Quem anda de bicicleta na “orla” da Marginal do Rio Pinheiros ou utiliza os trens da CPTM (A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos),e desce na mesma região, notou um grande diferencial no local. A poluição e o mau cheiro do Rio Pinheiros estão com os dias contados.
Um dos exemplos mais bem-sucedidos de revitalização de cursos d’água no Brasil está em execução no rio Pinheiros, em São Paulo. A iniciativa realizada pela Sabesp e pelo Governo do Estado, sob a coordenação da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, está devolvendo vida ao rio e levando mais qualidade de vida à população que vive na área da bacia, que agora dispõe de condições mais dignas de moradia com o saneamento implantado nos bairros e comunidades.
O trabalho está em sintonia com a disseminação das práticas Ambiental, Social e Governança, que faz com que as atenções se voltem para vários temas focados no meio ambiente, entre eles a importância de resgatar a qualidade dos rios. Essa iniciativa ganhou força ao redor do mundo e já foi aplicada em afluentes localizados no estado do Texas (EUA) e em cidades como Liverpool (Inglaterra), Paris (França), Atlanta e Nova York (EUA), Copenhague (Dinamarca) e, no Brasil, ganha mais força com a ação da Sabesp no Novo Rio Pinheiros.
O rio tem 25 km de extensão e recolhe águas de uma bacia de 271 km², em uma área onde vivem 3,3 milhões de pessoas. Segundo a Sabesp, o objetivo do Novo Rio Pinheiros é revitalizar esse importante símbolo da cidade de São Paulo por meio da ação de diversos órgãos públicos em parceria com a sociedade. O objetivo da Companhia é melhorar a qualidade das águas do rio e integrá-lo completamente à cidade até o fim de 2022, reduzindo o esgoto lançado em seus afluentes, ao mesmo tempo em que atende a população do entorno.
A Sabesp já conectou 593,8 mil imóveis ao sistema de tratamento de esgoto, por meio do programa, o que representa 111% da meta prevista (533 mil domicílios). Isso significa que 1,6 milhão de pessoas passaram a ter o esgoto encaminhado para tratamento na RMSP (o equivalente à população de Porto Alegre ou Recife). O programa tem ainda a retirada de lixo do rio, sendo que nos últimos dois anos foram retiradas mais 24 mil toneladas de material descartado no Pinheiros, especialmente plásticos.
De acordo com a Sabesp, até o fim deste ano, os 25 córregos que estão ligados ao Rio Pinheiros estarão limpos. Esses afluentes ficarão livres de esgotos e não levarão mais para o local. A meta é destacar a importância de ter um dos cartões-postais da cidade de São Paulo preservado ambientalmente, e deixar o rio em condições adequadas para que a população possa frequentar suas margens e aproveitar a natureza em volta dele.
O Novo Rio Pinheiros já colhe alguns frutos importantes. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, o programa já está garantindo a melhora da oxigenação e a redução do material orgânico nas águas, com o alcance de 90% de cumprimento das metas de limpeza do local.
Pesquisa na Vila Joaniza mostra que maioria aprova ações da Sabesp
Levantamento na Vila Joaniza, um dos primeiros locais a receber ação da Sabesp, revela que 97% consideram importantes as obras de saneamento, para 69%, elas trouxeram benefícios como redução da sujeira, do mau cheiro e de doenças. Nove em cada dez moradores e trabalhadores da Vila Joaniza ou 93%) aprovam as obras da Sabesp para despoluição do córrego Zavuvus, realizadas dentro do programa Novo Rio Pinheiros, e 97% considera a despoluição muito importante. Além disso, a eficiência do Novo Rio Pinheiros para tornar mais limpo um dos principais rios de São Paulo tem nota 7,8. Os dados são de levantamento realizado para a Companhia pelo Instituto FSB Pesquisa com moradores, trabalhadores e comerciantes da região. Bairro de alta vulnerabilidade social na região da Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, a Vila Joaniza está localizada na bacia do Zavuvus, um dos primeiros córregos a receber, em novembro de 2019, obras do Novo Rio Pinheiros, programa do Governo de São Paulo que visa a despoluição do rio até dezembro de 2022, integrando-o de volta à cidade e ao dia a dia de seus moradores.
