Hoje vamos falar um pouco mais sobre a conexão entre a metodologia BIM e as práticas ESG no setor de infraestrutura com foco em logística e transportes. Para você que ainda está aprendendo sobre o tema, pode consultar em meu último artigo sobre o tema e a correlação entre essas metodologias através do link https://www.linkedin.com/pulse/bim-e-esg-est%- C3%A3o-conectados-amanda-thomaz/.
A metodologia BIM (Building Information Modeling) e as práticas ESG (Environmental, Social, and Governance) estão interligadas de várias maneiras, pois ambas têm como objetivo promover práticas sustentáveis e responsáveis nos setores da construção, além de transparência, redução do impacto ambiental e social e diversos outros impactos positivos. Através da integração da metodologia BIM com as práticas ESG no setor de transportes e logística, é possível criar projetos mais sustentáveis, eficientes e socialmente responsáveis, contribuindo para a busca por soluções mais equitativas e ambientalmente conscientes. Sabemos ainda que essa associação pode ser alcançada por meio da integração de práticas sustentáveis e eficientes ao longo de todo o ciclo de vida dos projetos, desde as fases iniciais e estudos de viabilidade até a manutenção e operação dos ativos e ambiente construído.
O BIM é empregado para incorporar tecnologias de energia renovável e otimizar a eficiência energética em infraestruturas de transporte. Fundamentalmente, simulações detalhadas garantem a escolha eficaz e integrada dessas soluções. A concepção de um projeto através da modelagem BIM permite analisar inúmeras opções de traçado de uma nova rodovia considerando a topografia local, áreas sensíveis ao meio ambiente e seleção de materiais de construção com menor impacto ambiental, por exemplo, bem como otimizar o layout e a localização das instalações de transporte, levando em consideração a acessibilidade para a comunidade local e a segurança das pessoas que vivem e trabalham no entorno.
Essas simulações podem também (e na verdade deveriam sempre) considerar fatores como visibilidade, sinalização adequada e acomodação de pedestres e ciclistas e assim garantir segurança e acessibilidade a todos que irão compartilhar do novo espaço. Os modelos BIM podem ser utilizados para planejar rotas de transporte mais eficientes e sustentáveis, reduzindo distâncias percorridas e emissões de carbono.
É possível inclusive considerar e promover diferentes e mais sustentáveis modos de transporte, como transporte público e modos não motorizados. A ideia é pensar em diversas opções, simular, questionar, rever e planejar de maneira mais prática e assertiva, com base em dados reais, para conseguir economizar no bolso e com efeitos menos negativos ao ambiente. A infraestrutura de transporte ganha muito com essa conexão da modelagem BIM e das práticas ESG.
A otimização de rotas e logística é um benefício claro do BIM, visto que a modelagem permite a análise de fluxos de tráfego, identificação de pontos de congestionamento e otimização de rotas para redução tanto de distâncias percorridas quanto de emissões, melhorando a eficiência logística e reduzindo custos. Ou seja, estratégias que visam a eficiência energética e a redução de impactos no meio ambiente são aplicadas para aprimorar a sustentabilidade operacional. Esse planejamento sustentável, eficiente e seguro de um projeto é um excelente início, porém suas vantagens vão muito além e percorrem todo o ciclo de vida do ativo e por isso é muito importante olharmos para o todo e entendermos como as análises iniciais e a estruturação de um projeto vão impactar significativamente na melhor operação e manutenção desse ativo projetado.
Assim fica mais claro como a metodologia BIM e sua capacidade de simular situações reais permite otimizar a eficiência operacional dos sistemas de transporte uma vez que podemos – e devemos – considerar fatores como melhor utilização de recursos, redução de filas e congestionamentos e redução no consumo de energia e combustível, entre outros fatores.
