Direção da Petrobras antecipa para a revista O Empreiteiro o plano de negócios para o período e informa que os investimentos totais previstos serão de R$ 380 bilhões
Oplano mencionado estava em processo de revisão a fim de ser divulgado em julho. Contudo, ele foi antecipado para a revista O Empreiteiro. O plano de negócio 2011-2015 prevê investimentos totais de R$ 380 bilhões, o que representa uma média de R$ 76 bilhões por ano. Em 2010 foram investidos pela empresa, em todas as suas atividades, no Brasil e no exterior, R$ 76,411 bilhões e, para o corrente ano, a previsão é de R$ 93 bilhões. |
Do total previsto para 2011, R$ 88 bilhões serão investidos no País e cerca de R$ 5 bilhões em atividades no exterior, onde a empresa atua nas áreas de exploração e produção, refino, geração de energia elétrica e comercialização. O plano prevê a colocação de encomendas no mercado fornecedor de serviços, matérias e equipamentos, com uma taxa de conteúdo local de 67%, o que significa um nível de contratação anual no Brasil em torno de R$ 50 bilhões anuais.
Dos US$ 224 bilhões previstos no Plano de Negócios da Petrobras para o horizonte 2014, US$ 79 bilhões se destinam a área de abastecimento, que envolve refino, transporte e comercialização de petróleo e derivados. Este é considerado pela direção da empresa o maior valor já atribuído a estas atividades na história da Petrobras. Dos US$ 79 bilhões, a área de refino deverá receber mais de 50%. Estes valores poderão ser alterados em função da avaliação do planejamento da Petrobras que está em curso.
As novas refinarias
No conjunto de investimentos e obras, a Petrobras destaca os projetos das novas refinarias e justifica-as, dentro do cenário da economia atual do Brasil. Diz que as refinarias em operação foram projetadas para petróleo leve importado, produzido na Bahia e focadas no mercado que era majoritário para óleo combustível e gasolina. Até então, o diesel não era o carro chefe. Contudo, o consumo de diesel começou a subir. Entrou o gás, para substituir o óleo combustível, e o álcool, para substituir a gasolina, quando ainda não existiam os carros flex.
A partir dessas mudanças, a empresa começou a investir nas refinarias existentes para adaptá-las ao novo mercado focado em diesel, considerando, adicionalmente, as preocupações ambientais e as grandes perspectivas de produção crescente de petróleo pesado. Por isso, ela procurou, primeiro, modernizar e ampliar as refinarias existentes. Depois, já na segunda metade da década passada, decidiu projetar novas unidades de refino. Levantou em conta, nessa decisão, o fato de que a última refinaria construída no Brasil foi inaugurada em 1980, A Revap, em São José dos Campos (SP), no Vale do Rio Paraíba do Sul.
Em 2005, a Petrobras iniciou a elaboração do plano da refinaria de Pernambuco e, em 2006, cuidou do projeto do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Em 2007, com as perspectivas de óleo leve no pré-sal, a empresa viu que teria de dedicar-se aos estudos para a construção de duas refinarias Premium do Nordeste. Foi assim que, por volta de 2008, começou o projeto de expansão da unidade de Guamaré (RN), para produzir gasolina, além do diesel, querosene de aviação e gás liquefeito de petróleo (GLP) que já eram produzidos.
“Uma das lógicas do setor de atuação da Petrobras”, informa a direção, “mostra que a melhor e mais inteligente forma de valorizar a produção de uma empresa de petróleo é ter uma capacidade de refino suficiente para processar todo petróleo que produz”. Seguindo esse raciocínio, a escolha do Nordeste para sediar quatro novas refinarias revelou-se acertada e expôs uma motivação principal: tanto o Nordeste quanto a região Norte são deficitários em derivados de petróleo. Transportar petróleo cru é mais barato do que transportar os diversos derivados para consumo em determinada região que não conta com refinaria. Por isso, as unidades de refino são construídas em pontos estratégicos, para efeito de logística do abastecimento do País.
