A engenharia rodoviária a serviço do usuário, da origem ao destino

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Entre a zero hora do dia 14 de novembro e o término do feriado da Proclamação da República, 728 mil veículos circularam pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes. Houve 89 acidentes e nenhum óbito. A moderna engenharia rodoviária garantiu a segurança do sistema

Nildo Carlos Oliveira

O programa de concessão rodoviária tem como objetivo o atendimento. O que queremos e buscamos é a segurança e o conforto do usuário, da origem ao destino.” Palavras do engenheiro Maurício Vasconcellos, presidente da CCR Autoban, ao enfatizar que a engenharia rodoviária brasileira cumpriu, ali, o seu papel. Do dia 14 à zero hora do dia 18, período do feriadão deste mês (novembro), circulou pelo sistema aquele número de veículos, movimento que correspondeu a 7% mais do que o previsto. Houve 54 feridos nas ocorrências.

O engenheiro diz que a engenharia rodoviária evolui com a estrada, que é dinâmica. “E vamos adequando-a às condições e às exigências do usuário”. Por isso, segundo ele, o sistema é seguro. Mas não se trata de um trabalho que possa ser atribuído unicamente à administradora do sistema. Ela tem contado com a parceria da Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) para realizar os ajustes às melhorias que as regiões lindeiras – e o desenvolvimento econômico local – vão exigindo. E, nessa parceria, se incluem empresas que elaboram projetos rodoviários e aquelas que executam as obras programadas.

O esforço para compatibilizar o sistema às necessidades que vão surgindo — ampliações, novos equipamentos, faixas e acessos – está significando, para a concessionária, investimentos da ordem de R$ 517 milhões entre 2013 e 1014.

Maurício Vasconcellos informa que no programa de concessão brasileiro já foram investidos valores da ordem de R$ 24 bilhões. No conjunto, no País, houve a ampliação de mais de 3.500 km de novas pistas e prestados possivelmente mais de 22 milhões de atendimento médico-mecânico. Ele chama a atenção para essa particularidade, por considerá-la uma especificidade do Brasil. O atendimento, cujo preço está embutido no valor do pedágio, tem sido aqui uma ação de responsabilidade única das concessionárias, enquanto no resto do mundo ela representa uma prestação de serviço feita pela empresa privada, pelas seguradoras ou pelo município.

O engenheiro chama a atenção para a malha rodoviária brasileira como um todo e informa que atualmente o País está com 1,7 milhão de km de rodovias, dos quais apenas 200 mil pavimentados. Com tais números, fica difícil tentar estabelecer uma comparação entre a situação da malha rodoviária do Brasil com a malha rodoviária, por exemplo, da França, que embora possua um território pequeno, dispõe de mais de 950 mil km pavimentados. “Uma situação que se complica ainda mais em comparação com os Estados Unidos, que dispõem de 4,5 milhões de km pavimentados. E, diferentemente do que acontece atualmente com a China, que possui 150 mil km de estradas concedidos, enquanto no Brasil o índice não vai além dos 15%.“

É dentro desse conjunto das rodovias até agora concedidas, que a Autoban vem sobressaindo desde o dia 1º de maio de 1998, quando assumiu a administração das rodovias Anhanguera/Bandeirantes. Ambas passaram a somar 320 km, depois da construção do prolongamento de 78 km de Campinas a Cordeirópolis e da conclusão do Complexo Anhanguera, que inclui um conjunto de obras de arte especiais, 14 km de pistas marginais, 8 km de faixas adicionais e outras obras.

Asfalto ecológico

Tem contribuído para a manutenção do padrão de qualidade do sistema a aplicação de novas técnicas e materiais no pavimento, no sistema de drenagem e na construção das obras de arte especiais. A aquisição e emprego de equipamentos destinados a assegurar às rodovias a característica de um “sistema” inteligente também vêm contribuindo para esse fim.

O engenheiro Gustavo Anfra, gestor de obras, diz que o sistema é considerado referência não apenas nacional, mas internacional, por conta também de uma tecnologia que a concessionária decidiu buscar lá fora, em Massachussetts, EUA. “Trata-se de uma tecnologia que fomos adaptando às nossas condições e peculiaridades. Com ela, pudemos retirar nada menos que 500 mil pneus do meio ambiente, reciclá-los e aplicá-los como reforço de base na recuperação do pavimento de nossas rodovias. Comprovadamente, a tecnologia do asfalto-borracha reduz o nível de ruído e aumenta a aderência dos veículos nas pistas”.

Gustavo Anfra diz que o reconhecimento é internacional

O material, que o engenheiro chama de asfalto ecológico, vem sendo aplicado ao longo da quinta faixa da Bandeirantes. Anteriormente, em 2012, ele fora aplicado na revitalização de 600 km de faixas das pistas Norte e Sul, entre São Paulo e Campinas.

Além das melhorias no pavimento, que com o asfalto-borracha passam a ter uma vida útil de oito a dez anos, a CCR Autoban refez o sistema de drenagem da Bandeirantes. O sistema ali em operação datava da época da construção da estrada — há 35 anos – e já se encontrava obsoleto, não mais dando vazão ao volume de água pluvial. Todo o sistema precisou ser refeito, o que ocorreu no período entre 2010 e 2012.

O engenheiro diz também que, simultaneamente às inovações técnicas, a concessionária vem estimulando a aquisição de equipamentos modernos, como usinas de asfalto, para os trabalhos destinados a manutenção de suas rodovias. E tem havido, segundo ele, a partir do exemplo da Anhanguera-Bandeirantes, uma interação satisfatória entre empresas brasileiras e empresas do exterior, sobretudo espanholas e italianas, no esforço para a melhoria da engenharia rodoviária brasileira.

Já o engenheiro Odair Tafarelo, gestor de atendimento, ressalta a tecnologia avançada do monitoramento das rodovias por intermédio de câmeras. “Há uma quantidade exigida por edital, mas dispomos de mais do que o dobro necessário, o que nos permite monitorar mais de 90% daquelas estradas, de modo eficiente e ininterrupto. E contamos com toda sorte de recursos para atendimento imediato a eventuais acidentes”.

Odair Tafarelo, gestor de atendimento

Maurício Vasconcellos, concluindo a análise dos trabalhos realizados pela concessionária nos últimos 15 anos, diz que as melhorias no sistema não param por por aí. Embora ele considere que do ponto de vista de modelo de pedágio, o Brasil esteja num patamar muito bom, existe um estudo, na área do governo do Estado, para aperfeiçoá-lo. O caminho, segundo ele, deverá ser o pedágio eletrônico – tudo em função do conforto, da segurança e do atendimento de outras exigências de 3,5 milhões de habitantes das cidades das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e dos demais municípios da região.

Maurício Vasconcellos: “A rodovia é dinâmica e evolui segundo as necessidades”

Fonte: Revista O Empreiteiro


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