A tecnologia do concreto está na raiz da evolução da construção em todas as suas modalidades. Ela começou a ganhar impulso, no Brasil, na primeira década do século passado e hoje tem o reconhecimento internacional com suas várias aplicações, sobretudo com o status que vem sendo alcançado pelo concreto de alto desempenho. Em razão disso, seu espaço, no Concrete Show América, hoje na segunda edição, e que reuniu, no Transmerica Expo, em São Paulo, cerca de 250 expositores, requer ampliação maior nos futuros eventos.
O maior impulso, do ponto de vista de evolução da tecnologia do concreto, deu-se no País com o advento da chegada ao Brasil da empresa alemã Wayss & Freytag. O engenheiro Emílio Baumgart, neto de Emílio Odebrecht, provavelmente haja aproveitado as experiências das inovações que essa empresa trouxe ao Brasil em seus estudos para emprego do concreto armado. Ele trabalhou inicialmente no escritório de Lambert Riedlinger, um engenheiro que veio da Alemanha e montou escritório no Rio de Janeiro.
Daquela época para cá o desenvolvimento das técnicas de preparação e aplicação do concreto armado passaria por diversos estágios, incluindo a construção de diversas obras da maior relevância.
O engenheiro e pesquisador Augusto Carlos de Vasconcelos lembra que Baumgart construiu, com a tecnologia do concreto armado, diversas edificações, incluindo o prédio que abrigou, no Rio de Janeiro, a sede do jornal A Noite. Não se trava de uma edificação comum: tinha 22 pavimentos e foi considerado o maior arranha-céu do mundo naquela época. Além disso, o engenheiro enveredou pelo caminho das grandes estruturas, projetando viadutos e pontes notáveis. Seus empreendimentos e experiências criaram escola, na qual vieram a pontificar, posteriormente, calculistas do porte de Paulo Fragoso e Sérgio Marques de Souza, dentre outros.
Mas o Brasil não ficaria apenas no concreto armado. Logo depois evoluiríamos para a escola do concreto protendido, que encontraria em engenheiros da capacidade de um Roberto Zuccolo algumas de suas maiores expressões. Segundo alguns dos estudos do professor Vasconcellos, a diferença entre Baumgart e Zuccolo consistia no fato de que este se dedicou à carreira universitária.
Obras que mais tarde vieram a ser construídas no Brasil, sobretudo da década de 1940 até aqui, mostram os diversos estágios da evolução da tecnologia do concreto. São exemplos dessa evolução a ponte Rio-Niterói; a recente ponte estaiada “Octávio Frias de Oliveira”, em São Paulo; as obras metroviárias e as estruturas que proporcionam renome internacional às hidrelétricas brasileiras.
Mais recentemente – e ainda no eixo dessa evolução – difunde-se o concreto de alta resistência, desenvolvido a partir da preocupação com a maior durabilidade das estruturas de concreto armado. Sob essa óptica têm sido examinados temas tais como influência dos agregados graúdos nas propriedades mecânicas do concreto de alta resistências (CAR) e o concreto de alto desempenho (CAD), que se diferencia do primeiro por assegurar duas características básicas: o bom desempenho e alta durabilidade.
O concreto de alto desempenho foi aplicado pioneiramente na construção do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba e, em seguida, na construção E-Tower, em São Paulo.
Outra evolução constatada no uso do concreto deu-se na construção do prédio da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre (RS), com projeto de arquitetura de Álvaro Siza e cálculo estrutural desenvolvido por seu conterrâneo, Jorge Nunes da Silva. Nessa obra o calculista especificou concreto branco armado com aço galvanizado, concebido para não incluir nenhum elemento de vedação.
Simultaneamente – e até por conta da evolução da tecnologia do concreto – houve o desenvolvimento na qualidade dos insumos e dos equipamentos destinados à preparação e lançamento do material, tanto nas grandes estruturas, quando nas edificações leves.
Dada a importância das técnicas que avançaram simultaneamente à evolução do concreto e aos materiais que vieram na esteira desses avanços, evento como o Concrete Show.
Fonte: Estadão