Carteira de Projetos notáveis

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Carlos Augusto Blois Pera, diretor-presidente da Logos Engenharia, conta que o primeiro contrato da empresa foi para a hidrelétrica Porto Colômbia, em 1971, quando atuou como corpo técnico da construtora responsável pelas obras civis. Nessa época, a atividade de gerenciamento ainda não existia no Brasil. O primeiro grande projeto a contar com gerenciamento pleno, por volta de 1975, foi a construção da siderúrgica da Vibasa, do grupo Villares, em Pindamonhangaba (SP). A Vibasa é um marco na história da empresa e da atividade de gerenciam

ento, pois não existia uma metodologia na época para exercer essa atividade, muito menos em um projeto desse porte. A Logos desenvolveu uma metodologia própria e foi responsável por toda a gestão de implantação do empreendimento. Paralelamente, a empresa iniciou outros dois grandes trabalhos, ainda em meados dos anos 1970: a construção da usina de energia nuclear Angra I, neste caso atuando como equipe técnica do construtor, e a hidrelétrica de Itaipu, onde executou o planejamento da construção e gerenciou toda a implantação da usina, permanecendo no local até a década de 1990. A Logos teve papel relevante na implantação de Itaipu, cujo sucesso é motivo de orgulho para a empresa. A participação da Logos no planejamento das atividades de implantação constituiu-se em fator relevante para o cumprimento das metas estabelecidas pela Itaipu Binacional.

Em particular, as soluções inovadoras adotadas na concepção dos métodos executivos e nas especificações dos equipamentos de construção e apoio, notadamente de transporte e lançamento de concreto – respectivamente as monovias elevadas e cabos aéreos estaiados móveis — viabilizaram a obtenção dos níveis de produção exigidos pelo cronograma, os quais eram muito superiores aos maiores já atingidos em qualquer obra executada anteriormente no mundo. Itaipu era tida como a obra do cronograma impossível, o que poderia ter ocorrido se não tivessem sido adotadas estratégias arrojadas, incluindo a aquisição de equipamentos básicos de construção.

Ainda no final dos anos 1970 surgiu um outro projeto de porte, dessa vez no setor de saneamento: o Sanegran, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), o antecessor do projeto Tietê, ambos com participação da Logos, responsável pelo planejamento, coordenação de projetos, coordenação de suprimentos e supervisão / fiscalização das obras. “A empresa desabrochou no mercado nessa época, porque participamos de todos os grandes projetos que existiam no País”, comenta Blois.

Desbravando a Amazônia

Carajás foi o primeiro grande projeto de desenvolvimento econômico da região Amazônica. No fim da década de 1970 a Logos foi contratada para ajudar a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) na concepção do empreendimento, incluindo mina, ferrovia e porto, e mais tarde foi responsável também pelo gerenciamento da implantação da instalação de beneficiamento de minério, em Carajás. “Quando chegamos ao local, não havia nada na região.

Só Serra Pelada, com legiões de garimpeiros, situada a poucos quilômetros dali, que na época vivia uma situação complexa”, lembra Blois. Com esse projeto, a Logos adquiriu experiência na área de mineração, um dos setores nos quais passou a atuar. Uma decorrência desse contrato foi o extenso conhecimento na área ambiental, também aproveitado mais tarde em outros trabalhos. É que o projeto de ferro Carajás foi um dos primeiros empreendimentos do País onde a preservação ambiental entrou como prioridade na agenda.

Década negra

Nos anos 1980, a Logos Engenharia era a maior gerenciadora de projetos do País e atuava voltada principalmente para os empreendimentos públicos, deixando de lado portanto sua vocação inicial. “A década de 1980 foi negra, com poucos investimentos do setor público. O mercado estava desaquecido, mas tínhamos o contrato de Itaipu e os programas de saneamento, como o Sanegran, que durou 15 anos. Esses dois grandes projetos nos deram suporte para atravessar esse período”, recorda Blois. Apesar dos poucos investimentos nessa época, a empresa participou de alguns projetos pioneiros, como o corredor de ônibus Santo Amaro/Nove de Julho, na capital paulistana.

“Foi importante por criar um sistema estruturador de transporte público em São Paulo”, afirma o diretor-presidente. Outro contrato interessante que começou nessa época foi o Procav, da Prefeitura de São Paulo, ligado à canalização de córregos. Esse foi o primeiro projeto da prefeitura com financiamento internacional, no caso o Banco Interamericano de Desenvolvimento, e a Logos foi contratada por sua experiência em gerenciar empreendimentos com recursos internacionais. “Esse projeto atravessou várias gestões da prefeitura e está terminando agora”, conta Blois. Em 1991, a Logos foi contratada, em consórcio, para gerenciar o projeto Tietê I, então o maior do País, avaliado em US$ 1,5 bilhão. Esse contrato durou até 1998 e, no início de 2000, a empresa começou a trabalhar no Tietê II, que está em andamento. Saneamento é uma das principais áreas de atuação da gerenciadora. No início dos anos 1990 a área de mineração começou a atrair novos investimentos e a Logos foi contratada pela Minerações Brasileiras Reunidas (MBR) para gerenciar a implantação da mina Morro do Pico.

Desde então, obteve vários contratos com a MBR e outras mineradoras. A CVRD contratou-a muitas vezes, para projetos em São Luís (MA), Vitória (ES) e Belo Horizonte (MG). O maior contrato no momento é o gerenciamento da implantação da Terceira Pelotização da Samarco, que inclui a nova unidade de concentração em Germano (MG), o terceiro forno de pelotização em Ponta Ubu (ES) e um mineroduto de 396 km, unindo as duas instalações. No início dos anos 2000 a empresa também participou de projetos na área industrial ligada à produção de alumina, para Alunorte e Alcoa, e de alumínio para a Alcoa. Também ingressou na área de papel e celulose, trabalhando para a VCP, do grupo Votorantim, em Jacareí (SP). No momento, presta serviços para a VCP e participa da expansão da Klabin, em Telêmaco Borba (PR).

Experiência rodoviária

De sua história também fazem parte importantes projetos da área rodoviária, como a Rodovia dos Bandeirantes, onde fez parte do gerenciamento, e, mais recentemente, o Rodoanel – Trecho Oeste, ambos em São Paulo. Ainda na área de transportes, a Logos presta serviços para a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), como parte de um consórcio, de apoio ao gerenciamento de concessões rodoviári
as. A empresa já está no segundo contrato com a Artesp, iniciado em 2006. Esse trabalho contou com a experiência acumulada para outro cliente, o DER do Paraná, para quem criou um sistema informatizado de controle de concessões rodoviárias. “Nunca tivemos mais de 30 ou 40 projetos ao mesmo tempo, mas participamos de todos os grandes empreendimentos do País. Sempre trabalhamos nos projetos que precisaram de capacitação especial”, afirma Blois.

Fonte: Estadão


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