Abreu e Lima
A Refinaria Abreu e Lima, em construção em Pernambuco, no Polo Industrial do Suape, tem destaque considerado especial no parque de refino da empresa: é uma refinaria para diesel, que não vai produzir gasolina. Segundo o cronograma de obras da Petrobras, ela deverá entrar em operação em 2013. Dos 230 mil barris/dia a serem processados sairão 70% de diesel padrão europeu, e o restante de gás liquefeito de petróleo, nafta petroquímica, óleo combustível e coque.
Com a unidade de Pernambuco, a Petrobras pretende atender ao aumento da demanda de diesel, o combustível de maior valor na cadeia do petróleo e que ainda é, em parte, importado. E aí entra a razão da instalação da refinaria naquele estado: ela deverá suprir o mercado do Nordeste e eliminar a necessidade de importação, tornando o Brasil autossuficiente nos principais derivados, além de proporcionar vantagens logísticas para o sistema Petrobras.
Em Suape
O Polo Suape, também em Pernambuco, é apontado como avançado no processo de industrialização que vem sendo implantado no País. Ela concentra cerca de 100 empresas, com grande variedade de segmentos, englobando atividades da construção e da engenharia, engenharia industrial, com a montagem de navios e plataformas de petróleo, além de outras, nos segmentos de produção de alimentos, bebidas, tecidos e máquinas e equipamentos.
A vocação industrial do Polo Suape, que já funciona há mais de 30 anos, foi amplamente considerada nos estudos da Petrobras para localização da refinaria. Também foram decisivas, com esse fim, as condições oceanográficas locais que permitem a construção, sem a necessidade de investimentos adicionais, de um porto na escala exigida para recebimento de petróleo e escoamento de derivados, por navios de grande porte.
Com a construção da refinaria, a Região Nordeste, que responde por 19% da demanda de derivados de petróleo do País e conta apenas com uma refinaria na Bahia, deixará de depender de combustíveis produzidos em outras refinarias aqui ou do exterior. Como os fretes para transporte de derivados – como ocorre hoje – são mais elevados que os fretes de petróleo, haverá redução de custos, com reflexos para o consumidor.
“Esta é uma das razões por que, do ponto de vista econômico,
é mais viável a construção de refinarias mais próximas dos mercados consumidores do que das regiões produtoras de petróleo”, afirma a direção da Petrobras. Com relação à preservação ambiental, ela salienta que a refinaria Abreu e Lima vai produzir derivados com baixo teor de enxofre, podendo atender até aos padrões europeus, que são mais rigorosos.
A Petrobras chama a atenção também para o ecossistema da região. Ele apresenta condições adequadas para abrigar um empreendimento daquele porte, sem maiores impactos, tanto na fase de construção como de operação. “Em resumo”, diz a direção da empresa, “podemos afirmar, com absoluta tranquilidade, que o empreendimento vai contribuir, de forma altamente positiva, para o desenvolvimento sócio-econômico sustentável das áreas de influência da refinaria, da Região Nordeste e do Brasil. E o que ainda mais importante: o Nordeste deixará de ser deficitário em combustíveis”.
O impacto das novas refinarias
Encontra-se em construção no Norte/Nordeste, para aumentar a capacidade de refino do País e adicionar valor ao petróleo nacional, mais duas refinarias do tipo Premium: uma no Maranhão e outra no Ceará, projetadas para a produção de derivados de elevada qualidade e baixo teor de enxofre, utilizando petróleo pesado da Bacia de Campos e petróleo leve do pré-sal.
As duas maiores refinarias em implantação no Nordeste (Premium I e Premium II) vão produzir derivados de petróleo de alta qualidade, para atender os mercados do Norte, Nordeste e parte do Centro-Oeste, podendo ser também exportados. Hoje, a Petrobras tem apenas duas refinarias no Norte/Nordeste: uma na Bahia, de grande porte (280 mil barris/dia) e outra em Manaus, de pequeno porte (46 mil barris/dia), que não atendem à totalidade do mercado região.
