O BIM cada vez mais integrado ao ciclo de vida do projeto

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Augusto Diniz – Las Vegas (Estados Unidos)
 
O BIM (Building Information Modeling) no centro do projeto, onde as diversas equipes se conectam, dando acesso a qualquer informação.
 
Ferramentas captam cada mudança, mostram as alterações e discrepâncias, sugerem soluções e apontam riscos ao longo de todo ciclo de vida do projeto. É assim que a metodologia está avançando, de acordo com Sarah Hodges, diretora de negócios de BIM da Autodesk.
 
Ela e outros executivos da gigante de tecnologia falaram para um público de cerca de 10 mil pessoas em mais uma edição do Autodesk University (AU), realizada em Las Vegas, Estados Unidos, de 14 a 16 de novembro, sobre as tendências na área, incluindo nos segmentos de arquitetura, engenharia e construção os quais a empresa oferece softwares sofisticados. Terry Bennett, especialista no setor de infraestrutura da companhia, explica que nos últimos cinco anos cresceu enormemente a adoção da metodologia entre as construtoras. “Há muita gente adotando a tecnologia, não mais apenas como uma ferramenta, mas uma estratégia de negócio”, diz. “Eles querem ter uma ideia melhor do projeto, o quanto vai gastar e os materiais necessários. Eles precisam saber melhor dos custos”, acrescenta.
 
O BIM é capaz de unificar essas informações e gerar dados precisos tanto do projeto em si como do orçamento, um item relevante em meio à queda dos valores de contrato e o aumento da concorrência.
 
Segundo Terry, nos Estados Unidos cerca de 50% dos contratos impõem hoje a utilização do BIM. Sobre a implantação da metodologia, ele destaca que existem dois pontos a serem discutidos, principalmente para o mercado de pequenas e médias empresas que relutam à sua adoção.
 
Terry lembra que a Autodesk passou a comercializar novas licenças de produtos individuais (como o Autocad) e suítes de design e criação baseadas em assinatura em períodos variáveis, sem necessidade de aquisição permanente, para atender com custo menor e flexibilização o chamado middle market. A medida veio a calhar em meio à diminuição do fluxo de negócios no setor da construção e a necessidade, por outro lado, de se ter a tecnologia como aliada na otimização de processos. “Na segunda questão, queremos explicar que a ferramenta é mais do que uma experiência em 3D”, afirma.
 
O especialista considera a necessidade das empresas enxergarem muito mais do que algo a ser projetado, mas a vivência no ambiente no formato digital e suas possibilidades de melhoria dos projetos.
 
BUILD SPACE
 
Nessa linha de explicar como o que está sendo projetado pode ser usado e aperfeiçoado para o futuro, a empresa inaugurou em outubro o Build Space, em Boston, Estados Unidos. O local hospeda equipes acadêmicas e do mercado focadas na fabricação digital, robótica de design e construção industrializada.
 
Com isso, a empresa espera convergir os segmentos de arquitetura, engenharia e construção com a indústria de materiais e produtos. Jim Lynch, vice-presidente de soluções nessas áreas, reforça a necessidade de se pensar o BIM com opções diversas. A crescente e irreversível industrialização da construção é um fator que impõe essa convergência, avalia o executivo. Jim afirma, porém, que a adaptação do BIM passa, em primeiro lugar, pela opção do governo em demandar seu uso.
 
Na Inglaterra, desde abril deste ano, todas as licitações públicas de projetos e obras estão sendo exigidas em BIM. “A Cidade-Estado de Singapura também está bem avançada no BIM no governo”, lembra ele.
 
AMÉRICA LATINA
 
Cristina Randazzo, gerente de vendas na América Latina da Autodesk, explica que o Chile é o país mais adiantado no nível de governo na adoção do BIM no continente, e a previsão é que a partir de 2020, a metodologia seja exigida nas licitações públicas de obras e projetos.
 
O Brasil possui algumas ações pontuais nessa direção, como a da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (ver matéria sobre o assunto no Fórum da Engenharia desta edição) e o Metrô, ambos do governo do Estado de São Paulo.
 
No caso do Metrô, Ivo Mainardi, arquiteto e supervisor de BIM na estatal conta que o grupo de desenvolvimento da metodologia teve início em 2011. Quatro anos depois, fez a primeira contratação BIM de uma estação. A experiência, segundo ele, propiciou visualização do projeto, antecipou problemas, verificou compatibilização e apresentou detalhes que antes não eram visto nos projetos. “Foi um avanço e tanto dentro da empresa”, resume.
 
Ivo diz que o BIM se tornou uma das 15 ações estratégicas prioritárias definidas pela estatal. Isso permitirá direcionar mais planejamento e conhecimento da tecnologia. Hoje, faz-se um levantamento na empresa dos inúmeros departamentos, envolvendo 9.500 funcionários, com interface com o BIM.
 
Ele avalia que o problema de implantação da tecnologia na empresa está no fato dela ter funcionários pouco afeitos à mudança. “Esse é grande desafio do BIM”, exprime. Por certo, a questão cultural é um fator relevante de adoção da ferramenta.
 
Pablo Belmar Cubillos, responsável pelo desenvolvimento em BIM do projeto do novo terminal do aeroporto de Santiago, no valor de US$ 1 bilhão, explica que a grande lição neste projeto foi que o BIM “não é autônomo e ele não resolve relacionamento interpessoal”, demonstrando o quanto é necessário alinhar passos entre os profissionais envolvidos nas iniciativas propostas pela tecnologia.
 
O trabalho em que Pablo está desenvolvendo é para a concessionária Nuevo Pudahuel, composta pelos grupos ADP, Vinci e Astaldi, que detém a concessão do aeródromo da capital chilena. “O desafio do trabalho é integrar a metodologia BIM aos complexos sistemas existentes no aeroporto”, ressalta.
 
Serão cinco anos de execução das obras, que promete dobrar o número passageiros, de 15 milhões passageiros/ano para 30 milhões/ano, no aeroporto.
 
IMPRESSÃO 3D
 
A realidade virtual e a impressão 3D ganharam destaque no AU, com o desenvolvimento e fabricação de materiais complexos, tendo à frente a robótica como a tecnologia integradora da inovação, inclusive para moldar peças de metal – indo além, portanto, do uso anterior de objetos a base de polímeros.
 
A impressão 3D avançou de forma prática na Rio 2016, especificamente pelas pernas da alemã Denise Schindler, que foi ao evento expor sua experiência nesse campo. A para-atleta competiu com uma prótese, do joelho para baixo, impressa em 3D em fibra de carbono.
 
Depois de um período de testes, com envolvimento de 22 pessoas, ela chegou aos Jogos Paraolímpicos com um material acoplado ao corpo, mais leve e forte, feito em 48 horas, a um custo infinitamente menor do que o modelo convencional desenvolvido de policarbonato. Denise levou medalha de prata no ciclismo contrarrelógio.
 
WORKSTATION
 
No mundo das estações de trabalho, a HP apresentou a primeira miniestação do mundo projetada para usuários de CAD e outras indústrias de computação intensiva. Trata- se do workstation HP Z2 Mini, menos da metade do tamanho de uma torre tradicional de uso empresarial.
 
A nova workstation, em formato octogonal, tem a capacidade de suportar seis monitores. Segundo a marca, a HP Z2 Mini foi projetada para os locais de trabalho que estão com mais espaço limitado, incrivelmente compacto. O preço não chega a assustar: US$ 700.

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