Quando pensamos nesse impacto a longo prazo, o que faz ainda mais sentido quando falamos do setor de infraestrutura de transporte, entendemos o valor da adoção da metodologia BIM, pois ela nos permite usar dados de projeto para a governança eficiente dos recursos e uma gestão mais eficiente dos ativos, monitorando seu estado e garantindo sua adequada manutenção, inclusive de forma preditiva, otimizando o desempenho e prolongando a vida útil dessas infraestruturas. Sabe-se que a maior parte do ciclo de vida de um ativo de infraestrutura de transportes está nas fases de manutenção e operação.
Por isso, como já citamos, é importante ter isso em mente para o sucesso de um planejamento sustentável mas o dia a dia dessas infraestruturas, nessas fases, é crucial. E por isso o monitoramento em tempo real vem ganhando cada vez mais importância e sendo utilizado cada vez mais por empresas que já viram o valor de terem esses dados para a gestão de seus ativos. Quando eu consigo unir os modelos BIM e a coleta de dados em tempo real sobre o desempenho operacional, a eficiência energética e outros indicadores relevantes, eu tenho uma fonte incrivelmente rica e quase inesgotável de como melhor gerenciar meus ativos, antecipar e evitar problemas, reduzir custos e aumentar minha eficiência operacional.
Além disso, esses dados podem ser usados para relatórios transparentes, promovendo ainda responsabilidade e conformidade com as metas ESG. Um exemplo é utilizar a modelagem BIM para integrar sistemas de monitoramento de tráfego e emissões nas rodovias, possibilitando a coleta de dados em tempo real para análises e tomada de decisões visando a redução das emissões e a eficiência energética. Hoje muitas empresas utilizam os modelos para calcular e reduzir a pegada de carbono em projetos de transporte e logística. A modelagem detalhada permite análises precisas e a inclusão de informações sobre materiais e métodos construtivos contribui para a redução de emissões. Isso permite inclusive a escolha de materiais sustentáveis e práticas construtivas mais eficientes em busca da redução de impactos ambientais.
As simulações que a modelagem BIM permitem também auxiliam na simulação de cenários de segurança e saúde ocupacional em instalações de transporte, garantindo condições de trabalho seguras para os funcionários e minimizando riscos. É possível trazer o mundo real do futuro para o hoje através de imersões e simulações com projetos ainda em seu início, entendendo o que funciona – ou não, com maior ou menos risco para os trabalhadores, e prontamente alterar o que for necessário no projeto, sem maiores custos, quebradeira, demora ou desperdício.
As práticas ESG, principalmente sociais, são incorporadas para alinhar os projetos às necessidades e preocupações das comunidades locais. Nesse aspecto a metodologia BIM encaixa como uma luva. Quando usamos modelos tridimensionais (BIM) para expor ideias e projetos, a clareza de entendimento do projeto é real e indiscutível, e facilita sobremaneira a colaboração e a comunicação entre as diferentes partes interessada (governos, empresas, comunidades locais, técnicos), promovendo uma abordagem inclusiva, com a participação de todos os envolvidos, considerando as reais preocupações e necessidades da comunidade e promovendo uma abordagem socialmente responsável.
Outro aspecto da sustentabilidade ambiental muito significativo contemplado pela implementação do BIM é para monitorar e gerenciar o ciclo de vida dos materiais utilizados na construção e na manutenção das infraestruturas de transporte, minimizando o desperdício e promovendo a reciclagem. Isso contribuirá para práticas mais sustentáveis no gerenciamento de resíduos. Além disso, as práticas ESG, notadamente ambientais, são integradas para promover o uso responsável de recursos. Estratégias que incluem a minimização do impacto ambiental e a redução do consumo de recursos são implementadas para aprimorar a sustentabilidade. A integração do BIM com as práticas ESG é essencial para promover eficiência e sustentabilidade no setor de transportes e urgente no mundo em que vivemos. Ela já está trazendo para o setor infraestruturas mais sustentáveis, seguras e socialmente responsáveis, contribuindo para um desenvolvimento mais equilibrado e resiliente do planeta. E não poderia – nem deveria – ser diferente.
Autores: Maria Augusta Zanella – Executiva de Negócios na Pars, Amanda Thomaz – Gerente comercial da Pars e Renato Pasquarelli – Especialista técnico