Cidadania começa pela casa. Curundu é exemplo

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Estive em Curundu. Curundu é o rio que dá nome a um dos bairros mais precários e violentos da Cidade de Panamá. Há cerca de 50 anos apareceram por ali as primeiras moradias humildes, que nas décadas seguintes se disseminaram, feitas de madeira, papelão e folhas de zinco, apoiadas em palafitas. As condições subumanas montaram um cenário de degradação. E a degradação, ali formada pela soma da miséria com a absoluta falta de saneamento, drenagem, infraestrutura viária e outros serviços, abriu campo para toda sorte de violência, expressa até em atos de banditismo.

Quando a situação no bairro ficou insustentável, com a população carente de saúde, educação, transporte, lazer, segurança e das condições mínimas de subsistência, o Ministerio de Vivienda y Ordenamiento Territorial decidiu tomar providências: mandou elaborar um projeto de renovação urbana e social para substituir as moradias precárias,  por outras construídas com planejamento e materiais de qualidade, dotadas de energia elétrica, serviços sanitários e rede telefônica, e para as quais seriam remanejados os antigos moradores das palafitas. Claro que as unidades residenciais não estão sendo entregues de graça. Elas são subsidiadas pelo governo, ficam em nome da dona da casa e cada família assume uma mensalidade módica.

A empresa que, por contrato, assumiu em 2010 a tarefa de dar andamento prático ao projeto foi a Odebrecht, que em 2006 iniciara uma série de outros empreendimentos de engenharia no Panamá e, hoje, acha-se consolidada no País.
O projeto, com investimentos de US$ 100,7 milhões, previu a construção de prédios de quatro pavimentos, totalizando mais de mil apartamentos, que estão substituindo as antigas moradias; a urbanização, com a criação de parques, construção de quadras esportivas, ciclovias, centros comunitários e espaços para manifestações sociais e culturais; a limpeza e canalização do Curundu; obras de prevenção contra inundações e a melhoria do sistema viário,  que inclui a construção de pistas pavimentadas e pontes sobre o rio.  Um serviço móvel de acesso à internet favorece os moradores em suas necessidades de comunicação.
Os serviços, iniciados há dois anos, com prazo de conclusão para 2013, desenvolvem-se de acordo com o plano original e começam a ter impacto positivo na vida de milhares de moradores do bairro.
O experiente engenheiro Júlio Lopes, diretor do contrato da Odebrecht, diz que o projeto não se limita às questões dos prédios e do desenho urbano. Ele sinaliza para um programa muito mais amplo, que tem em vista melhorar as condições socioeconômicas dos habitantes, mediante a geração de empregos e a capacitação profissional.
Através de práticas esportivas e da melhoria do meio ambiente, o projeto vem estimulando o surgimento de lideranças comprometidas com a continuidade dos objetivos propostos, para que o projeto não se esgote ao final das obras. O processo de melhoria e renovação urbana deve ser permanente, de modo a disseminar-se continuamente por todo o bairro e por outras regiões da cidade.  
O projeto, de certa forma, lembra iniciativa adotada na capital do Amazonas (Programa Social e Ambiental de Manaus – Prosamim), atualmente na terceira etapa e que vem erradicando as palafitas no centro daquela capital.
O engenheiro Júlio Lopes diz que a experiência de Curundu chama a atenção para um tipo de engenharia que deveria projetar-se como prioritária dentre todas as  modalidades dessa atividade: a engenharia social. Porque o difícil não é fazer casa ou realizar obras de urbanização;  o difícil, depois de construir a casa, é construir cidadania. E é aí que a engenharia social pode exercer, em toda a sua plenitude, o seu papel.

 

O mestre Caravaggio no Brasil

 

 

Os eventos alusivos ao Momento Itália Brasil (2011-2012) trazem de lá a exposição do mestre Caravaggio, que reúne 20 pinturas nunca vistas nessas plagas. Ela está em Belo Horizonte e em seguida virá para São Paulo, seguindo depois para Buenos Aires.

 

 

Frase da coluna

 

“Nos últimos anos, os investimentos públicos efetivamente aplicados em saneamento estão na casa dos R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões, aí já incluídos os investimentos privados. São números muito pequenos diante do desafio enorme que o Brasil tem nessa área, pela frente.”

De Edison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil.
 

 

Fonte: Padrão


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