e revestimento como azulejos ou cerâmicas. O diretor de Relações Institucionais da ABCP, Mário William, detalha: "As instalações elétricas e hidráulicas são constituídas por kits pré-instalados nos perfis, antes da concretagem, sempre no sentido vertical. Entrando pela parte superior do pé direito, ou pela inferior (base de concreto), os tubos têm um curso percorrido dentro dos painéis, favorecendo a localização dos diferentes circuitos. Já as lajes são feitas com sistemas convencionais".Utilizando o sistema, e contando com uma média de 60 operários, e até 200 no pico, a CDHU entregou 151 moradias em São Luiz do Paraitinga em tempo recorde de oito meses. Em setembro de 2010, estavam prontos 106 sobrados de 54,86 m² com dois dormitórios e uma garagem coletiva para cada bloco (dividido em fileiras de seis unidades).Ao mesmo tempo, também foram entregues 45 casas de 65m² de área construída, isoladas, com três dormitórios e garagem. Cada casa térrea levou, em média, 11 dias para ficar pronta e cada fileira de seis sobrados ficou pronta em 15 dias. A construção do conjunto levou 225 dias (oito meses), tempo muito inferior ao atendimento em outras cidades do país que tiveram o mesmo problema diante de emergências provocadas pelas enchentes. Na época da entregas dos imóveis, o governo autorizou a construção de outras 100 novas unidades na cidade, número que suprirá o déficit habitacional. Nas moradias entregues foram investidos R$ 17,4 milhões. Mário William faz questão de destacar: "Na realidade os 225 dias foram contados a partir da contratação da obra. Efetivamente, as 151 unidades foram construídas em 160 dias (pouco mais de cinco meses). Isso porque aplicando o sistema industrializado foi possível diminuir ao máximo o tempo de construção, levando em consideração o layout do canteiro de obras e a industrialização, bem como a logística de edificação", conclui.Construção de Unidades Habitacionais em São Luiz do Paraitinga (SP)Unidades: 151Método: Sistema Construtivo Industrializado de Concreto PVCTempo de construção: oito mesesCusto: 17,4 milhõesMão de obra: 60 profissionais em médiaDivisão das equipes em trabalho simultâneoMarcação do radie e montagem da grade - 4 pessoasConcretagem - 5 pessoasLaje - 6 pessoasTesoura e Telhas - 6 pessoasEletricistas - 2 pessoasAcabamento (piso, louças, metais, etc) 2 pessoas Fonte: Estadão