O engenheiro William Antunes, diretor técnico da Fundesp – Fundações Especiais e Roberto Sunahara, diretor técnico da Geobrasileira – empresas que realizaram os serviços de fundação, listam cinco das principais dificuldades que ali tiveram de ser superadas. São elas:
1. Necessidade da continuidade dos trabalhos no período de cheia/vazante, que vai de janeiro a junho. A rigor, eles deveriam ser paralisados, em função da variação do nível d´água e das correntezas, que ali chegam à velocidade da ordem de 4 m/seg e costumam arrastar até mais de 5 mil toras de madeira/dia. Nesse caso, diz o engenheiro, a balsa de serviço teve de ser posicionada de modo a evitar o canal principal do rio; contou-se com a experiência da equipe treinada para execução de obras especiais, em condições adversas, e foi preciso manter, amarrados, máquinas, equipamentos e materiais, no convés.
2. As fundações eram profundas, as estacas tinham comprimento de 60 m a 80 m e as camisas metálicas, utilizadas como revestimento perdido, 2 m de diâmetro. Trabalhava-se em solo arenoso, com ocorrência de rocha decomposta e rocha sã (diabásio), atípicas. Em vista disso, recorreu-se à variação de equipamentos e da metodologia executiva, avançando-se nos trabalhos segundo aquelas características geológicas.
3. Houve necessidade de movimentação e realocação constante dos estais das balsas de serviço devido à pressão do acúmulo sucessivo das toras de madeira e das fortes correntezas. Por conta disso, as duas empresas tiveram de usar estais duplos para cada guincho elétrico usado a partir da balsa de serviço; cuidou-se de sinalizar bem a área e de exercer severa vigilância, deixando-se as equipes de socorro prontas para qualquer emergência.
4. As equipes precisavam encarar a dificuldade provocada pela carência de peças, materiais e equipamentos na região. Por isso, o estoque tinha de ser mantido invariavelmente acima daquele usualmente recomendado.
5. Houve dificuldades operacionais naturais aliadas às condições de trabalho, na fase da descida e emenda da camisa metálica. E as escavações tiveram de ser realizadas em condições também adversas, havendo necessidade de peças e materiais sobressalentes em proporções cinco vezes maiores do que as exigidas em situação de normalidade. Além do mais, tinha-se de aguardar a cura da 1ª estaca de cada apoio contando-se com a proteção da balsa a jusante.
6. Outra dificuldade era constituída pela concentração de cerca de 50% das fundações na região do canal do rio (apoios e dolfins de concreto), localizada na faixa de maior velocidade das correntezas e da presença de maiores quantidade de toras de madeira. Isso exigiu também o adequado posicionamento da balsa de serviço , evitando-se que ela fosse instalada no canal principal.
Os engenheiros corroboram, com esses exemplos, as informações sobre os obstáculos de toda ordem, ali detectados, para executar as fundações da ponte.
(NCO)
Fonte: Revista O Empreiteiro