Com um investimento previsto que poderá superar US$ 500 milhões, ou seja, cerca de R$ 2,5 bilhões, o grupo irlandês Ardagh anunciou que irá instalar duas fábricas em Juiz de Fora (MG), sendo uma para produzir latas de alumínio e outra de vidro. As duas unidades serão em terrenos que pertenciam à montadora de automóveis alemã Mercedes-Benz. A notícia foi divulgada no jornal O Valor nesta segunda, dia 23, e deverá ser oficializada pela empresa ainda esta semana. O grupo, que chegou em 2016 no Brasil, vai gerar sua quarta unidade no país em latas de alumínio. O negócio é conduzido pela Ardagh Metal Packaging (AMP), que é 75% controlada pelo grupo e foi listada na bolsa de Nova York no ano passado, com sede em Zug, na Suíça. Já no setor de vidro será a primeira unidade do grupo no Brasil.
Terceira maior fabricante de latas de alumínio do mundo, com vendas de 40 bilhões em 2021, a AMP está atrás das americanas Ball e Crown. Estreou no país com a aquisição de duas fábricas – Jacareí (SP) e Alagoinhas (BA). Esses ativos foram adquiridos justamente da Ball após comprar a Rexam mundialmente, por exigência de órgãos da concorrência. Foram, no todo, 12 unidades fabris, por mais de US$ 3 bilhões. Em 2018, ergueu uma de tampas em Manaus.
A AMP vem fazendo programas de ampliação da capacidade, tanto em latas quanto em tampas. Faz parte da estratégia de dobrar capacidade global até 2024, com investimentos de US$ 2 bilhões: “Estamos trabalhando na meta de atingir 10 bilhões de latas fabricadas no Brasil em 2024”, disse o CEO da AMP no Brasil, Jorge Bannitz, na matéria do jornal O Valor. As duas unidades existentes, com ampliações que vão terminar até o final do ano, projetam atingir capacidade nominal próxima de 8 bilhões de latas ao ano. Jacareí, diz, saiu de 2,2 bilhões para 4 bilhões, se transformou no maior site de latas da América do Sul.
O novo investimento nas duas linhas de produção de latas será da ordem de US$ 260 milhões (R$ 1,3 bilhão). A capacidade instalada total, na primeira fase, terá 3 bilhões de unidades ao ano. O valor do aporte toma por base a unidade anunciada pela AMP na Irlanda (menor), de US$ 200 milhões, e o tão conhecido custo Brasil.
Segundo Bannitz, o mercado brasileiro tem perspectivas promissoras de crescimento. Apesar da economia menos aquecida, com um mercado imprevisível e inconstante, e da inflação em patamar elevado, o executivo vê perspectiva de a vendas crescerem até 5% em 2022: “Vários eventos voltaram, como Carnaval e tem Copa do Mundo de Futebol no fim do ano. Além disso, a estocagem nos clientes – indústria de bebidas – vem sendo consumida desde o ano passado”, diz Bannitz.
A escolha da cidade mineira
Segundo o CEO da Ardagh, Juiz de Fora (MG) foi escolhida estrategicamente pela expansão da região. Em três anos serão três fábricas de latas erguidas no Estado: a da AMP, a da Ball (Frutal) e da Crown (Uberaba). Outro ponto é a viabilidade de construir um terminal ferroviário, utilizando a linha ferroviária, da MRS, que passa ao lado do terreno, uma área de 270 mil metros quadrados. A fábrica terá 130 mil metros. O site, portanto, terá espaço para futuras expansões. O terreno não inclui a área da fábrica de vidro, que terá a sua ao lado.
A fábrica mineira, segundo informa a AMP, também tem o objetivo de utilizar fontes de energia renovável, como eólica, solar, biomassa e de pequenas centrais hidrelétricas. O portfólio de embalagens nessa fábrica prevê, no momento, quatro formatos: lata de 269 ml, a de 350 ml sleek (fina), 350 ml tradicional e 473 ml (meio litro). A AMP Brasil prevê mais 220 funcionários em Juiz de Fora.
No projeto de expansão em outras unidades, a de Alagoinhas está ganhando uma terceira linha neste ano. A produção de tampas em Manaus dobrará para 10 bilhões até 2024. Por fim, globalmente, a AMP opera 24 fábricas de lata nas Américas e Europa, empregando 5.800 funcionários. No ano passado, a empresa teve receita de US$ 4,1 bilhões.