Gargalo está nas linhas de transmissão

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Rio Grande do Norte deve atingir até 2017capacidade instalada de 3 GW, total equivalenteao gerado atualmente em todo o Paíspor esta matriz energética

Nara Faria

A região Nordeste é a mais promissora para utilizar o vento como meio de geração de energia. Das 96 usinas em operação no País, cerca de 60 estão ali localizadas, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Dentre os estados nordestinos, o Rio Grande do Norte é considerado o que mais implementa essa matriz energética, que em todo Brasil responde atualmente por 2% da capacidade de energia elétrica.

De acordo com estimativas da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), o Brasil deverá passar da atual capacidade de geração de energia eólica, que é de cerca de 2,7 GW, para 16 GW até o ano de 2021. O Rio Grande do Norte deve responder, considerando os contratos já fechados, por 3 GW até 2017 – capacidade suficiente para atender até oito milhões de habitantes. Para isso, numerosos projetos estão sendo executados na região.

A Galvão Energia inaugura este ano um parque de 94 MW no município de São Bento do Norte, no litoral daquele estado. São 47 aerogeradores fornecidos pela Vestas Wind Systems de 2 MW cada e investimento previsto de R$ 401,4 milhões.

A Companhia Paranaense (Copel) anunciou recentemente a aquisição de sete parques eólicos no estado, representando 183,6 MW, e um investimento de R$ 286 milhões. Os parques, atualmente em fase de execução, devem iniciar operação em 2015. Serão implantados nesse projeto cerca de 100 geradores eólicos fornecidos pela Alstom.

Henrique José Ternes Neto, diretor de tecnologia da Copel, lembra que a empresa já possui quatro parques na região e estuda a aquisição de outros 10, que somam potencial de 500 MW. “Isso nos permite criar um cluster de geração com um forte apelo de minimização dos custos operacionais.”, explica Ternes Neto.

Como outro exemplo de investimento na região, a Enel Green Power (EGP) iniciou a construção de três novos parques no Nordeste. Um deles está sendo construído no Rio Grande do Norte e terá capacidade instalada de 56 MW. Junto aos outros dois projetos da empresa, localizados na Bahia e no Pernambuco, as iniciativasexigirão um investimento total de € 330 milhões.

Logística e capacidade fabril

O desenvolvimento da energia eólica no Brasil esbarra em dois importantes fatores. Um deles é a dificuldade que as empresas encontram em transportar os equipamentos até o local onde serão instaladas. Os equipamentos são pesados, chegando uma torre a ter em média 270 t, com altura de cerca 95 m.

Outro problema consiste no déficit da capacidade da indústria. “A resposta que o setor fabril está dando é até tímida em relação ao potencial que existe no tocante à demanda de aerogeradores no Brasil”, afirma Henrique José Ternes Neto, diretor de tecnologia da Copel. O Brasil possui atualmente cerca de seis empresas que produzem aerogeradores.

Linha de transmissão

Outra preocupação para o desenvolvimento de projetos eólicos na região é a distribuição da energia gerada nos parques eólicos por conta das dificuldades de acesso às redes de transmissão na região. A ausência de linhas de transmissão tem impedido tanto no Rio Grande do Norte, como na Bahia e Ceará, que a energia produzida pelo vento chegue à população. Atualmente, 28 usinas estão nessa situação e geram 678 MW.

Essas redes de transmissão não são de responsabilidade das empresas que operam os parques eólicos e dependem de um planejamento de interligação com o sistema nacional feito pelo governo federal. Por conta disso, o governo decidiu agora somente levar a leilão empreendimentos de geração de energia eólica que estejam próximos a localidades onde exista a infraestrutura de transmissão.

O imbróglio também tem resultado em punições às companhias de transmissão. A Aneel multou a Eletrobras-Chesf, responsável pela instalação das linhas de transmissão, em R$ 11,5 milhões. A Chesf alegou demora na obtenção da licença ambiental para justificar o atraso.

Fonte: Revista O Empreiteiro


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