Joseph Young
Na Virada Cultural realizada nos dias 15 e 16 de maio passado, em São Paulo, resolvemos arriscar e visitar o centro velho da capital. Deixamos o carro no estacionamento das Clínicas e fomos de metrô até a estação Anhangabaú.
As estações e os trens limpos recebiam poucos passageiros, era sábado, um dia agradável e ensolarado. Fomos assistir à apresentação do grupo espanhol Sarruga, com seus insetos mecânicos gigantes.
Manipulados por homens, esses insetos executavam alguns movimentos mais ousados, como o louva-a-deus gigante que “comia” as folhas das arvores e soltava fumaca.
Os “gigantes” saíram do baixio do Viaduto do Chá e percorreram o Vale até o viaduto Santa Ifigênia, para delírio da criançada e também dos adultos que lá estavam. O ambiente era propício para que todos voltassem a ser crianças por alguns momentos.
Enquanto aranha, formiga, centopéia e outros enormes insetos andavam no meio da multidão, sem percebermos, estávamos sentados num simples bar da avenida São João, tomando uma cerveja, tendo a companhia, na mesa ao lado, de um “virador cultural” adormecido.
Nesse momento, um guindaste ergueu no espaço uma cama de ferro com dois palhaços sobrepostos que pareciam uma pessoa desmedidamente longa, espreguiçando-se para acordar. Era mais um performance da Virada!
Depois dessa aventura urbano-cultural, tomamos o metrô de novo e fomos até a Estação da Luz, onde a Osesp iria tocar ao ar livre, em frente à Sala São Paulo. A platéia já estava repleta. Restou-nos sentar no gramado do Jardim da Pinacoteca para apreciar o concerto. Os apitos de um segurança nos chamaram a atenção. Ele, gentilmente, explicou que era proibido sentar na relva. Ele ainda fez diversas tentativas para afastar os freqüentadores que ocupavam o gramado, para finalmente desistir, porque o povo já havia tomado conta de todos os espaços disponíveis.
Ao final do concerto, fomos almoçar, já fora de hora, no tradicional restaurante Gato que Ri, no Largo do Arouche – que ainda estava aberto àquela hora da tarde. Ali, na praça, havia outro palco iniciando o último show da Virada.
Fizemos um exercício de imaginação pensando como seria o centro velho de São Paulo se não houvesse a circulação de carros e se só pedestres pudessem circular por aquelas ruas. Logo veio a certeza de que aquela parte da cidade renasceria. A população bem que poderia pressionar a prefeitura para realizar, pelo menos, uma Virada Cultural a cada dois meses. Ou, simplesmente, organizar esses eventos por conta própria.
Os paulistanos ganhariam um novo centro velho, divertido, descontraído e com segurança razoável. As históricas ruas da nossa cidade voltariam a ser dos pedestres.
Fora os automóveis do centro!