A Refinaria Premium I, a ser implantada no município de Bacabeira (MA), a 60 km do futuro terminal de São Luís, será uma das quatro novas unidades de refino da Petrobras no Nordeste. O projeto tem em vista aumentar a produção nacional e facilitar a distribuição regional de derivados combustíveis de alta qualidade, como óleo diesel, querosene de aviação (QAV), nafta petroquímica, gás liquefeito de petróleo, bunker (combustível para navios) e coque.
Com capacidade para processar 600 mil barris/dia, a Premium I deverá refinar o equivalente a quase um terço de todo o petróleo nacional atualmente produzido pela Petrobras. Ela entrará em operação em duas fases: a primeira, com capacidade para 300 mil barris/dia, está prevista para setembro de 2014, e a segunda, para setembro de 2016. Ela será dotada de faixa de dutos e terminal portuário para receber petróleo e escoar derivados.
Pelos cálculos da empresa, o empreendimento poderá gerar, durante a fase de construção, 130 mil postos de trabalho diretos, indiretos e por efeito de renda, em todo o Brasil. Para a operação da refinaria, o efetivo estimado é de aproximadamente 1.500 trabalhadores.
Paulo Roberto Costa, diretor de Abastecimento da Petrobras, afirma que “a Premium I será a maior Refinaria do Sistema Petrobras, uma das maiores da América Latina e do mundo, e que o empreendimento está alinhado à estratégia da empresa de ser uma grande exportadora de derivados, agregando valor ao petróleo produzido no Brasil. Isto, porque é incomparavelmente mais rentável para a Petrobras e para a balança comercial do país exportar derivados do que petróleo cru”.
Para atender à demanda de profissionais qualificados, a Petrobras, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Programa de Mobilização da Indústria do Petróleo (Promimp) vão qualificar, no Maranhão, até o ano de 2013, cerca de 22.700 profissionais de nível superior, técnico, médio e básico, com cursos gratuitos e bolsa auxílio aos desempregados.
Outros 3.400 profissionais serão qualificados na área da construção civil, por meio de um acordo de cooperação técnica entre o Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério de Minas e Energia e a Petrobras.
Paulo Roberto Costa informa que “a Petrobras, o Prominp e outros parceiros da cadeia produtiva do petróleo e gás, também estarão orientando e capacitando os fornecedores locais, para que os empresários da região estejam aptos a suprir as necessidades do empreendimento”.
No Ceará
Dezembro de 2010 foi a data simbólica do início da implantação da Refinaria Premium II, listada no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Estado do Ceará. A Universidade Federal do Ceará (UFC) foi contratada para realizar o Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente. A área onde será implantada a Refinaria Premium II situa-se no Complexo Industrial do Porto do Pecém (CIPP), no município de Caucaia (CE). A unidade deverá produzir diesel com baixo teor de enxofre, querosene de aviação, nafta, gás de cozinha e bunker (combustível de navio). A refinaria deverá operar a partir de 2017, com produção de 300 mil barris/dia. Para implantação do projeto há previsão da geração de 90 mil postos de trabalho diretos, indiretos e por efeito renda.
A Petrobras assinou com a empresa americana UOP, que ela considera uma tradicional fornecedora de tecnologia na área de refino de petróleo, contrato para elaboração dos projetos básicos e de pré-detalhamento das refinarias Premium I, em construção no estado do Maranhão, e da Refinaria Premium II, prevista para o estado do Ceará e destinada à produção de derivados para os mercados nacional e internacional. Estão em estudo processos de refino iguais, de modo a proporcionar uma redução de custos de projeto e de instalação, além de diminuição dos prazos de execução dos empreendimentos.
A obra será construída na área do Porto do Pecém, com investimentos na ordem de US$ 11,1 bilhões, e deverá gerar cerca de 90 mil postos de trabalho (diretos e indiretos). O início da produção da refinaria será em setembro de 2014 (fase I – 150 mil barris/ dia). A segunda fase, também para a produção de 150 mil barris/dia, será em setembro de 2016. A refinaria produzirá, principalmente, óleo diesel tipo EURO V (< 10 ppm de enxofre) para exportação, e QAV, nafta, GLP e bunker para o mercado interno. A produção de diesel será em torno de 50% de toda a produção da refinaria.
Fonte: Estadão