Manutenção e modernização do alto-forno 1 da ArcelorMittal Tubarão exigiram um ano de preparação, que propiciou execução coordenada e segura
Guilherme Azevedo
A experiência de participar da reforma de um alto-forno siderúrgico abrasa a alma. É que se trata de obra de tão elevado risco e tensão, que obriga, qual paixão irresistível, tão pronto e tão fundo envolvimento, que marca para toda uma vida. Inesquecível, por todos os motivos.
Quem partilha essa vivência é o diretor de operações da Niplan Engenharia, Carlos Berquó Dias. O aprendizado se deu em mais de um ano de trabalho duro, nas obras de manutenção e modernização do alto-forno 1 da ArcelorMittal Tubarão, no município da Serra (ES).
É o maior dos três alto-fornos da companhia na unidade capixaba, e também de toda a América (com capacidade anual de cerca de 3,5 milhões de t), e ostentava um recorde: o de alto-forno com mais longo tempo de campanha no mundo, de 28 anos. Isto é, quase três décadas de atividade consecutiva sem uma grande parada. O equipamento responde pela produção de ferro-gusa, matéria-prima para a fabricação do aço.
O grupo ArcelorMittal, controlado pelo indiano Lakshmi Mittal, é o maior produtor de aço no mundo.
Conforme estudos detalhados no alto-forno 1 feitos pela Siemens VAI, que assinou o projeto de tecnologia, a Niplan realizou uma série de serviços no equipamento: desmontagem, montagem e substituição da carcaça, de equipamentos e das principais estruturas e tubulações. Para dar conta da complexidade do empreendimento, aproximadamente 2,5 mil profissionais contratados colaboraram no momento de pico, que foi o da parada do alto-forno: cerca de 20 engenheiros, 40 supervisores, 230 encarregados e mais de 2 mil oficiais e ajudantes.
Risco elevado exige planejamento
A reforma de um alto-forno é, nas palavras do diretor de operações da Niplan, a obra mais difícil e arriscada de montagem eletromecânica e, por isso, uma obra que demanda planejamento detalhado. Daí ter sido dedicado mais de um ano de trabalho apenas à fase de preparação, com a geração de cronograma com mais de 20 mil atividades envolvendo sequências de montagem simultâneas. Alinhada no tempo, essa obra evoluiu assim: de abril de 2011 a abril de 2012, a fase de pré-parada, de planejamento e preparação; de abril do ano passado a setembro do mesmo ano, a parada, para a reforma; e de setembro a novembro de 2012, a pós-parada (chamada tecnicamente deblow in), para possíveis ajustes com o alto-forno já aceso.
Tem de ser sempre curta, a fase de parada, uma vez que cada dia de alto-forno inativo significa perda de produção. “O forno tem de parar o mínimo possível e a gente precisa estar o mais bem preparado possível”, resume Carlos Berquó Dias. “Uma obra de parada precisa de quatro coisas: planejamento, planejamento, planejamento e mobilização forte de pessoal, em um curto espaço de tempo.” A ação, assim, deve ser coordenada com exatidão e as tarefas já distribuídas entre todos os envolvidos, com cada um sabendo o que vai fazer todo dia.
O tempo de parada do alto-forno 1 da ArcelorMittal, contudo, se estendeu além do previsto: era de 86 dias, foi a 94 e efetivamente durou 123 dias. Por quê? “Havia mais partes comprometidas do que se imaginava”, indica o diretor da Niplan. Precisaram ser trocados, em sua inteireza, a carcaça, o anel de vento e o topo do alto-forno.
Vencendo altura e peso
A dificuldade da obra se revela na altura e no peso. O alto-forno tem cerca de 100 m de altura e, portanto, as atividades de desmontagem e montagem foram feitas no ar, trapezistas-operários sobre plataformas em cerca de dez níveis, num sobe e desce constantes, devagar, devagar, cuidado. Ainda havia o peso substancial das peças.
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“Não existe nada superior, em termos de riscos de acidente, do que a parada de um alto-forno”, previne Dias. A Niplan não contabilizou, felizmente, nenhum acidente com afastamento de trabalho nem perda de tempo, com interrupção da obra, durante todo o processo. Algo de que a empresa muito se orgulha.
Na fase de desmontagem, o alto-forno foi subdividido em cinco partes, com cortes realizados com maçarico. Na de montagem, o alto-forno foi recomposto com quatro partes, com soldagem das peças.
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Dados a altura e o peso, o trabalho de içamento foi especialmente importante. Um pórtico da sueca Sarens, com capacidade para até 1 mil t, sobrelevava-se com altivez no canteiro. Veio até gente especializada, de fora, um grupo de suecos contratados pela marca, para operá-lo. A Sarens também realizou em solo o traslado local das grandes peças. Outros três guindastes, um com capacidade de até 600 t e dois de até 250 t, também foram mobilizados na remoção e remontagem rápida e certeira.
Ajustes no projeto
A nova carcaça do alto-forno 1 tem história que já vem de longe. Ela aguardava a sua vez de entrar em campo havia mais de 15 anos, com paciência de goleiro reserva, estacionada no polo siderúrgico da ArcelorMittal Tubarão. A intenção de reformar aquele alto-forno vinha desde lá, portanto. Como o projeto novo de reforma diferia em parte do antigo, os profissionais da Niplan precisaram intervir na configuração da carcaça.
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Especificamente para adaptação do sistema de refrigeração, essencial ao bom funcionamento do equipamento. É preciso calor máximo dentro e calor mínimo fora do forno. Então, parte da carcaça ganhou novos furos, e parte dos furos existentes foi tampada.
Outra vez inteiro, reformado e modernizado, o alto-forno 1 foi finalmente aceso, depois de investimento estimado em R$ 450 milhões, do início ao fim do processo, incluindo a remuneração de todos os envolvidos, mais de 80 empresas.
“O alto-forno é um assunto muito movimentado”, conclui, sem esconder uma ponta de angústia, Carlos Berquó Dias.
Ficha técnica –
Reforma do alto-forno 1 da ArcelorMittal Tubarão
• Local: Serra (ES)
• Projeto de tecnologia: Siemens VAI
• Montagem eletromecânica: Niplan Engenharia
• Içamento e tr
aslado em solo: Sirens
Fonte: Revista O Empreiteiro