A revista O Empreiteiro foi buscar respostas de outros economistas para a questão: “Quais seriam as linhas mestras para uma política de retomada do crescimento para o Brasil?”. Veja a seguir o pensamento de alguns deles a respeito do assunto que tem tirado o sono do governo e de empresários, não só do setor da construção, mas também da maior parte dos segmentos econômicos do País.
“É preciso criar um ambiente de confiança, visando retomar investimentos e gerar maior valor agregado local. Avançamos na distribuição de renda e ampliação de mercado de consumo.
“Como as condições de competitividade sistêmica não são favoráveis (juros elevados, câmbio apreciado, carência de financiamento, condições adversas de infraestrutura e logística etc.), houve aumento das importações, gerando no setor industrial um déficit superior a US$ 100 bilhões nos últimos 12 meses. É preciso aproveitar o nosso potencial de mercado interno para gerar mais PIB e investimentos.”
*Professor de Economia da PUC-SP
“O Brasil cresce pouco porque produz pouco, não porque falta demanda. E produz pouco por duas razões: a produtividade do trabalho é baixa e o investimento é baixo. Sobre a produtividade do trabalho, há consenso quanto ao diagnóstico e quanto à solução, que é investir em educação. Quanto ao investimento, não há consenso nem sobre o diagnóstico nem sobre o remédio.
“Meu diagnóstico: é caro e arriscado investir no Brasil, principalmente em infraestrutura, setor cujos retornos são tão altos que compensariam pagar nossas elevadas taxas de juros. Por que então a infraestrutura não anda? Porque o risco regulatório é enorme.
“O Brasil vem registrando nos últimos anos taxas muito baixas de crescimento, às quais se somam sérias distorções que se constituem em fatores que dificultam a retomada de uma expansão mais acelerada da economia, o que vem provocando significativa queda de confiança dos empresários dos diversos segmentos e dos consumidores.
“O restabelecimento da confiança dos agentes econômicos exige a apresentação de um programa crível de austeridade fiscal, baseado no corte de gastos de custeio, preservando os recursos para os investimentos indispensáveis. Ao mesmo tempo, é preciso avançar no processo de simplificação da burocracia, reduzir o intervencionismo nas atividades econômicas e racionalizar o sistema tributário.”
*Economista da Associação Comercial de São Paulo
Fonte: Revista O Empreiteiro