Maior produtividade, reduzindo despesas indiretas, menor utilização de mão-de obra –da ordem de 40% –, redução de desperdícios de matérias e maior rapidez na execução das obras. Essas são algumas das vantagens da utilização de estruturas metálicas em substituição às estruturas em concreto moldadas “in loco”, que levaram a WTorre a adotar essa tecnologia em um dos seus mais novos empreendimentos, o Edifício Nações Unidas, composto por duas torres em construção na Marginal Pinheiros, em São Paulo.
Os dois prédios – um com 13 e outro com 10 pavimentos, e ambos com quatro níveis de subsolo, somam 65.000 m² de área construída e têm previsão estrutural para a instalação de helipontos. O acabamento da fachada será em vidro, madeira especial tratada e Alucobond, painel composto por duas lâminas de alumínio com um núcleo de polietileno.
Trata-se de um empreendimento imobiliário voltado para a locação, tendo como público-alvo prioritário as empresas corporativas.
O projeto prevê a construção de uma terceira torre, com 17 pavimentos, mais casa de máquinas e cobertura. O empreendimento depende ainda do fechamento de uma parceria com outra empresa, cujo nome a WTorre não revela.
As obras foram inicidas em dezembro de 2006 e deverão ser concluídas em junho próximo. Um das torres, a menor, já se encontra 100% alugada.
Até o início de fevereiro, 100% das fundações já estavam concluídas, bem como 50% da alvenaria; 80% da estrutura metálica também já estavam prontas e 40% das instalações elétricas e hidráulicas tinham sido entregues. A cobertura estava 60% pronta e o piso, 80% concluído.
O fornecimento das estruturas metálicas ficou a cargo da Codeme Engenharia, também responsável pela cobertura. De acordo com o engenheiro Rodney Pegoraro, da Codeme, todo o aço utilizado nas estruturas metálicas é de alta qualidade, produzido por empresas como a CSN, Usiminas.
O sistema construtivo é constituído por pilares metálicos de montagem envoltos por concreto armado, o que vem a ser um pilar misto (Aço e Concreto). O vigamento é composto pelo sistema de vigas mistas. Nas lajes utilizamos o Steel Deck MF-50 com concreto de densidade de 1.800 kg/m3 nos pavimentos tipos e 2.500 kg/m3 nas garagens. A estabilidade da estrutura foi feita através de núcleos de concreto armado, envolvendo as caixas dos elevadores.
De acordo com o engenheiro Lucio Vitor Soares, da WTorre, esses serão prédios auto-sustentáveis, com estrutura para captação de água de chuva e de lençóis freáticos para o sistema de ar-refrigerado, e lavagem de garagens, entre outras finalidades. O próprio sistema de ar-refrigerado central será mantido 50% com energia elétrica e 50% com gás natural.
Análise detalhada
A decisão de construir os prédios utilizando estrutura metálica em vez da estrutura convencional, em concreto armado, foi fechada pela WTorre em dezembro de 2006, como resultado de um processo de discussão de cerca de três meses com a Codeme. “Nós analisamos todas as alternativas possíveis do ponto de vista das viabilidades técnicas e econômicas, ponderamos sobre cada vantagem e desvantagem de alternativas de construção civil como estruturas metálicas, estrutura de concreto convencional, estrutura de concreto mista (parte pré-moldado e parte moldado in loco), laje plana protendida etc.
A essa altura já tínhamos definido o projeto básico e o conceito arquitetônico do prédio, de forma que se adaptasse a qualquer uma das alternativas escolhidas, com pequenas variações. Até que, depois de exaustivas reuniões com a Codeme, nos convencemos de que a estrutura metálica seria a melhor opção”, revela Lucio Soares.
Segundo o engenheiro, o fator que mais pesou na decisão foi o cronograma da obra. “Em um empreendimento com esse tipo de perfil, é fundamental a velocidade na execução. Quanto mais rápida ela se completa, mais rapidamente também se dá o retorno do investimento, que permite à empresa refazer mais cedo a estrutura financeira do projeto.
Além disso, se a obra demorasse mais três meses, que seria o tempo adicional calculado caso tivéssemos optado pela estrutura moldada in loco, maiores seriam os custos indiretos. Ao subir uma estrutura metálica, completando sua concretagem, você libera aquele segmento para a execução de um grande volume de trabalhos. Em pouco eu tenho condição de lançar tudos de ar-condicionado, de instalações elétricas e hidráulicas. Todo o processo corre mais rapidamente, diferentemente da estrutura de concreto”, analisa o engenheiro.
Essa agilidade foi importante para compensar um atraso inesperado na primeira etapa da obra: o lançamento das fundações. Lucio Soares conta que nessa etapa os técnicos da WTorre foram surpreendidos pela descoberta de um volume de rocha local muito superior do que o previsto. “Era um volume muito grande de granito de alta resistência.
Por ser uma região densamente povoada, não pudemos usar explosivos no processo de demolição. A rocha foi cortada com a utilização de argamassa expansiva, perfuratizes e marteletes, um contratempo que teria impactado de forma negativa nosso cronograma, se não tivéssemos compensado isso posteriormente, com o uso das estruturas metálicas”, explica o engenheiro.
Ele faz uma análise comparativa das principais vantagens e desvantagens da utilização dessa tecnologia, em comparação ao método convencional.
Fonte: Estadão