Corrida contra o tempo aguça polêmica na economia

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Nildo Carlos Oliveira

Há dúvidas que as obras de infraestrutura para aqueles eventos internacionais, aqui no Brasil, sejam concluídas a tempo. O medo é que se repita o exemplo da África do Sul:
congestionamentos de trânsito, obras inacabadas e apagões

Descoordenação, pressa, cartolas batendo cabeça, empreendedores privados perplexos diante do que fazer, quando tudo é prioritário. Nesse cenário desenhado pela falta de planejamento, com os prazos batendo à porta, quando é preciso serenidade para ajustar as peças do quebra-cabeça, o governo arranca da manga do colete a solução mágica: institui a Autoridade Pública Olímpica, APO, e, com ela, cria, de saída, 496 cargos remunerados e autoriza a realização de pregões eletrônicos para obras de engenharia, como se estivesse realizando concorrência para comprar produtos acabados num supermercado.

Os riscos, em razão da inevitabilidade dos prazos fixos – a Copa do Mundo em 2014, a Olimpíada, em 2016 e agora, já no ano que vem, a Olimpíada Militar – parecem superiores à capacidade do governo de administrar o que necessita ser feito.

O temor procede diante de exemplos visíveis. Para os jogos olímpicos de Pequim, em 2008, os custos superaram as mais extremadas expectativas: US$ 34 bilhões, segundo o Comitê Organizador. Só no Estádio Nacional de Pequim, batizado como Ninho de Pássaro, foram gastos US$ 400 milhões de dólares. E, embora as autoridades do país e da Olimpíada dissessem, na época, que as estruturas para o evento jamais se transformariam em elefantes brancos, não há, até agora, provas de que eles venham sendo outra coisa.

Além desse exemplo, há o da África do Sul, o mais recente. Nem sequer é necessário estar naquele país para ver o que ali está acontecendo. A televisão se encarrega de fazê-lo toda vez que exibe a imagem das cidades, sobretudo, a de Joanesburgo: operários das empresas de engenharia e do governo trabalhando nos serviços adicionais para concluir os acessos viários; a escassez de energia elétrica em bairros densamente povoados, enquanto os estádios dispõem de iluminação abundante; congestionamento monstro de veículos e multidões se movimentando a pé na direção das arenas esportivas, por causa da precariedade dos acessos e da falta de transporte público satisfatório. E, no bojo dessas condições, a insegurança generalizada, com a ocorrência de assaltos e seqüestro até de um empresário brasileiro.

Embora as obras para a Olimpíada de Londres, em 2012, venham sendo citadas como um modelo a ser observado, o fato é que na fleumática cidade europeia um pisca-alerta começa a chamar a atenção: o orçamento das construções já se encontraria 170% acima dos valores inicialmente divulgados. E a preocupação é de que, conforme matéria publicada aqui nesta revista (OE 481), o show pirotécnico represente um golpe de mestre contra o bolso dos britânicos nos anos futuros.

Mas não é preciso citar exemplos externos. As obras para os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, com gastos superiores a R$ 3,5 bilhões, embora a prefeitura carioca insista em afirmar que eles chegaram apenas ao teto de R$ 1,3 bilhão, não resultaram até aqui em legado significativo para a cidade. Equipamentos esportivos, com raras exceções, acabaram abandonados ou vêm sendo absolutamente subutilizados.

Agora, com os prazos dos próximos eventos esportivos apertando os orçamentos e os cronogramas de obras, a situação apresenta uma série de complicadores. E a engenharia, colocada no centro das discussões, dá margem a polêmicas, como a que ocorreu no dia 25 de maio último na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), durante encontro ali realizado pela revista O Empreiteiro e pela Totvs.

O cenário para a engenharia

O encontro no Rio começou com uma exposição feita pelo engenheiro Luiz Fernando dos Santos Reis, presidente do Sindicato Nacional da Construção Pesada (Sinicon). Ele disse que a cidade terá a oportunidade de sediar três dos mais importantes eventos esportivos do mundo: a Olimpíada Militar de 2011, a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Para isso, são necessários volumosos investimentos nas arenas esportivas, na infraestrutura local, incluindo aeroportos e os da mobilidade urbana; na indústria hoteleira, telecomunicações, segurança e saneamento e saúde.

