A concessão da Ponte Internacional São Borja – Santo Tomé, com duração de 25 anos, estabelecerá a gestão de um ativo estratégico que reforça a integração logística e o comércio exterior entre Brasil e Argentina.
A vitória da CS Infra ocorreu após a oferta inicialmente classificada não atender aos critérios do edital, permitindo que a empresa fosse declarada vencedora por cumprir a totalidade dos requisitos técnicos e econômicos definidos pela Comissão Mista Argentino-Brasileira (COMAB). A concessão marca um novo ciclo de expansão da companhia, que agora entra no segmento de infraestrutura binacional alfandegada.
O contrato prevê investimentos de R$171 milhões (US$31 milhões) na ponte rodoviária sobre o Rio Uruguai e em seus acessos, além do Centro Unificado de Fronteiras (CUF), um espaço que concentra os processos aduaneiros, migratórios e sanitários. Do total, US$21 milhões serão investidos nos primeiros seis anos.
Segundo Fernando Quintas, CEO da CS Infra, o projeto é um marco para a companhia. “Para essa operação estamos prevendo US$30 milhões em investimentos nos primeiros 24 meses do contrato. Durante esses dois primeiros anos, serão executadas obras de requalificação, ampliação das edificações e pátios, assim como as vias de acesso do Centro Unificado de Fronteiras (CUF). O projeto prevê a ampliação de mais de 9 mil m² de edificações, cerca de 80 mil m² de área de pátio, além de dobrar a capacidade de atendimento para caminhões. Também estão previstas adequações normativas, implantação de novos sistemas de pedágio e monitoramento, e substituição de mobiliário e equipamentos”, explica Fernando Quintas, CEP da CS Infra, controlada pela Simpar, e que recebeu a concessão da ponte binacional São Borja-São Tomé, entre Brasil e Argentina, e do Centro Unificado de Fronteira (CUF), depois de uma reviravolta envolvendo a Plusbyte SRL, até então vencedora do leilão realizado em 16 de julho. De acordo com o edital, a companhia argentina não cumpriu os requisitos mínimos de qualificação técnica e econômico-financeira exigidos, pois o patrimônio líquido da PlusByte em 2023 foi de US$721 mil, inferior ao valor mínimo para a empresa vencedora (US$6,5 milhões).
O modelo operacional da concessão envolve 14 km de rodovias, incluindo a ponte e os acessos em ambos os países. A CS Infra será responsável pela infraestrutura física e de apoio aos órgãos de fiscalização no CUF, além dos serviços de controle e circulação de cargas e pessoas.
A empresa prevê que a receita da operação virá da cobrança de pedágio e tarifas de serviços, com a possibilidade de receitas acessórias, como a instalação de free shops e postos de combustível. A operação da ponte e seus acessos exigirá a atuação de uma equipe técnica multidisciplinar de mais de 180 colaboradores, composta por profissionais brasileiros e argentinos. A empresa enfrentará o desafio
de operar sob os marcos legais distintos dos dois países, tanto na área tributária quanto trabalhista, para o qual já contratou escritórios especializados para garantir a conformidade legal e a eficiência fiscal.
A Ponte da Integração desempenha um papel crucial na conexão entre Brasil e Argentina. Com 1,4 mil metros de extensão e 14 km de acessos, a ponte foi inaugurada em 1997 e facilita o trânsito sobre o Rio Uruguai entre as cidades de São Borja e Santo Tomé.
A sua importância vai além da travessia física, pois ela é um elo vital para o comércio regional. A ponte é responsável por movimentar 20,1% do total do comércio entre os dois países. Esse percentual inclui 27,5% das exportações e 12,6% das importações na balança comercial bilateral. Além disso, a Ponte da Integração tem um papel estratégico na logística com outros países, sendo responsável por 39,98% do comércio entre Brasil e Chile.
A concessão vencida pela CS Infra ocorre em um contexto de discussões crescentes sobre a integração logística entre o Brasil, a Argentina e outros países do Mercosul. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) tem liderado delegações brasileiras em reuniões para debater propostas para a melhoria na regulação e fiscalização do transporte internacional de cargas.






