O cenário de negócios entre China e Austrália foi abalado pela confirmação, pelas autoridades chinesas, da detenção de um executivo da Rio Tinto e de outros três empregados da mineradora em Xangai. O governo chinês alega que os funcionários presos prejudicaram gravemente os interesses econômicos do país.
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O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China, Qin Gang, afirmou que há “uma grande quantidade de provas irrefutáveis” de que os detidos “vasculharam e roubaram segredos de Estado, levados para fora da China, prejudicando gravemente os interesses econômicos e a segurança econômica da China“.
Impacto nas Relações e no Mercado de Mineração
A notícia da prisão do principal representante de vendas de minério de ferro da Rio Tinto na China, Stern Hu, e de outros funcionários, gerou preocupações imediatas no mercado. O caso afetou a cotação das moedas locais (o dólar australiano sofreu a maior perda diária contra o iene em dois meses e meio) e levantou questões sobre o futuro das ligações comerciais da Austrália com a China, seu maior parceiro.
O incidente também aumenta as incertezas para empresas internacionais que realizam negócios na China. Relatos indicam que computadores com informações comerciais importantes relacionadas a contratos de mineração foram retirados dos escritórios da Rio Tinto em Xangai.
Analistas de risco, como Andrew Gilholm, da Control Risks, apontam que o caso “evidencia a potencial vulnerabilidade das leis na China, que podem ser interpretadas de modo muito flexível, e a grande área cinza especialmente em torno da informação e ao que constitui um segredo de Estado“.
O Envolvimento da Indústria Chinesa e a Resposta Diplomática
O caso também envolve a esfera estatal chinesa. Um executivo do departamento de minério de ferro do grupo siderúrgico estatal Shougang Group também foi preso, segundo fontes da indústria do aço.
A Austrália, por sua vez, agiu diplomaticamente. O chanceler Stephen Smith confirmou a prisão de Stern Hu e a chancelaria australiana garantiu que a China daria acesso consular ao executivo, tratando o caso como um assunto judicial e tentando evitar sua “politização”, conforme sugerido pelo porta-voz chinês.