Para os jogos Mundiais Militares, o Ministério da Defesa prevê investimentos de R$ 1,27 bilhão. Esses recursos se destinariam a melhorar as condições dos estádios e ginásios do Pan-2007, em especial o Parque Aquático Maria Lenk, usado basicamente para o nado sincronizado em 2007 e para o Troféu Maria Lenk de natação, em maio de 2008; o velódromo, até hoje subutilizado; o centro de tiro e o Maracanãzinho. Além dessas instalações, estão sendo construídas vilas militares para funcionar como vilas olímpicas. Elas deverão abrigar cerca de 7 mil atletas.

Para a Olimpíada de 2016, o Maracanã terá de receber modificações nos acessos viários e nas instalações internas. A previsão é de que receba uma nova cobertura. E, para atendimento das exigências da Federação Internacional de Futebol, vai precisar criar, no mínimo, 14 mil vagas de estacionamento.

Um gargalo, tanto para a Copa quanto para a Olimpíada, serão os aeroportos. Levantamento do Portal 2014 dá conta de que a Infraero adiou os investimentos para nove dos 13 aeroportos internacionais que deverão receber os turistas durante a Copa do Mundo. A situação pode ser considerada preocupante, se levado em consideração o fato de que o Ministério do Esporte calcula em mais de 600 mil turistas estrangeiros e 3,1 milhões de turistas brasileiros o número de pessoas que se movimentarão pelo Brasil afora durante aquele evento.

Os aeroportos internacionais de Belo Horizonte (Confins), Brasília (Juscelino Kubitschek) e São Paulo (Guarulhos/Cumbica), que concentrarão a maior parte das operações de embarque e desembarque, estão com as obras atrasadas. Os aeroportos de Manaus, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre e Campinas também se encontram com problemas semelhantes.

Os organizadores do evento esportivo acreditam que o caso mais grave seja o do Aeroporto Internacional de Guarulhos/Cumbica. Não é de hoje que ele vem operando acima da capacidade. O Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias calcula que o fluxo de movimento haja sido da ordem de 21,6 milhões de passageiros ao longo de 2009. Seriam 1,1 milhão de passageiros acima da capacidade prevista.

Luiz Fernando fixou-se, no entanto, na questão específica dos aeroportos cariocas. Disse que o investimento para o Aeroporto Internacional Tom Jobim é de R$ 810 milhões. O dinheiro se destina às obras de ampliação das duas pistas para operação das aeronaves A380; reforma dos terminais 1 e 2; aumento da capacidade do aeroporto para 20 milhões de passageiros/ano; construção de duas áreas de estacionamento com capacidade total para 6 mil veículos; construção de um armazém adicional de logística com 12 mil m² e construção de dois terminais satélites, chegando à capacidade de 25 milhões de passageiros/ano.

Quanto ao tradicional e histórico Aeroporto Santos Dumont, o volume de investimento é surpreendentemente zero. Daí, o questionamento que o presidente do Sinicon levantou: "Por que investimento zero? O Santos Dumont não precisa de investimento? Vai receber o movimento da Copa e, depois, o da Olimpíada, do jeito como está?" Atualmente o embarque de passageiros se processa no edifício novo e climatizado, seguindo aos aviões pelos fingers. O desembarque, entretanto, é feito com ônibus que deixam os passageiros no prédio antigo, repleto de tapumes que fecham os espaços das lojas transferidas para o prédio novo.

O mais curioso, segundo ele, é o que vem sendo noticiado. Dizem que ali, em vez de obras permanentes, condizentes com a história e a arquitetura do mais belo aeroporto doméstico do País, serão construídas estruturas com elementos metálicos. Seriam arremedos de construções, adaptações temporárias realizadas em seis meses para atendimento da demanda, sem a preocupação de se fazer alguma coisa consistente e definitiva.

Ele destacou obras em outros segmentos. Por exemplo: ampliação e adequação da rede hoteleira. Deverão ser oferecidos cerca de 8 mil leitos, o que corresponderia a aproximadamente 20 novos hotéis, com 250 quartos, alguns na categoria cinco estrelas, mas a maior parte na categoria três estrelas.

A disponibilidade de leitos estará distribuída entre mais de 13 mil quartos de hotel, mais de 25 mil quartos nas vilas esportivas e mais de 8,5 mil cabines em seis navios de cruzeiro, que estarão atracados na zona portuária.

