A constatação de que qualquer atividade de montagem industrial realizada no Brasil consome mais horas de trabalho que a mesma operação realizada nos Estados Unidos, por exemplo, levou o engenheiro Joaquim Maia, diretor da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), a concluir que a diferença de produtividade impacta negativamente na competitividade da indústria de construção e montagem brasileira.
A partir disso e com o objetivo de elevar o desempenho do setor, a Abemi estruturou um projeto de capacitação e certificação de mão de obra, que deve ser colocado em prática já no primeiro trimestre de 2012. A iniciativa visa à realização de cursos nos próprios canteiros de obra, envolvendo cinco importantes categorias profissionais em diversas praças do País.
As categorias de encanador, soldador, montador, caldeireiro e eletricista, que correspondem a 60% da mão-de-obra especializada utilizada na montagem industrial – excluindo-se aí a construção civil – serão os alvos do programa de aprimoramento. “Precisamos capacitar o nosso pessoal no mesmo nível de competência do primeiro mundo. Teremos um crescimento no volume de obras de todos os setores, principalmente no segmento de petróleo e gás”, afirma o empresário Carlos Maurício Lima de Paula Barros, presidente da Abemi.
O projeto foi inspirado na experiência da National Center for Construction Education and Research (NCCER), entidade de treinamento e certificação de mão de obra, mantida por empresas norte-americanas, que há 15 anos procura ampliar a eficiência nas atividades de construção e montagem.
“Grandes contratantes dos EUA exigem que os trabalhadores sejam certificados pela NCCER e alguns pedem que 75% da mão de obra seja certified plus, certificação que comprova a experiência prática”, explica o executivo.
O programa foi possível graças a um acordo firmado entre a Abemi, que cuidará da certificação, e o Senai, que ministrará os cursos. Os primeiros polos devem ser implantados no Rio de Janeiro (Comperj), São Paulo (onde está concentrada a maioria da mão de obra das indústrias associadas da Abemi, incluindo as refinarias Revap, Replan e RPBC) e Pernambuco (Abreu Lima e Petroquímica da Odebrecht e Petrobras). Em uma segunda etapa, o projeto deve chegar ao Rio Grande do Sul, Ceará, Maranhão e Bahia, explica Barros.
Fonte: Estadão