Vinda da BMW ainda não trouxe a enxurrada de fornecedores que Araquari (SC) esperava, mas colocou a cidade no mapa de negócios brasileiro
Lúcio Mattos – Joinville (SC)
Nos bastidores da indústria de autopeças catarinense há queixas de que os alemães têm se mostrado bem menos abertos à nacionalização de componentes do que o esperado, mas isso não quer dizer que o município não tenha se beneficiado da sua chegada.
Se a montadora não atraiu diretamente o volume de novos negócios que se esperava, acabou servindo como um chamariz, que fez com que outras empresas descobrissem o município.
A grande vantagem competitiva que a vinda dos alemães tornou notória, explica Clenilton Carlos Pereira, secretário de Desenvolvimento Econômico de Araquari, é a logística: “Somos cortados por duas estradas federais (BR-101 e BR-280), há quatro portos disponíveis (São Francisco do Sul, Itapoá, Itajaí e Navegantes) em um raio de 100 km, estamos localizados entre duas capitais estaduais (Curitiba-PR e Florianópolis-SC), somos vizinhos da cidade mais populosa de Santa Catarina (Joinville), e São Paulo está a apenas 500 km de distância”.
Novos investimentos
De olho nesses benefícios e também em possíveis fornecedores da BMW, o grupo VTO criou um Polo Empresarial quase vizinho à montadora – a 1 km da fábrica, no km 67 da BR-101. A área total é de 636 mil m², com 58 terrenos disponíveis.
São 53 lotes entre 2.000 m² e 8.000 m² e outras cinco grandes áreas com 20 mil m² cada.
Além das redes de abastecimento de água e energia elétrica, o empreendimento aposta também em uma infraestrutura que incluirá uma rede de vias pavimentadas, sistema de drenagem pluvial, ciclovia e é servido por uma rede de gás natural.
Lançado em junho, a VTO espera que o polo empresarial esteja plenamente ocupado em dois anos, até 2017, com a estimativa de 50 empresas instaladas, segundo Danielli Simões, responsável pela supervisão comercial do negócio.
“A BMW foi um elemento dinamizador da economia local”, afirma Danielli.
“O polo poderá receber empresas sistemistas (voltadas à cadeia automobilística), atuantes em logística, armazenagem ou na operação fabril).”
Também não se pode dizer que a empresa alemã não tenha atraído nenhum novo negócio a Araquari. Duas empresas fornecedoras de logística à BMW – transportam os veículos da montadora nos grandes caminhões chamados de “cegonhas” – estão se instalando em terrenos ao longo da BR-101, segundo o secretário de Desenvolvimento do município. A Tegma Gestão Logística ocupará uma área de 80 mil m² e a Brazul se instalará em outra, com 60 mil m².
Outra empresa a caminho de Araquari é a Ciser, maior fabricante de porcas e parafusos da América Latina, que está construindo uma unidade de 90 mil m² em um terreno de 280 mil m², localizado na Estrada Rio do Morro. Com sede no município vizinho de Joinville, a companhia tem suas operações divididas em seis endereços e vê vantagens na consolidação em uma só estrutura, como ganhos de produtividade, aumento de capacidade e melhoras no processo produtivo e na logística – além da possibilidade de trabalhar em três turnos, um limite imposto à fábrica na região central de Joinville.
O investimento total da Ciser na mudança será de R$ 143 milhões, com a previsão da conclusão das obras em janeiro de 2016. A transferência das operações, no entanto, será gradual – a primeira etapa, concluída em abril, foi a mudança do processo de preparação da matéria-prima. Cerca de 25% de todos os trabalhos, iniciados em julho do ano passado, já foram realizados.
A nova planta da empresa estava planejada para Joinville, em um terreno que chegou a ser terraplenado. Problemas nas condições do solo e alterações na urbanização do entorno, porém, levaram à opção por Araquari. Entre as razões para a escolha da cidade vizinha, a Ciser lista uma maior facilidade na solução dos entraves burocráticos, a disponibilidade de mão de obra e o “visível fortalecimento de um vetor de crescimento naquela região”.
Além da BMW e da Ciser, nos últimos cinco anos o município atraiu também outras grandes empresas, entre as quais a fabricante de motobombas Franklin Electric, a indústria de plásticos Durín, a sul-coreana Hyosung (fios de elastano), Global Housing (construção civil) e Fort Lev, que fabrica reservatórios de água.
A maior preocupação do município no momento é como fazer com que o avanço siga um ritmo ordenado.
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“A questão para nós hoje não é se vamos crescer, mas como vamos crescer”, comemora de forma contida o secretário de Desenvolvimento. “Não há muito o que fazer para segurar o crescimento.”
Araquari em números
População | 2010 – 24 mil |
2014 – 31 mil | |
PIB (Produto Interno Bruto) | 2009 – R$ 297 milhões |
2010 – R$ 423 milhões | |
2011 – R$ 512 milhões | |
2012 – R$ 570 milhões | |
2015 – R$ 700 milhões* | |
Arrecadação municipal | 2009 – R$ 29 milhões |
2015 – R$ 100 milhões* |
*Estimado
Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e Prefeitura de Araquari
Fonte: Redação OE