A previsão é de que seja construída a Vila da Mídia. Será, pelo plano original, na Barra da Tijuca, ao lado do Parque Olímpico. Absorverá recursos da ordem de R$ 1,7 bilhão e será da responsabilidade da iniciativa privada. Já a Vila Olímpica, também a ser construída na Barra, em área de 75 hectares, exigirá investimentos de R$ 855 milhões, por parte da iniciativa privada. E, além desta, serão feitas mais três vilas de acomodação: no Maracanã, com 1.238 quartos em 480 apartamentos; no Porto, com 1.840 quartos em 844 apartamentos e em Deodoro, com 1.224 quartos em 408 apartamentos. Os investimentos privados para essas obras somam R$ 111,6 milhões.

Luiz Fernando chamou a atenção para obras em outros segmentos, tais como telecomunicações, segurança, saneamento e saúde e a necessidade da estruturação do setor público para viabilizar recursos, planejamento, gerenciamento, fiscalização e licenciamentos ambientais; e do setor privado para mobilizar escritórios de arquitetura, empresas de engenharia, instituições bancárias, seguradoras e a rede da indústria hoteleira.

Ao final, mencionou a medida provisória do governo federal que criou a Autoridade Pública Olímpica. A APO nasce com poder para influenciar o andamento das obras de infraestrutura aeroportuária, promover pregões eletrônicos, assumir planejamento, coordenação e execução dos serviços e de até realizar novas licitações; inverter fases dos procedimentos licitatórios para aquisição de bens e de contratação de obras e serviços e adotar outras providências que julgue necessárias para não atrasar o cronograma.

É nesse cenário que a engenharia terá abrir caminho seguro a fim de não ficar a reboque das improvisações provocadas pela falta de planejamento e de gerenciamento adequados.

Muitas frentes simultâneas a serem atacadas

O engenheiro Francis Bogossian, presidente do Clube de Engenharia, reconhece: as obras no Rio compreendem múltiplas frentes simultâneas a serem enfrentadas. Há engenharia para isso. Mas, é necessário planejamento e gerenciamento.

"Seis anos parecem muito tempo, mas não é quando se fala de obras de infraestrutura. A Olimpíada de 2016 já está em nossa porta, sem falar na Copa de 2014 e nos Jogos Mundiais Militares", advertiu ele.

Bogossian disse que a prefeitura carioca deu os primeiros passos nas obras destinadas a receber os turistas. Iniciou aquelas relativas ao projeto Porto Maravilha, que devem ser concluídas até 2013. A Linha Vermelha está sendo recuperada, ganhando nova pavimentação e barreiras de proteção lateral; está em andamento a dragagem do Canal do Cunha, e há serviços de melhoria no entorno.

A prefeitura criou o Instituto Rio 2016, destinado a se relacionar com agentes nacionais e internacionais e a monitorar as ações do projeto olímpico. Caberá a ele acompanhar o cronograma das obras dos três corredores expressos do sistema Bus Rapid Transit (BRT). São eles o TransCarioca, entre a Barra da Tijuca e a Penha; o TransOeste, entre a Barra e Guaratiba e o TransOlímpico, que vai ligar a Barra a Deodoro. Nos dois primeiros corredores, os editais foram publicados em abril último, mas as licitações estão suspensas. E, no caso do TransOlímpico, o edital prevê a modalidade de Parceria Público-Privada. Ficou sob consulta pública até o dia 11 deste mês (junho). Caso essas obras sejam efetivamente iniciadas este ano, poderão estar concluídas até 2015.

Ainda na área de transporte, ele observou que o começo das obras da Linha 4 do metrô, entre a Barra da Tijuca e a Gávea, estava previsto para final de maio último. Elas precisam ficar prontas em início de 2016, a fim de que o metrô venha a funcionar em junho daquele ano. Contudo, há um pormenor preocupante: essas obras estão com 12 anos de atraso.

Em relação aos equipamentos esportivos, essenciais à realização da Olimpíada, Bogossian ressaltou que, por enquanto, nada aconteceu. O Comitê Olímpico acaba de aprovar a proposta da prefeitura para a transferência da Vila de Mídia e da Vila dos Árbitros, da Barra para a Zona Portuária. Essa transferência teria o sentido de revitalizar aquela área carioca. Tudo, no entanto, se encontra no papel.

Ele disse que, mesmo considerando as estruturas deixadas pelos Jogos Pan-Americanos de 2007, ainda precisarão ser construídos a Vila Olímpica e Paraolímpica; quatro halls do Centro Olímpico de Treinamento (CFOT), Centro Olímpico de Tênis, Estádio Olímpico de Desportos Aquáticos, Centros de Radiofusão e Imprensa, Arena de Deodoro e os Centros Olímpicos BMX e Canoagem. Eles somam investimentos superiores a US$ 2 bilhões.

Além dessas instalações, o Estádio do Maracanã precisa estar pronto em 2013 para a Copa do Mundo. As obras, de responsabilidade do governo do Estado, já estão atrasadas.

Outros dados que ele colocou para o público, no auditório da Firjan: o programa de despoluição da Baía de Guanabara, iniciado em 1995, até hoje não foi concluído, apesar do investimento da ordem de US$ 1 bilhão. O Estado do Rio negocia novo financiamento com o BID, no valor de R$ 1,3 bilhão, para ver se, desta vez, a coisa vai. O dinheiro se destinaria ao saneamento da Baía de Guanabara e à recuperação ambiental das lagoas da Barra e Jacarepaguá.

São várias as frentes de obras. Executá-las com qualidade, só com rigoroso planejamento e ações cuidadosas e rápidas de gerenciamento. Apesar disso, Bogossian se revela otimista. Um otimismo que outro participante do encontro, o arquiteto Leon Myssior, vice-presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco) e coordenador do Fórum Time dos Arquitetos da Copa, estava longe de demonstrar.

Não a tudo que é temporário

Leon Myssior disse que o Sinaenco está definitivamente engajado nas questões da Copa – e da Olimpíada – mesmo antes que os dois eventos fossem anunciados. Tanto que a perspectiva dos arquitetos e dos engenheiros reunidos nas empresas associadas tem se voltado para o futuro – o legado pós-Copa e pós-Olimpíada.

Com a visão dirigida para essa perspectiva, a entidade verificou que a base para os diversos programas de obras era bastante preocupante. E, de tal modo preocupante, que não hesitou em se contrapor, de imediato, através do Fórum Time dos Arquitetos da Copa, à manifestação de Ricardo Teixeira, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que atribuiu aos projetos a responsabilidade pelo atraso nas obras dos estádios brasileiros das cidades-sede.

Ele informou que a Fifa, através do Comitê Organizador Local (COL), vem solicitando, em função de recentes acordos comerciais com fornecedores e parceiros, alterações nos projetos já aprovados. Às vezes são pequenas mudanças que, somadas, criam complicadores importantes.

Contudo, Myssior não se deteve nessas questões. Preferiu fixar-se na constatação de que os problemas, do ponto de vista de prazo e de comprometimento da arquitetura e da engenharia, podem constituir óbices futuros, uma vez que não devem ser legados à sociedade, depois do evento, obras que não espelhem a capacidade dos arquitetos e dos engenheiros brasileiros.

Ele surpreendeu o auditório ao salientar que a sua sensação particular era a de que "já falhamos. Temos de parar e olhar para o retrovisor. O País falhou em se organizar para a Copa. O que temos hoje, do ponto de vista de elementos disponíveis, não é suficiente para os projetos, para os processos de licenciamento ambiental e para a execução das obras. Falou-se aqui até de se recorrer aos pregões eletrônicos para projetos e obras de engenharia. Isso é uma irresponsabilidade."

E disse mais o arquiteto: "Não há tempo para se proceder a todas as fases e fazer a construção da maneira correta. Obras como as do metrô, não podem ser entregues de afogadilho. Tem de haver um período de pré-operação, para se realizar os ajustes. E insisto em dizer que falhamos porque deixamos que o processo se politizasse em excesso. De nada adianta a criação, agora, da Autoridade Pública Olímpica, nos moldes em que foi instituída. Órgão análogo criado em Londres com esse fim, a Olimpic Delivery Authority (ODA), funciona bem, porque é um organismo central e multilateral. O gerenciamento dos projetos foi contrato com empresas de consultoria com larga experiência. Além disso, Londres conseguiu colocar as obras à frente do cronograma."