A bacia do Zavuvus está saneada, com obras finalizadas e beneficiou 173 mil habitantes. A meta de conexão de imóveis ao sistema de coleta e tratamento, evitando que o esgoto seja despejado diretamente no córrego, foi ultrapassada: 18.387, ante 15.868 previstos (+16%). No total do programa, já foram 622 mil imóveis, ante 533 mil previstos (+17%). Como resultado, a água do Zavuvus está visivelmente mais transparente e é possível avistar pequenos peixes. A percepção dos benefícios da despoluição do Zavuvus é predominante entre os moradores da Vila Joaniza, revela a pesquisa.
Para 69% dos entrevistados, as obras trouxeram benefícios, sendo que os principais deles são: redução da sujeira, com menos insetos e roedores (51%); redução do mau cheiro (40%); redução de enchentes (24%); redução de doenças (22%); e melhor qualidade de vida (19%). A maioria (61%) também considera que esses benefícios são permanentes.
Entre os impactos sociais e ambientais mais importantes trazidos pela despoluição do córrego, os entrevistados citaram o cheiro (43%) e o combate a doenças (35%). Ligações de esgoto (49%), quantidade de lixo no córrego/rio (42%) e qualidade de água do córrego/rio (37%) são, segundo os entrevistados, os aspectos ambientais que mais melhoraram após as obras de despoluição do córrego.
O levantamento mostra ainda que o Novo Rio Pinheiros é bem avaliado e conhecido na Vila Joaniza, bairro distante aproximadamente 8 km do rio Pinheiros: 45% afirmaram ter conhecimento do programa (entre os comerciantes da região, o nível chega a 60%). Questionados sobre o quanto acreditam no programa, numa escala de 0 a 10, os participantes deram nota 7,8 tantos ao item “Entregando um rio Pinheiros mais limpo” quanto a “Realizando projetos sociais na região”. Já “Melhorando a saúde da população” e “Ajudando a população moradora da região” tiveram avaliação 6,9.
Obras de despoluição se estenderam para demandas sociais
Foi assim que Cesar Laraignoit, diretor da Passarelli Engenharia, analisou os trabalhos realizados no lote do córrego Pedreira do programa Novo Rio Pinheiros da Sabesp, que foi o piloto desse projeto inovador de despoluição. Ele contou que assistentes sociais eram a vanguarda da equipe da empresa, para explicar para as comunidades que moravam em subhabitações ao longo do rio, que tipo de obras seriam feitas para captar o esgoto bruto das moradias, conduzindo-o até a rede existente que levaria até a ETE Barueri. Dessa forma, o dejeto deixaria de ser lançado no rio Pinheiros, responsável pelo mau cheiro característico que importunavam os usuários das avenidas marginais há décadas.
Os trabalhos não pararam quando eclodiu a pandemia do Covid 19. As assistentes sociais chegaram a levar cesta básica, álcool e material de limpeza para as famílias mais necessitadas na fase mais crítica da pandemia, porque elas foram as mais atingidas,pela paralisação da economia. Cesar apontou ainda que essa obra criou uma coesão inédita entre a equipe das empresas de engenharia contratadas e a contratante Sabesp, que trabalham juntos em diferentes oportunidades para buscar resultados e avançar as obras de despoluição. Sabesp deixou de ser só fiscalização—no jargão típico de obras públicas.
A Passarelli foi líder de dois consórcios para executar as obras e intervenções sanitárias necessárias nas regiões dos córregos Pedreira e Alto Pirajuçara, que deságuam no Rio Pinheiros. A meta era captar o esgoto de 14 mil economias (residências geradoras de esgoto) no lote do córrego Pedreira (com 130 mil habitantes), e, no segundo, no Alto Pirajuçara, era 175 mil economias para se executar as ligações domiciliares (586 mil habitantes), até as redes de esgoto. Este último acabou totalizando em 205 mil economias com esgoto encaminhado para tratamento.
“Foi um trabalho enorme e extenso; a situação era impressionante, os córregos com as casas na beirada e quando as pessoas davam descarga os dejetos já corriam direto para o córrego. Para evitar que isso acontecesse, fizemos as redes de tubulações levando esse esgoto para os coletores. Tinham coletores que chegavam no córrego, onde lançavam o esgoto. E com a conexões com os coletores implantados, essa carga foi direcionada à rede existente que leva 100% dos dejetos para tratamento na ETE Barueri”, explicou Cesar .