“O aumento do déficit internacional de infraestrutura é, em grande parte, impulsionado pelo fenômeno da migração em massa para as cidades. Ele transforma economias rurais em economias urbanas. E a natureza informal, não organizada e ilegal da maior parte do crescimento urbano no mundo em desenvolvimento, está criando tal demanda por capital de investimento, que dificilmente será possível que ela seja obtida por meios convencionais.”
A conclusão acima é corroborada por representantes de empresas internacionais de engenharia, que se reuniram no Rio de Janeiro em outubro último na conferência internacional de infraestrutura promovida pela Federação Internacional de Consultores de Engenharia (Fidic), realizado pela Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE). O pensamento central ali difundido foi exposto, em palestra, por Hernando de Soto, economista internacional e presidente do Instituto para a Liberdade e Democracia, do Peru.
O palestrante enfatizou que os governos e a sociedade têm encarado os imigrantes urbanos, invariavelmente, como um fardo a ser resistido, quando a realidade demonstra a necessidade de ampliação das condições de investimentos em obras e serviços para a melhoria e ampliação da oferta de infraestrutura.
Durante o evento foi divulgado o relatório do Mckinsey Global Institute, demonstrando que, para manter o ritmo compatível de desenvolvimento global, é preciso projetar uma estimativa de US$ 57 trilhões de investimentos em infraestrutura até 2030.
A plenária que enfocou essas questões teve a presença dos palestrantes Ede Jorge Iijasz-Vasquez, diretor sênior do Urbano Rural & Prática Global de Desenvolvimento Social do Banco Mundial; Luciano Coutinho, presidente do BNDES; Nestor Roa, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e Antonio Sosa, vice-presidente de Infraestrutura do Banco de Desenvolvimento da América Latina.
Mauro Viegas Filho, presidente da ABCE, avalia que o encontro enriqueceu os debates sobre infraestrutura, mostrando a necessidade de “se fazer mais, embora com menos, mas de modo criativo, lançando mão de todos os recursos da engenharia”. (Nildo Carlos Oliveira)