Grupo Pacaembu se reestrutura, investe na logística de abastecimento dos canteiros e consegue diminuir prazo de conclusão dos empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida
José Carlos Videira
O Grupo Pacaembu, dedicado à construção de empreendimentos habitacionais de interesse social, destinados ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), já entregou 15 mil unidades desde 2011. O destaque deste ano foi a conclusão de 2.508 residências do conjunto habitacional Lealdade e Amizade, em São José do Rio Preto, interior do Estado de São Paulo. A empresa fecha ainda 2014 com outras seis obras em andamento, o que deve totalizar cerca de 4 mil unidades.
Com experiência de mais de 20 anos em obras de condomínios residenciais horizontais, o grupo possui em seu portfólio em torno de 35 mil habitações entregues no Estado de São Paulo. “Os sócios fundadores, os irmãos Wilson e Eduardo Almeida, sempre atuaram nesse nicho de mercado”, lembra o diretor Administrativo e Financeiro da Pacaembu, Lúcio Bormann.
Bormann explica que, a partir de 2011, a empresa realizou uma grande reestruturação, com investimentos em ferramentas de gestão e de qualidade, e com a criação da marca Grupo Pacaembu. Entre outras melhorias, foi possível aumentar a produtividade das obras e capacidade de entrega dos seus empreendimentos. De 2011 a 2013, o faturamento cresceu 200%, atingindo a cifra de R$ 387,8 milhões.
A empresa ainda começou a atuar em obras maiores e mais complexas e a manter canteiros simultâneos, o que não acontecia no passado. Coincidentemente, foi também nesse ano que a Pacaembu entregou uma das maiores obras do MCMV, o Residencial Parque Nova Esperança, com 2.491 unidades, também em São José do Rio Preto.
“Nas últimas três ou quatro obras, conseguimos antecipar a entrega dos imóveis em média entre 30 dias e 60 dias”, ressalta. Segundo ele, cumprir ou antecipar prazos é fundamental nesse ramo de negócio, haja vista todos os custos fixos que envolvem obras dessa envergadura.
O aumento da velocidade de entrega é um dos resultados dos investimentos feitos na padronização de canteiros e na melhoria dos processos construtivos, realizados a partir de 2012, lembra o executivo. Entre as ações adotadas pela empresa para melhorar o desempenho foi o reforço da logística de abastecimento das obras. “De nada adianta aumentar o número de operários se o material de construção não estiver disponível na hora certa”, resume o diretor da Pacaembu.
Segundo ele, a empresa redesenhou toda a sua logística de suprimentos, fez parcerias com fornecedores e conseguiu bons resultados. “Com logística melhor, os materiais ficam disponíveis para cada obra a ser trabalhada de forma mais racional.”
Bormann diz que a empresa adotou o modelo descentralizado de decisão. “Cada obra é responsável por si própria, não tem que pedir tudo para um escritório central”, resume. Segundo ele, um funcionário é designado para cuidar das compras descentralizadas em cada um dos canteiros. Mas a Pacaembu acompanha de perto todo o processo. Faz auditorias, checa orçamentos e verifica possíveis distorções. “Mas esse novo sistema garante agilidade muito maior”, frisa.
O diretor da Pacaembu diz que cada obra tem autonomia para comprar cerca de 20% dos materiais. “Geralmente itens de menor valor unitário, como pregos e parafusos. Porém, Bormann explica que itens como concreto, cimento, areia, pedra, blocos, portas e janelas, a empresa ainda mantém compras centralizadas com entregas obra a obra. “Esse volume de compras representa cerca de 80% do total”, calcula o diretor.
A centralização desses materiais se justifica, na opinião do executivo. Com obras que ultrapassam as 2 mil unidades, Bormann diz que a empresa chega a comprar de uma só vez 20 mil portas e até 30 mil janelas para abastecer todo os canteiros de uma só vez. Com isso, consegue negociar melhores preços com os fornecedores e monitora a qualidade.
Terceirização
Os canteiros de grandes conjuntos habitacionais construídos pela Pacaembu chegam a ter em média mil pessoas trabalhando no pico da obra. De acordo com o diretor da empresa, “cerca de 30% dos operários são terceirizados”.
A maioria dos terceirizados trabalha em serviços básicos, supervisionados por mestres de obras e engenheiros da Pacaembu. Pedreiros, ajudantes, pintores, entre outros profissionais, são terceirizados nos canteiros da empresa.
Segundo o diretor, “o grosso da mão de obra da alvenaria, por exemplo, é todo terceirizado”.
A empresa também prefere manter um imobilizado baixo, terceirizando a maior parte dos equipamentos pesados utilizados em suas construções. “Temos apenas equipamentos leves em nossas obras.” Com isso, segundo Bormann, a empresa reduz custos e otimiza os trabalhos. “Se tivéssemos de comprar todos os equipamentos, teríamos de investir em galpões enormes para guardá-los, sem contar o custo de transporte dessas máquinas para cada uma das obras”, justifica.
Tecnologia da informação também é outra aliada da Pacaembu para garantir agilidade e qualidade de seus empreendimentos. O diretor conta que a empresa, desde a reformulação em 2011, tem investido na melhoria de seus sistemas e no aperfeiçoamento dos módulos de engenharia, entre outros.
A Pacaembu também ampliou os investimentos em treinamento de mão de obra. “Investimos R$ 1,5 milhão por ano”, calcula Bormann. A empresa criou até a Unipacaembu, em 2012, universidade corporativa para atender às necessidades de aperfeiçoamento profissional de cada um de seus colaboradores.
A política de recursos humanos da Pacaembu prevê ainda gratificação para os colaboradores ao final de cada obra. “Pagamos gratificação para todos, que pode chegar até dez salários, quando a obra termina”, afirma Bormann.
Ficha Técnica – Residencial Lealdade e Amizade
– Proprietário: Pacaembu Empreendimentos e Construções
– Tipo de obra: Residencial Horizontal – MCMV – Faixa 1
– Valor do contrato: R$ 172,8 milhões
– Localização: São José do Rio Preto (SP)
– Área do terreno: 1.058.296,31 m²
– Área construída: 103.329,60 m²
– Início da obra: Setembro/12 – Conclusão: Abril/14
– Projeto de Arquitetura, de Engenharia, Estrutural, Instalações hidráulicas e elétricas: Pacaembu Empreendimentos e Construções
– Principais fornecedores: Tessa Tecnologia e Desenvolvimento (estrutura metálica da cobertura), Tégula Soluções para Telhados (telha de concreto), Gerdau Aços Longos (aço), Votorantim Cimentos (cimento), Indústria Cerâmica Fragnani – Incefra (pisos e revestimentos cerâmicos), Saint Gobain Quartzolit (argamassa colante e rejunte), Atimaky Esquadrias Metálicas (esquadrias metálicas e de madeira), Cartint Indústria e Comércio (tintas), Ecoplast Indústria e Comércio de PVC (forro de PVC), Silver Indústria e Comércio de Acessórios para Construção Cardinalli (tubos e conexões), Ambar Indústria e Comércio de Componentes e Instalações Elétricas (chicotes elétricos), Prosol Indústria e Comércio de Produtos de Energia Solar (sistema de aquecimento solar), Kelly Hidrometalúrgica (registros e metias), Unikap Brasil Indústria e Comércio de Plástico (tubos PPR), Fiori Cerâmica Ltda (louças), Otto Baumgart Indústria e Comércio (impermeabilizantes).
Fonte: Revista O Empreiteiro