A 6ª edição do Concrete Show, realizada em São Paulo (SP), serviu como um termômetro da expansão da cadeia produtiva da construção civil no Brasil. O evento reuniu mais de 550 empresas nacionais e internacionais e promoveu mais de 100 palestras técnicas, consolidando-se como um marco para a indústria do concreto.
Lideranças setoriais como José Carlos de Oliveira Lima (Fiesp), Arcindo Vaquero y Mayor (Abesc) e Sérgio Watanabe (Sinduscon-SP) observaram o empenho em ampliar o volume de obras em habitação social (Minha Casa, Minha Vida) e infraestrutura, impulsionando todos os segmentos da cadeia produtiva.
Inovação e Racionalização nos Seminários Técnicos
Os seminários trouxeram à tona temas específicos e pontos de vista inovadores sobre a racionalização de sistemas construtivos e a tecnologia do concreto.
Destaques da programação técnica incluíram:
- Racionalização de Sistemas Construtivos: Viabilidade da alvenaria estrutural (Eduardo Bilemjian) e a aplicação de parede de concreto em edifícios altos (Alexandre José de Aragão Pedral Sampaio, OAS).
- Industrialização e Durabilidade: Uso de metacaulim para melhoria das propriedades e durabilidade do concreto (Guilherme Gallo) e recomendações para o aumento da vida útil das estruturas.
- Tecnologia na Gestão: O uso prático do BIM (Building Information Modeling) para engenheiros estruturais (Liberdade Izaguirre).
- Fundações e Segurança: Assuntos de geotecnia e segurança de barragens.
Leia também: Contratação de solução (Building Information Modeling – BIM)
Pré-Moldado de Concreto: Aceleração para a Copa 2014 e Infraestrutura
Um dos temas centrais foi a industrialização da construção, com ênfase no uso de peças pré-moldadas de concreto.
O engenheiro Fernando Rebouças Stucchi (EGT Engenharia), envolvido na construção de cinco arenas para a Copa do Mundo de 2014 (incluindo Itaquerão e Fonte Nova), sublinhou que a pré-moldagem de concreto é a solução construtiva mais capaz de acelerar obras de grande escala:
“A pré-moldagem gera racionalização. São elementos parecidos, num processo industrial. É muito mais rápido produzir com pré-moldado”, afirmou Stucchi à Revista O Empreiteiro.
Stucchi defende que a técnica de racionalização de custos do concreto pré-moldado deve ser expandida para outras áreas, como projetos portuários, túneis de metrôs, pontes e viadutos.
O Avanço do Pavimento de Concreto e a ABCP
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), que promoveu o seminário Estradas de Concreto: uma escolha sustentável e inteligente, divulgou o avanço do pavimento de concreto no país.
- Ronaldo Vizzoni (Gerente Nacional de Infraestrutura da ABCP) destacou que o concreto, em pavimento dimensionado para grande volume de tráfego pesado, é imbatível, sendo a solução utilizada nos corredores de ônibus de grandes cidades e nas pistas dos principais aeroportos brasileiros.
- A participação do concreto na malha viária pavimentada, embora ainda pequena, passou de 1,5% para 4% após a intensificação da luta pela retomada de espaço a partir de meados de 1990.
O Fenômeno da Comunidade da Construção e a Força do Cimento
A engenheira Glécia Vieira (ABCP) fez um balanço dos dez anos da Comunidade da Construção, um movimento focado em integrar a cadeia produtiva e melhorar a produtividade dos sistemas construtivos à base de cimento.
Os números mostram a dominância do concreto no setor imobiliário:
- 90% das obras do segmento imobiliário adotam sistemas construtivos à base de cimento (estruturas de concreto, pré-fabricados, alvenaria estrutural e paredes de concreto).
- No mercado da habitação popular, o emprego de alvenaria estrutural e paredes de concreto alcança 92% do mercado.
A Nova Mão de Obra: O Projeto Mulheres que Constroem
A necessidade econômica de mais mão de obra qualificada no mercado de construção civil, que está aquecido, impulsionou a crescente presença feminina nos canteiros. O Concrete Show destacou o projeto Mulheres que Constroem, uma parceria entre o Sintracon-SP e a Esaesp.
Mulheres como Francinete e Cibele, que exibiram suas novas habilidades em alvenaria e drywall no evento, buscam complementar o trabalho dos homens e, em muitos casos, almejam a formação universitária, como o sonho de Cibele de se tornar engenheira. O movimento cumpre uma necessidade do mercado: sem a mulher, o Brasil não constrói.




