A arena do tricolor gaúcho, apesar de atender a todas as exigências do caderno de encargos da Fifa, não será usada no Mundial; obra termina em novembro
Todos os estádios a serem usados na Copa do Mundo estão previstos de ficarem prontos a partir de dezembro deste ano. Porém, outra arena importante e de porte, que não faz parte das que sediaram jogos do Mundial, mas que vem no bojo da modernização no País de sua infraestrutura esportiva, deverá ser inaugurada antes do último mês de 2012. Trata-se da Arena Grêmio, em Porto Alegre.
Com mais de 60% das obras realizadas (com as obras avançando 1,5% por semana), o estádio atende aos encargos da Fifa para realização de jogos de futebol e terá capacidade para 60.540 lugares. Atualmente, mais de 2 mil operários trabalham para entregar a arena em novembro.
O contrato para início das obras foi assinado em dezembro de 2008 entre o Grêmio e a construtora OAS. A partir daí, começou um intenso trabalho para projetar e erguer o novo estádio do Grêmio no bairro Humaitá, na confluência das BR-116 e BR-290, e a cerca de 15 minutos do Aeroporto Internacional Salgado Filho.
USO DE PRÉ-MOLDADOS
No início das obras, depois da terraplanagem, 90 km lineares de 3 tipos de estacas (hélice contínua, centrifugada e metálica) foram colocadas no processo de fundação, alcançado de 25 m a 35 m de profundidade do terreno.
A partir daí, o uso de pré-moldados passou a ser intensivo e representam 80% da obra. “Escassez de mão-de-obra, custo e disponibilidade. Hoje, o Brasil já tem guindastes modernos, que são econômicos e operacionais, para fazerem montagem de grandes peças (de pré-moldados)”, justifica o uso da tecnologia o engenheiro Eduardo de Souza Pinto, diretor de projeto da construtora OAS.
Os pré-moldados incluem 14 mil peças de lajes e vigas. Os pilares foram feitos in loco. As peças mais complexas estão sendo fabricadas no próprio canteiro de obras. O restante tem sido adquiro da Cassol, que tem unidade fabril próximo à arena. No total, o estádio tem 96 eixos, sendo 10 pilares por eixo.
O estádio é composto por quatro níveis de arquibancadas, o que exige formatos diferentes de pré-moldados – por isso, vigas e arquibancadas estão sendo produzidos no canteiro. Os quatro níveis de arquibancada estão divididos da seguinte forma: arquibancada inferior (25.494 lugares), cadeiras especiais (8.848 lugares), 121 camarotes (2.728 lugares) e arquibancada superior (23.470 lugares). O extremo da arquibancada inferior será construída até 7 m do gramado, distância mínima permitida pela Fifa.
No lado norte (atrás de um dos gols), o mais adiantado da construção, já subiram todos os níveis do estádio e já estão sendo feitas as instalações elétricas, hidráulicas e do sistema de refrigeração. Nesta parte não haverá nível de cadeiras especiais e é lá que ficará o chamado avalanche da torcida do Grêmio, com 10.228 lugares, que permite que os torcedores conjuntamente percorram um pequeno trecho a sua frente na hora de comemorar um gol. Os torcedores nesse local ficarão de pé nas partidas de futebol.
O lado sul, mesmo com todos os níveis ainda não concluídos, já trabalha com quase toda a estrutura de pilares instalada.
A cobertura, com 6 mil t, será de estrutura metálica, com telhas termoacústicas. As peças estão sendo produzidas em Portugal e deverão chegar pelo porto de Rio Grande para serem montadas ainda este mês. A altura do estádio no nível da cobertura será de 56 m. A água da chuva será captada na estrutura que abrigará os torcedores, para irrigação do gramado.
A fachada da arena será toda circundada de esquadrias em brises de vidro em cor azul, a principal que compõe com o preto e o branco as cores do clube.
Há hoje 6 gruas, 6 guindastes e 6 munck em operação no canteiro de obras. Quando concluído, o estádio terá consumido 86 mil m³ de concreto e 7 mil t de aço.
O estádio colocará a disposição dos torcedores 95 sanitários, 18 elevadores (para camarotes e cadeiras especiais), três rampas de acesso e mais 2 cruzadas – perfazendo no total 5 rampas. Também a edificação terá cerca de 30 mil m² de espaços comerciais para uso diário e não somente em dias de jogos. “A concepção do estádio é de vida ativa”, explica o engenheiro da OAS.
A área de imprensa terá ainda 34 cabines de rádio e televisão, com espaço variando de 18 m² a 66 m².
O estádio contará também com 2.331 vagas de estacionamento no seu perímetro (embaixo da estrutura). Pilares metálicos suportam a estrutura da garagem.
FONTE DE RECURSOS
O acordo do Grêmio com a OAS para erguer o estádio, no valor de R$ 600 milhões, inclui a concessão por 30 anos da nova arena à construtora. O faturamento da exploração da área irá 65% para o Grêmio e 35% para a OAS. Também, o antigo estádio do Grêmio, o Olímpico, será demolido depois que a nova arena estiver pronta, para dar lugar a prédio comercial e residencial a ser construído pela OAS.
Além disso, a OAS lançará um empreendimento comercial e residencial (com total de 2.800 apartamentos) em terreno ao lado da arena para financiar a obra do estádio. O complexo poderá ficar pronto de 4 a 6 anos e irá acrescer 3 mil vagas de estacionamento para o estádio.
A Arena Grêmio firmou contrato com a Green Building Council Brasil (GBC Brasil) para obter o certificado LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) – selo que reconhece empreendimentos capazes de gerar menor impacto ao meio ambiente.
Hoje, a Arena Portoalegrense, empresa criada para gerir o espaço, já trabalha para locação das áreas para dar vida ao local 365 dias ao ano, tendo jogos ou não.a pelo Espaço do torcedor. Além de cobertura com vista para o lado externo da construção do estádio, encontra-se no local maquete do empreendimento, vídeos da obra, café e bar, além de loja com artigos do Grêmio. A iniciativa deveria ser prática comum nos estádios em construção no Brasil.
FICHA TÉCNICA
Valor da obra: R$ 600 milhões
Área total: 300 mil m²
Área construída: 205 mil m²
Capacidade: 60.540 lugares
Número de operários: 2.050 (3 turnos por dia / 5 dias por semana)
Previsão de entrega: novembro de 2012
Projeto: Coimbra Arquitetura e Plarq (Portugal)
Construtora: OAS
Fonte: Padrão