Talvez não tenhamos chegado a tanto. Mas, pela importância da conferência do clima, a chamada COP-18, que acaba de se realizar em Qatar sob os auspícios da Organização das Nações Unidas, o resultado sugere que não houve avanço nenhum. E teria ficado ainda pior, não fosse a prorrogação, até 2020, dos mesmos termos do Protocolo de Kyoto, em vigência desde 1997. O resultado, portanto, seria cômico, não fosse trágico. O mundo lamenta a inocuidade do encontro.
Lembremo-nos da cúpula do ano passado em Durban, na África do Sul. A esperança dos países, sobretudo aqueles não industrializados, era a de que a defesa do bem comum, configurado no esforço geral em favor da redução das emissões, mexesse um pouco com a consciência dos países altamente industrializados. Estes deveriam colaborar para a redução das causas das tragédias provocadas pela poluição crescente. Ledo engano. Os países que estão lá em cima, no topo, pregando o crescimento a qualquer custo, não têm consciência: apenas bolso.
No fundo, a prorrogação da vigência do protocolo não é uma conquista. É tão somente uma forma de dizer aos países que lutam contra as catástrofes, que tudo fica como está para ver como é que fica. Mas, para isso, nem seria necessária a conferência de Qatar, da qual Rússia, Canadá e Japão arrepiaram caminho.
Outro dado, para o qual a imprensa mundial está chamando a atenção, é o seguinte: foi adiada também, naquele encontro, a proposta para que os países pobres sejam ajudados a enfrentar os problemas dos efeitos do aquecimento global. No entendimento dos países ricos, eles que se virem sozinhos e estamos conversados. Quem sabe isso mude até dezembro do ano que vem, quando uma nova rodada da conferência do clima ocorrerá em 2013, desta vez em Varsóvia, na Polônia.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira