Após liberação de recursos, a arena volta aos trabalhos de reforma para receber jogos da Copa do Mundo
Augusto Diniz – Porto Alegre (RS)
Depois que o conselho deliberativo do Internacional aprovou a reforma e concessão do estádio Beira-Rio pela construtora Andrade Gutierrez, algumas meses se passaram até que fossem liberados recursos de R$ 330 milhões para início das obras, em uma operação que envolveu o BNDES e o Banrisul – a demora fez quase com que os jogos do Mundial marcados para o local fossem transferidos para a nova Arena Grêmio, que fica pronta em novembro deste ano (veja matéria sobre as obras nesta edição). Agora, daqui para frente, a AG deverá dar prosseguimento aos trabalhos e entregar tudo pronto a tempo da arena receber as partidas da Copa do Mundo.
A concepção do projeto de reforma do Beira-Rio foi peculiar. Ele foi desenvolvido pelo próprio clube dono do estádio, o Internacional, baseado em estudos e visitas a arenas na África do Sul feitas para a Copa do Mundo de 2010, além de outras nos Estados Unidos e Europa. Após concluir o projeto, o Internacional orçava inicialmente a obra em R$ 150 milhões – o valor de R$ 330 milhões pedido como empréstimo pela Andrade Gutierrez pela realização dos trabalhos (portanto, R$ 170 milhões de diferença do orçamento inicialmente previsto pelo clube) é apontado pelo mercado como o motivo do Banrisul ter sido mais rigoroso com a construtora, para garantia do empréstimo para as obras.
O projeto básico elaborado pelo Internacional foi feito com várias consultorias e escritórios contratados pelo próprio clube, como explica o engenheiro Hélio Giaretta, gerente de construção do colorado gaúcho. Hoje, o projeto executivo de reforma está quase concluído.
Do meio de 2010 a meados de 2011, foram feitas várias intervenções no estádio. Dentre os trabalhos até então conduzidos, incluem-se serviços de fundação de ¼ da arquibancada inferior, que havia sido demolida também em ¼ do todo existente. Uma pequena parte da arquibancada pré-fabricada, inclusive, já tinha sido montada no trecho demolido.
A parte debaixo da antiga estrutura da arquibancada inferior é composta de aterro – vale lembrar que a área do estádio Beira-Rio é aterrada; o mesmo fica às margens do lago Guaíba. Com a nova arquibancada inferior a ser colocada, pelo projeto, a parte debaixo se transformará em área de circulação, com bares, restaurantes e outros serviços.
Toda a arquibancada inferior será demolida com a retomada das obras, já que a distância entre assentos deve ser no mínimo de 85 cm, de acordo com o caderno de encargos da Fifa. As arquibancadas inferiores do Beira-Rio tinham 65 cm de distância entre os lances de assentos. Os novos assentos serão rebatíveis para facilitar o trânsito de pessoas.
A arquibancada inferior, nos extremos do campo, terá a distância mínima exigida pela Fifa, que é de 7 m até o gramado de jogo. O campo será diminuído, passando dos atuais 108 m x 73 m para 105 m x 68 m.
A arquibancada superior não será demolida e, pelo projeto do Internacional, não haverá novos vomitórios, pois ela já atende ao padrão Fifa de fluxo de público. Não será necessário também reforço estrutural no estádio, inaugurado em 1969, conforme relata o engenheiro Hélio Giaretta.
O estádio terá capacidade para 51,3 mil pessoas, mas depois da Copa do Mundo passará a ter 56 mil lugares – serão retirados assentos do trecho de arquibancada atrás do gol para se assistir aos jogos de pé; o espaço é comum em alguns estádios europeus, principalmente na Alemanha.
COBERTURA
Cerca de 95% das fundações do lado externo para colocação independente da estrutura da cobertura também foram feitas. A estrutura da cobertura será de armações tubulares, que sairão do lado de fora e se projetarão para dentro do estádio, em formato inédito em se tratando de estádio no Brasil. A telha da cobertura tem forma de gomos (módulos) e será de membrana tensionada (PTFE). Ela protegerá todos os lugares do interior da arena e também as rampas de acesso do lado externo – prevê-se a construção de 16 novas torres de acesso ao interior do estádio.
Serão 65 pilares metálicos de sustentação da estrutura da cobertura – o mesmo número existente hoje de pilares de concreto –, colocados em fundações novas, mas ancorado na estrutura antiga, que possui 65 eixos. A cobertura terá 35 m de altura e a sua estrutura pesará 3.500 t. Hoje, é possível ver no lado externo do estádio cinco pilares metálicos construídos parcialmente como demonstração de como ficará a nova fachada do Beira-Rio com a estrutura da cobertura. Atualmente, apenas 20% do estádio são cobertos.
O novo estacionamento, em formato de edifício-garagem a ser construído em área do complexo do estádio, terá 330 m de comprimento e 3 níveis – altura máxima para preservar a vista para o lago Guaíba a partir do estádio. Uma passarela coberta conectará o estacionamento à área vip do estádio.
A cabine de imprensa ficará entre os skyboxes (cadeiras especiais), a serem construídos, e arquibancada superior.
A concessão do Internacional para a construtora Andrade Gutierrez, aprovada pelo conselho deliberativo do clube, inclui a gestão do edifício garagem a ser erguido (3 mil vagas), 121 áreas vips (existirão no total 185, sendo 66 camarotes, 33 de cada lado do estádio, entre arquibancada superior e arquibancada inferior, e 55 skyboxes, sobre as arquibancadas superiores) , serviços de bares e restaurantes – que terão vistas para o lago Guaíba -, negociação de naming rights do estádio e outros espaços comerciais.
No futuro, prevê-se a continuidade do projeto “Gigante para sempre”, que inclui a reforma do ginásio Gigantinho e a construção de hotel e centro de convenções. Com a prefeitura, o Internacional estuda projeto de mobilidade e tráfego na área, duplicação da avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio), abertura de novas vias e estacionamento externo – este último representando desapropriações em áreas ocupadas ilegalmente próximas ao estádio, de acordo com o Internacional.
FICHA TÉCNICA
Proprietário: Sport Clube Internacional
Capacidade: 51,3 mil lugares (atendimento ao padrão Fifa)
Previsão de t&e
acute;rmino da obra: final de 2013
Construtora: Andrade Gutierrez
Projeto da cobertura: Hipe Studio
Fonte: Padrão