O arquiteto Alfredo Britto, do IAB-RJ, que há décadas vem trabalhando em favor da melhoria da qualidade de vida carioca, e em favor do patrimônio histórico do Rio de Janeiro, referiu-se ao encontro como uma oportunidade para se superar um problema cultural antigo no País: a descontinuidade das obras. "Os países desenvolvidos dão continuidade a suas obras, seguindo os projetos, o planejamento. Nós, no entanto, temos esse viés cultural de mudar tudo, quando mudam os governos".

Ele disse estar preocupado com o dia seguinte: o que ficará para a sociedade, depois do evento. E citou o caso do Porto Maravilha, talvez o maior projeto de revitalização da zona portuária carioca, salientando: "Até esse conjunto de obras foi planejado em gabinete".

"Estão", concluiu Britto, "noticiando que haverá obras sem licitação, sem nada. Não podemos abdicar do planejamento e a sociedade precisa ser mobilizada e precisa saber dos passos que estão sendo dados para as obras que são importantes para o conjunto da população".

No fundo, a ideia da mobilização da sociedade, através das entidades da arquitetura e da engenharia, foi acolhida pelos participantes. Mas o que existe de concreto, hoje, é uma corrida contra o tempo. E, quando essa corrida acontece, a qualidade da engenharia é colocada em xeque, cabendo a ela estruturar-se para não ficar a reboque das improvisações e da mediocridade. Barcelona, com a Olimpíada de 1992, continua a ser o melhor exemplo a ser seguido, na concepção, construção e legado das obras de infraestrutura para a sociedade.

Certificação trará economia para as arenas

Primeira certificação brasileira para arenas e complexos espor

tivos multiuso poderá
resultar em economias de até 50% no consumo de energia elétrica e de água

A Fundação Vanzolini está lançando a certificação Aqua para arenas e complexos esportivos multiuso, concebida a partir do Processo Aqua para edifícios do setor de serviços. Com isso, as obras de construção e reformas de estádios e complexos multiuso no Brasil, com vistas à Copa do Mundo de 2014 e à Olimpíada de 2016, poderiam ser adequadas aos critérios de desempenho da Alta Qualidade Ambiental.

"Além da redução do impacto ambiental durante a fase de obras, será possível economizar até 50% no consumo de energia elétrica e de água", explica Luiz Henrique Ferreira, diretor da Inovatech, primeira consultoria Aqua no Brasil. As arenas de futebol, por exemplo, com grandes áreas de cobertura de arquibancadas ou mesmo dos campos, servem como uma imensa área de captação de chuva. "Além da utilização da água de chuva em vasos sanitários, essa água poderá servir para irrigação de gramados, no caso dos estádios, e para lavagem de áreas comuns e quadras no caso de complexos esportivos", destaca Ferreira.

"A certificação aborda as mesmas 14 categorias de desempenho do processo, distribuídas em quatro grupos: eco-construção, eco-gestão, conforto e saúde", explica o professor Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do Processo Aqua, na Fundação Vanzolini. Na prática, os objetivos de desempenho requerem desses projetos a redução nos impactos ambientais, considerando os materiais utilizados nas obras, o projeto, o processo construtivo, os equipamentos e sistemas, e a fase de uso do empreendimento, com ênfase em economia de água, energia, gestão de resíduos e facilidade de manutenção. Além disso, em todas essas etapas, estes objetivos também requerem o desenvolvimento de condições ideais de conforto e saúde dos usuários, sejam eles atletas, público, dirigentes, jornalistas, administradores, funcionários e todos os demais usuários.

Por suas características, as arenas e complexos esportivos multiuso necessitam de atenção especial à acessibilidade e segurança, condições apropriadas de deslocamento do público, qualidade dos espaços externos, conforto e condições sanitárias adequadas para os usuários, durabilidade dos materiais e sistemas construtivos, facilidade de manutenção, planejamento da gestão de resíduos, condições de iluminação diurna e noturna adequadas, entre outros requisitos.

Os benefícios da certificação Aqua para este setor estão baseados em critérios de desempenho avaliados por meio de auditorias presenciais, demonstrando que a arena ou complexo esportivo multiuso realmente foram planejados, projetados e construídos de forma a obter condições ótimas de redução dos impactos ambientais e de consumo de água e energia elétrica, fazendo o melhor aproveitamento dos recursos e promovendo conforto e saúde dos usuários. Além da redução do consumo de água e energia, as economias geradas pela certificação virão também da diminuição dos custos de manutenção e limpeza.

Fonte: Estadão


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