A estratégia predominante nos países desenvolvidos para a contratação de deficientes tem como foco a acessibilidade para todos e não apenas para a pessoa com deficiência. Como o Brasil tem 20 anos de atraso nesse tipo de contratação, o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo (Sinicesp) promove, amanhã, dia 27, um seminário para divulgar a legislação pela qual as empresas, com mais de 100 funcionários, precisam incluir determinada percentagem de deficientes em seus quadros.
Para a especialista em práticas inclusivas e acessibilidade, Renata Andrade, que é uma das conferencistas, muitas empresas continuam considerando difícil contratar deficientes.
“O enfoque tem sido da necessidade do deficiente que se procura para determinada vaga, quando a moderna estratégia deve levar em conta o modelo social da deficiência, o meio no qual a pessoa está inserida e não a deficiência”, explica. Ela exemplifica o seu raciocínio informando que um refeitório, um banheiro ou mesmo uma rampa devem ser construídos para permitir o uso, seja por um cego, por um cadeirante, por um tetraplégico ou mesmo, no caso da rampa, por uma pessoa sem deficiência alguma, mas que esteja levando um volume pesado e para a qual será mais confortável subir a rampa do que uma escada.
Renata Andrade conta que o primeiro passo para a empresa que pretende se adequar à legislação, contratando deficientes, é buscar uma consultoria multidisciplinar que faça o mapeamento das barreiras e os possíveis facilitadores no ambiente do trabalho.
“O problema é que, no Brasil, ainda são raras as consultorias capacitadas a esse tipo de análise e os profissionais do ramo trabalham, na maioria, como autônomos”, diz ela, que preparou uma relação de profissionais de cada Estado brasileiro que podem ajudar na compreensão e prática da legislação. Esses profissionais são os da área de recursos humanos, de segurança do trabalho, médicos do trabalho.
A empresa que investe na acessibilidade passa a obter melhores resultados, não apenas do deficiente que poderá contratar, como de todos os demais trabalhadores.
Ela lembra, porém, que a busca da acessibilidade é um trabalho longo e pressupõe até mesmo uma mudança cultural dentro da empresa.
“Os empregados precisam aprender a ver a pessoa com deficiência como um companheiro, apenas com uma limitação por não enxergar bem, por ter dificuldade de locomoção ou um membro atrofiado, mas que pode e deve ser tratado como um trabalhador comum”.
O simpósio do Sinicesp irá das 9 às 13 horas, do dia 27, e será no auditório da entidade, à alameda Santos, 200, 9º andar, em São Paulo.
Mais informações para a imprensa (11) 5533-8781 com Luchetti
Fonte: Revista O Empreiteiro