Nunca será hora de sair por aí lamentando a situação brasileira na Olimpíada. Os atletas do País, exceto em alguns casos – e as exceções confirmam as regras – nascem sacrificados e vivem de chapéu na mão para assegurar o sonho de continuarem atletas.
O Brasil já passou por várias fases em que poderia ter construído um melhor patamar para o exercício dos esportes, se possível, todos eles. Mas nada fez para isso ou, se o fez, foi de modo absolutamente insatisfatório. Sobretudo, se pensarmos que esporte, antes de eventuais vitórias, é investimento.
Em vez de investir, o País prefere ir empurrando o esporte com a barriga, na expectativa de que o sacrifício solitário de cada atleta se traduza em medalha. Há quantos anos a gente vem acompanhando isso. A vitória invariavelmente tem sido individual. E, de imediato, ela é absorvida pelo governo, como se fosse o resultado do esforço de uma política elaborada para o desenvolvimento dos esportes.
Há alguns esportes que conseguem obter magros patrocínios. Outros vivem da mão para a boca, exauridos e amargando meses, anos, sem que os atletas, sem recursos mínimos, possam se dedicar, como deveriam, aos treinamentos. De repente, vem a Olimpíada. E, quando as hipóteses não são melhores, os atletas recebem bronze. Fique claro o seguinte: Não há demérito algum em se ostentar medalha de bronze. O demérito é sabermos que, houvesse mais um pouco de investimento, de estímulo para os atletas brasileiros, eles estariam no pódio recebendo prata. Ou ouro.
Um País que dispõe de tantas conquistas em diversas áreas, incluindo a da engenharia, que é destacada e valorizada em diversas partes do mundo, não poderia entrar e sair de uma Olimpíada com uma classificação lá embaixo. Mas, independentemente da engenharia aqui praticada, ou da arquitetura renomada, o fato concreto é que não estamos bem. E, o esporte, é um reflexo dessa situação. – Uma situação insuportável para os nossos atletas lá fora e para o conjunto da sociedade brasileira, aqui dentro.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira